12 de agosto | 2018

Capitão do Moçambique diz que há oito anos não tem roupa nova

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Embora grande parte não tenha reclamado, muitas vezes com receio de se ver oprimido pela organização do evento, principalmente em relação a questões políticas, pelo menos um grupo apresentou neste ano, uma reclamação em relação às condições de vestimentas que usam. De acordo com Adelis Paula dos Santos (foto), 1.º capitão do Terno de Moçambique São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, do Jardim Santa Ifigênia, de Olímpia, a pelo menos oito anos eles não conseguem adquirir roupas novas para as suas apresentações.

Trata-se de um grupo praticamente familiar, mas que conta com a participação de alguns amigos mais próximos. Esse grupo, segundo revela Adelis Paula dos Santos, participa do Festival Nacional do Folclore (Fefol) desde o primeiro festival.

De acordo com Santos, ultimamente está difícil para manter o grupo em atividade por causa das despesas, por exemplo, o vestuário que usam. “Nós estamos vindo com uma roupa já faz mais de 8 anos. Ninguém consegue doar uma roupa para nós. Você tem cordoa­mento, tem lavagem de roupas, fitas. Todo ano você tem que estar comprando isso daí. Fica difícil, não é fácil não”.

Santos explica que o grupo que vem sobrevivendo desde o seu avô, mostra a importância e a relação da dança com a história da própria formação do povo brasileiro. “A dança vem da época dos escravos. É tradição de Angola. Os escravos usavam saia e dançavam descalços. Então, a gente usa a tradição deles. Além disso, usavam um chocalho ou dunguinha no pé”.

Segundo conta Adelis, se for comprar tudo para montar o grupo novamente, inclusive os instrumentos, vai ficar muito caro. “A gente está fazendo das tripas o coração para se manter com essa roupa velha mesmo”.

Porém, Adelis estima que, mesmo com toda essa importância, seu grupo está próximo de desaparecer. “É uma pena que estão acabando. A gente sente que está acabando. Calculo que não vai mais 2 ou 3 anos, acaba. Eles (comissão) não ajudam. Você vê para fazer uma escola de samba dão R$ 40 mil cada uma, todo ano. Eles (prefeitura) não dão R$ 10 mil para um grupo fazer uma roupa”.

 

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