07 de maio | 2007

‘Carvãozinho’ da cana-de-açúcar prejudica sistema vocal

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Além dos vários problemas respiratórios que aumentam muito a quantidade de internações hospitalares a partir desta época do ano e já vêm sendo muito discutidos por especialistas, a poluição pelo chamado ‘carvãozinho’ da cana-de-açúcar, que sempre acaba sendo carregado pelo vento até as cidades sujando as casas e até mesmo roupas brancas secando em varais, também pode gerar danos às cordas vocais.

O aviso é da fonoaudióloga Ana Paula Pereira. De acordo com ela, sempre há uma conseqüência, porque a fuligem causa poluição e ataca o sistema respiratório e, conseqüentemente, a voz.

A fonoaudióloga explica que a fuligem ataca o sistema respiratório. "Querendo ou não ataca o nosso sistema vocal gerando os pigarros e é aonde o pessoal fala que tem alguma coisa na garganta", enfatizou.

E esta sensação que as pessoas reclamam aos médicos, segundo disse, é devido aos pigarros. "Então a poluição interfere sim no nosso aparelho respiratório e se o problema não for tratado corretamente pode acabar em alguma conseqüência mais séria", reforçou.

A aproximação do inverno também é uma preocupação, principalmente porque é neste período do ano que se verifica a poluição pela queimada da cana-de-açúcar, principalmente em cidades com grandes áreas plantadas como é o caso de Olímpia.

E é justamente nesta época do ano que, em razão das temperaturas mais baixas, a pessoa está mais sujeita a pegar um resfriado ou mesmo uma gripe mais forte.

"Vai atacar a voz que vai ficar alterada e por isso temos que beber muita água para deixar hidratada a nossa prega vocal, que é mais conhecida por corda vocal, para deixar sempre hidratado o nosso aparelho fonador", alerta.

Por isso recomenda cuidados contra a fuligem e a poeira, principais causadores de gripes ou resfriados. "Ficando gripado ou você fica fanhoso ou rouco e às vezes não, mas vai ficar com o nariz entupido e com o nariz entupido você vai ter uma voz nasalizada. Você vai falar pelo nariz ou pela boca", explicou, recomendando que não há contra-indicações para a prática de exercícios físicos no inverno.

O problema, segundo avalia a fonoaudióloga, ganha proporção também pela falta de conhecimento das pessoas, que não têm noção alguma de como usar e cuidar do sistema vocal. "Não tem orientação de como a voz deve ser cuidada e do mal que pode causar o mau uso da voz", insiste.

Segundo Ana Paula, embora sem uma data precisa, também em conjunto com o otorrinolaringologista André Luiz Del’Arco, já está prevista uma campanha para mostrar os cuidados necessários para evitar problemas auditivos.

 

Governo quer fim da queima da palha da cana até 2011

De acordo com o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de São Paulo, João de Almeida Sampaio, é intenção do governo de São Paulo antecipar o fim da queimada da cana-de-açúcar em áreas mecanizadas e não-mecanizadas. Nesta semana ele afirmou em Ribeirão Preto que vai propor antecipar em 10 anos os prazos para o fim do corte em áreas não-mecanizáveis, que é 2031 e mecanizáveis 2021.

O assunto, segundo disse, será discutido com as entidades e associações do setor com apoio do secretário estadual de Meio Ambiente, Francisco Graziano. A priori todos têm demonstrado interesse na antecipação.

A disposição do governo paulista de acabar com o corte manual de cana queimada deve incrementar ainda mais a procura por equipamentos que possibilitem a mecanização do plantio à colheita de cana-de-açúcar. Segundo Sampaio, a idéia é resolver a questão o mais rapidamente possível.

Só que, com a rápida expansão do setor as empresas fabricantes de colhedoras de cana-de-açúcar já revelam problemas para atender o mercado. Atualmente, com a demanda maior que a oferta, há demora de, no mínimo, 60 dias para entrega de equipamentos encomendados. Alguns fabricantes informam que só terão disponibilidade de produtos em outubro e começam a vender máquinas agrícolas que serão entregues a partir do ano que vem.

Por outro lado, o presidente da Açúcar Guarani, Jacyr Costa Silva Filho, não descarta que o crescimento do setor, fazendo a indústria canavieira uma matriz energética mundial principalmente com o etanol, implica em maiores cuidados ambientais e sociais.

De acordo com ele, a empresa não só obedece a legislação, mas também estimula seus fornecedores a fazerem o mesmo e conseqüentemente evitar a queima da palha para o corte da produção.

Segundo Costa Filho, a empresa realiza 80% de corte mecanizado da própria cana, enquanto os mais de mil fornecedores fazem 7% de corte mecanizado. Uma das metas da empresa é estimular os fornecedores a aumentarem o corte mecanizado para otimizar o resultado global da empresa.

 

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