12 de outubro | 2021

“Passados Presentes” por que 1964 foi um golpe e não uma revolução

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Uma História da Leitura

Leitor voraz e ciumento, um grão-vizir da Pérsia carregava sua biblioteca toda vez que viajava, acomodando-a em quatrocentos camelos treinados para andar em ordem alfabética. Em 1536, a “Lista de Preços das Prostitutas de Veneza” anunciava uma profissional que se dizia amante da poesia e tinha sempre à mão algum livrete de Petrarca, Virgílio ou Homero. Na segunda metade do Século XIX, em Cuba, os operários de algumas fábricas de charuto pagavam a um lector, alguém que se sentava junto às bancadas de trabalho e lia alto enquanto eles manuseavam o fumo. Anos mais tarde, a ditadura de Pinochet baniu “Dom Quixote”, identificando ali apelo à liberdade individual e ataques à autoridade instituída. Reunindo experiências de todo tipo de leitor ao longo do tempo, “Uma História da Leitura” é uma homenagem fascinante a esta arte fundamental. Com introdução inédita no Brasil, esta nova edição recupera uma das obras-primas de Alberto Manguel. Com 432 páginas, o livro é da Editora Companhia de Bolso.

 

Passados Presentes

Rodrigo Patto Sá Motta apresenta aqui uma história da ditadura no Brasil organizada em torno de questões polêmicas centrais no atual debate público, que são analisadas ao longo de onze capítulos – por que 1964 foi um golpe e não uma revolução; as motivações dos golpistas; por que o regime instalado era de fato uma ditadura; o apelo moralizador e o uso político da “luta” contra a corrupção; o tão propagado milagre econômico e a sua problemática herança; entre outros tópicos que têm servido de baliza a projetos políticos antidemocráticos. De autoria de um historiador com anos de pesquisa e prática docente, somando conhecimento coletivo já produzido a reflexões baseadas em novas evidências documentais, esta é uma obra mais do que oportuna em tempos de fake news e ameaças autoritárias. Livre de aniqueísmos, “Passados Presentes” ajudará o leitor a compreender os principais aspectos e fases de um período nefasto que ainda precisa ser superado, para que não volte nunca mais. Com 336 páginas, o livro é da Editora Zahar.

 

Roberto Marinho

Roberto Marinho fez da televisão um fator identitário brasileiro. Magnata dos meios de comunicação e autor da linguagem que revolucionou a natureza da notícia no Brasil, esteve também na vanguarda modernizadora da indústria do entretenimento e de suas implicações sobre o jornalismo, para o bem e para o mal. Figura tão controversa quanto poderosa, o empresário transitou entre opostos e construiu um legado que gera admiradores e críticos até os dias de hoje. Neste volume da coleção “Perfis Brasileiros”, o jornalista Eugênio Bucci constrói um arguto panorama da vida de Roberto Marinho – desde o menino frágil que era alvo dos colegas na escola até o homem obcecado pelo poder e pelo combate – e desvenda algumas das principais características do proprietário do maior grupo de comunicação da América Latina, um dos empresários mais poderosos do país. Com 340 páginas, o livro é da Editora Companhia das Letras.

 

Agora Veja Então

O Sr. Sweet compõe em seu estúdio, enquanto a Sra. Sweet passa o tempo na cozinha escrevendo. Seus filhos correm pela grande casa que um dia pertenceu a Shirley Jackson. Contudo, a perfeita imagem da família tradicional americana é abalada quando o marido deixa a esposa por uma mulher mais jovem. Através dos fluxos de consciência de múltiplos personagens, Jamaica Kincaid mostra as angústias profundas que existem por trás de uma aparente perfeição. Uma análise ferina sobre as diversas maneiras como o transcorrer dos anos afeta um casamento, “Agora Veja Então” é um livro ao mesmo tempo singelo e potente. Os personagens, em confronto, se desesperam em situações cotidianas, suas mentes tentando entender linearmente uma realidade que aqui, de fato, não é linear. Escrevendo no passado, no presente e no futuro, Jamaica Kincaid faz da passagem do tempo sua principal ferramenta narrativa. Com 144 páginas, o livro é da Editora Alfaguara.

 

 

 

 

 

 

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