Olimpia, 14 de Maio, 2017 - 13:50
Não coloquem raposas esfaimadas em galinheiros indefesos...
Educação
* Já imaginaram, meus caros leitores, uma escola (sim, escola!) sem paredes, sem as (quase sempre ruins!) apostilas didáticas, sem fileiras nas salas de aula?
* Uma escola (sim, uma escola!) debaixo de uma mangueira, e o conteúdo decidido pela comunidade?
* Tião Rocha é quem diz: “Paulo Freire deixou de ser uma pessoa e virou pra nós um verbo: ‘Paulo Freirar’! Ao contrário do Evangelho de São João, que diz que o ‘verbo se fez carne’, um homem se fez verbo e educou todos nós”.
* Rocha é fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), e a escola “paulofreiriana” fica em Curvelo, nas Minas Gerais – 170km de Belzonte.
* Entusiasta do método de Paulo Freire, Tião Rocha é um dos grandes homens desse Brasil varonil, terra devastada por inúmeros corruptos (homens e mulheres), assolada pela ganância de gente desonesta, inescrupulosa, irresponsável e inconsequente: um péssimo exemplo para todos os brasileiros de bem (e do Bem).
* Tião diz mais: “Estabelecemos, então, que o verbo ‘Paulo Freirar’ só se conjunga no presente e significa não perder o foco. Não é um método, é olhar o outro por seu lado positivo, de forma solidária, um aprendizado permanente de troca”.
* Realmente, Tião, não é um método, é uma forma de ser e estar no mundo, uma filosofia de vida, a humanidade realizando-se em sua plenitude, um ato de amor extremado.
* Além do Jardim! A Escola da Ponte (Portugal) é outro modelo de inspiração “paulofreiriana”. O educador José Pacheco, fundador da Escola da Ponte, onde “os pilares (Pacheco é grande admirador de Paulo Freire) são a educação baseada em diálogo e o empoderamento dos alunos”. Há muitas outras escolas mundo afora que reproduzem o método criado por Freire.
* Na escola da Ponte, “os conteúdos são desenvolvidos por pesquisa: cada aluno segue seu ritmo e está sempre trocando experiências com os colegas. A escola não é dividida por turmas por série – nem tem aulas com horário fixo para casa disciplina”.
* O método de Paulo Regius Neves Freire compõe-se de três pilares (“etapas”): etapa de investigação; etapa de tematização e etapa de transformação.
* Na sociedade, onde o aluno vive, palavras e temas centrais de sua biografia são investigados pelo professor e pelo aluno, palavras e temas ‡são codificados e decodificados (pelos aluno e pelo professor) em busca de seu significado social, tomando consciência, assim, do mundo (realidade) vivido; de uma primeira visão (“mágica”) do mundo (consciência ingênua), chega-se, então, a uma visão (reflexa) critica do mundo: daí parte-se para a transformação (é a palavra mais importante quando o tema é educação) do contexto vivido.
Outras Notas
* Com Emmanuel Macron voltaram à baila a palavra globalização e, consequentemente, uma polarização entre globalistas e nacionalistas (aqui entre coxinhas e petralhas – na verdade, uma besteira).
* De um lado o Em Marche! De Maeron, do outro, a Frente Nacional de Marine Le Pen.
* Segundo Le Pen, Macron é o candidato das elites (favorecidas pela globalização), ela, porém, é a “patriota” que defende os interesses do “povo”, segundo ela mesma. Ela é modesta!
* A obtusa dictomia entre direta e esquerda (que continuará a existir para todo o sempre, quer queiram, quer não, pois que sempre existiu (desde que o mundo é mundo, com outros nomes e cores), hoje, nos países ocidentais desenvolvidos, deu lugar à polarização globalistas (Macron, no caso) e nacionalistas (no caso, Le Pen).
* Essa polarização já aparecera no Brexit (quando o Reino Unido votou pela saída da União Europeia e na eleição de Donald Trump. Os simpatizantes de Le Pen falavam em Frexit (saída da França da EU). Macron teria chegado para quebrar esse paradigma?
* Camaleão? Como Macron conseguiu se apresentar como o candidato globalista e, ao mesmo tempo, o político antissistema quase ninguém entendeu até agora. Os analistas políticos estão queimando as pestanas para entender a façacha do jovem e carismático Emmanuel Macron, novo presidente da França.
* Contradições macronianas, à parte, em sua bem sucedida campanha ao Eliseu, Emmanuel resumiu a ópera (com inteligência e elegância): disse que é a favor do “melhor da esquerda, o melhor da direita e, inclusive, o melhor do centro”. Discurso que conquistou todas as platéias. E deu no que deu.
* Agora é moda: ser o “outsider” das campanhas políticas. Outros, também, em outros países, foram eleitos como o que era o novo, mas a expressão “outsider” tornou-se, da noite pro dia num bem talhado chavão. Apenas isso.
* Alguns analistas políticos viram em Macron o candidato que se aproxima da “Terceira Via” de Tony Blair: economicamente liberal e social-democrata nas políticas públicas. Um achado e tanto.
* A verdade é uma só: Macron tem problemas gravíssimos a resolver na França. Desafios e mais desafios político-sociais pela frente.
Certas Notas
* Sobrou para a Polícia Federal: investigar o jogo (desafio?) da Baleia Azul.
* Só uma perguntinha: O que fizeram policiais (da polícia do sr. Doria) com aquele senhor morador de rua (é chique falar “em situação de rua”) – as cenas tristes, convardes e lamentáveis, sob qualquer ponto de vista, foram gravadas por um jovem (corajoso!) que passava pelo local. O homem (em situação de rua) chegou a ter o punho quebrado. Se aquilo não for abuso de autoridade, o que mais, então, seria?
* Macron é o nome do momento no cenário mundial. Não tem jeito de não falar dele. Donald Trump, Michel Temer e Theresa May já se manifestaram publicamente: querem trabalhar com o jovem presidente (o moço de Amiens). Mas a fã número um de Emmanuel é mesmo a sra. Ângela Merkel.
Quaisquer Notas
* Meus senhores e minhas senhoras, apertem o cinto: o piloto e o copiloto sumiram: o Japonês da Federal, o sr. Newton Ishii, é possível candidato à Câmara dos Deputados.
* A lei antiabuso (contra abuso de autoridade) volta-se quase que exclusivamente a possíveis abusos do Judiciário. A lei (que visa a punir abuso de integrantes do Legislativo, do Executivo e do Judiciário) não “atinge” plenamente a parlamentares ou secretários de Estado. “Os tipos penais, na grande maioria, não alcançam parlamentares ou secretários de Estado”, conforme Rodrigo Chemin, procurador de justiça e autor do livro Mãos Limpas e Lava Jato – A corrupção se olha no espelho.
* Pena que a corrupção se olhe no espelho e só consiga ver a cara da esperteza, do cinismo, do escárnio e do deboche. E não se envergonha disso. Uma imagem terrível refletida num espelho de vaidade, ganância e assalto aos cofres públicos. Tenho vergonha desses senhores. Será que conseguem olhar dentro dos olhos de seus filhos e netos, enfim, de sua família? E dormir o sono dos justos? Definitivamente, não!
* Joel Pinheiro da Fonseca (economista, mestre em filosofia e colunista da Folha de S. Paulo) comenta, Época, maio 2017, pp. 70-72, fala da carta escrita pelos professores do Colégio Santa Cruz, apoiando a greve geral do dia 28.
* Alunos do mesmo colégio escreveram um manifesto discordando da atitude de seus professores. Joel critica a carta dos professores e bota nas alturas a réplica dos alunos. O título da matéria: Quando os discípulos SUPERAM seus mestres.
* O sr. da Fonseca foi aluno do Santa Cruz por 11 anos. Em seu texto, ele diz que os alunos enfatizam a importância do debate sobre fatos. Os professores teriam preferido os slogans: “longas citações de autoridades (papa Francisco, padre Charboneau e Lacordaire).
* E mais: Joel diz que as citações têm uma só finalidade: “o apelo emocional de que precisamos proteger os direitos da população. “E a premissa implícita de que quanto mais ampla a legislação, melhor eles (quem?) estarão protegidos”.
* Em tempo: O padre Charboneau foi um dos fundadores do Santa Cruze Lacordaire é um filósofo Católico do século XIX.
* A carta dos estudantes, segundo da Fonseca, levanta pontos relevantes sobre as reformas governamentais.
* Concordar com os alunos ou deles discordar não é bem o cerne da questão. Podemos, no entanto, apreciar (avaliar) os argumentos “tão sólidos” dos estudantes (bem didaticamente!):
* Segundo vários estudiosos, não há déficit da Previdência, “benesses do funcionalismo público” (que benesses? Quem as recebe?. Existe, sim, um bando de marajás no funcionalismo público, mas a maioria dos servidores públicos recebem salários de fome (inclusive, meus diletos estudantes, os professores). Quanto aos gastos da Previdência, o lugar é comum, chavão, clichê: a massa, o povo recebe uma ninharia (após anos e anos de trabalho e uma luta sem fim na hora de se aposentar); quem recebe “fortunas da Previdência é um grupo privilegiado de beneficiários – muitos se aposentaram antes dos 55 anos. E quanto aos “aspectos regressivos da Previdência”, o autor não apontou nenhum que tivesse sido apresentado pelos estudantes , que “superaram seus mestres”.
Resumo da ópera! “Apenas afirmação de boas intenções, abnegada preocupação com a justiça social” (como se isso fosse pouco) = carta dos docentes, segundo Joel Pinheiro da Fonseca.
“Enfrentamento direto das questões em jogo, usando dados e fatos” = carta dos estudantes”, idem.
* E eu pergunto ao sr. Joel: O sr. não falou se a carta dos alunos aponta o rombo da Previdência nem quem causou tal rombo? Acaso, foram os aposentados, que recebem um salário mínimo por mês? Quem foi, sr. Joel, que “rombou” a Previdência?
Contradição: Fala o sr. Joel: “... desde que a reforma foi proposta, ela vem sendo cada vez mais mutilada para servir a interesses particulares e reduzindo os enormes ganhos que a proposta original trazia, por exemplo, para acabar com os privilégios do funcionalismo”.
* Só esse fato (citado pelo próprio autor do texto) já seria um motivo para a adesão (ou apoio) à paralisação dos docentes no dia 28, ou seja, a mutilação do texto original da reforma, que, segundo Joel, beneficia interesses particulares e reduz (“enormes”) ganhos da proposta primeira. Os alunos usaram esse argumento em sua missiva? Enfim, vale o debate. Mas não o debate caolho. Alunos têm razão; os srs. professores também. A saída? Vamos ao debate!!!
Cumpadres
Bom-dia, meus amigos. A vida é bela! A coluna, hoje, é em homenagem a Tião Rocha, educador freiriano, lá em Curvelo nas Minas Gerais.
Cortina
Diz revista de circulação nacional: a Odebrechet abriu a caixa-preta da Copa e da Olimpíada. As delações (colaborações?) premiadas incriminam... Sérgio Cabral, Eduardo Paes e Luiz Fernando Pezão Que novidade!!! Pano rapidinho...
Na Ponta da Língua
Corrigindo:
O médico que confio... O médico em que (quem) confio, no qual confio.
Uma vítima fatal. Não existe essa expressão em bom português: fatal é a causa de existir uma vítima: um tiro, um acidente podem ser fatais. A vítima não é fatal. Nunca.
Ortografia e sentido: ao nível de = à mesma altura; em nível de = hierarquia ‡Á cidade fica ao nível do mar. Essa questão será resolvida em nível de governo federal.
Ao encontro de = aproximação; de encontro a = posição contrária.
“Meu pensamento voa ao encontro do seu”. Minhas ideias vão de encontro às suas.
Obs.: Na letra da canção: Meu pensamento voa de encontro ao seu. Não significa o que o autor pretendia: o sentido de aproximação; aqui o sentido é de posição contrária.
Se não/Senão
Se não chover iremos à festa (caso não). Se não estudar, não conseguirá vaga na faculdade.
A quem devemos recorrer senão a Deus? (exceto)
Da terra
Studio Joaquim Emílio (Cabeleireiro Masculino). Vá conferir o trabalho (excelente) do Joaquim. Na galeria Cote Gil, sala 6. Um show de competência e ótima prestação de serviço. Cortes tradicionais e modernos. Atende jovens, adultos e crianças. E até o seu bebezinho. Sempre com muita higiene e cuidados especiais. Telefone: 99618-3939.
Mãe (in memoriam)
Sempre pensei que você fosse eterna. Tinha certeza disso. Eras meu apoio, meu amparo – luz que clareava meu caminho e a nossa casa, o teu jardim, as tuas rosas...
Como pensar que tu pudesses, um dia, sem dizer adeus, partir?
Procurei ser forte, abandonei-me nos braços de Deus. E continuei a minha luta (que falta tu me fazes!).
Sinto saudade, não tenho nem guardo nenhuma tristeza. Sou feliz. Tu me ensinaste a ser feliz.
Ah!Teus Jardins estão cobertos de flores tão belas. E que estarão mais belas ainda amanhã: eu sei disso.
Sei, perfeitamente, que deixaste muito mais do que levaste contigo: lições diárias sobre as coisas belas da vida (tu foste a minha melhor e mais sábia mestra, sem nunca ter ido à escola). Tu eras (e és) iluminada!
Estamos vivendo dias conturbados, andam confusas as pessoas (esfriou esses dias).
O outono varre as folhas das calçadas, as folhas que se deixam largar dos galhos para serem folhas novamente. É a lei do mundo, a ordem natural de tudo...
A água-marinha brilha nos olhos do Neno, seu gato querido (o Dick, a senhora não conheceu: é lindo!).
Não sei onde tu andas agora, mas sei que onde quer que estejas, olhas por tua casa e pelos teus filhos. Eu preciso acreditar nisso. E eu acredito.
Um beijo em sua face (de pêssego) e em tuas mãos fortes – de pequeninos dedos frágeis. Eu te amo. Nós te amamos. Bom-dia, querida. Peço a tua benção.
Ivo de Souza é professor universitário, poeta, colunista, pintor e membro da Real Academia de Letras de Porto Alegre.
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