05 de outubro | 2014

Cheques de Covas apreendidos em São Paulo eram para cobrir as despesas de campanha em Severínia

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Da redação com Diário da Região

Os cheques que foram apreendidos junto com a quantia de R$ 102 mil em dinheiro no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, que estavam em poder do radialista e suplente de vereador tucano em São José do Rio Preto, Mário Wel­ber (foto à esquerda), colaborador de campanha do deputado estadual Bruno Covas (fo­to à direita) (PSDB), que concorre a uma cadeira na Câmara Federal, teriam como destino um assessor de campanha do candidato morador de Severínia.

Mário Welber foi flagrado sábado, dia 27, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, levando na pasta de mão R$ 102 mil em dinheiro vivo e um envelope com 16 cheques e um cartão de campanha do neto do ex-governador Mário Covas.

Segundo o jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, Welber afirma que entregaria o envelope para um certo “Sr. Ulisses”. “Ele (Ulis­ses) mora em Severínia, trabalha diretamente com o Bruno na Assembleia. Eu sou apenas um colaborador da campanha. Eu também colaboro com outras campanhas. Foram apreendidos vários cartões lá. Não trabalho na assessoria dele (Covas), não sou coordenador, nem tesoureiro de campanha. Conheci o Bruno da política, todo mundo hoje co­nhece o Bruno. Essa história só está dando tudo isso porque ele é um político em ascensão”.

DESPESAS DE CAMPANHA

Segundo Mário Welber, os cheques seriam destinados ao pagamento de despesas da campanha com fornecedores e “pessoas que trabalham na campanha”. “Eu nã­o sei exatamente quais despesas, me entregaram cheques num envelope, eu separei e guardei no compartimento da pasta”, a­fir­mou.

Welber foi interceptado pe­la Polícia Federal (PF) no aparelho de raio X que identificou o dinheiro. Ele não chegou a ser preso, mas a PF abriu inquérito para investigar a origem dos valores. Segundo a PF, o a­poiador do tucano, que também é mestre de cerimônias da Câmara Municipal de Rio Preto, não explicou a procedência do dinheiro. Nessa é­poca de eleições a PF redobra a vigilância nos aeroportos porque políticos e assessores costumam circular com recursos em espécie.

Welber foi barrado quando embarcava com destino a Rio Preto. “O dinheiro é meu, não tem nada com a campanha do Bruno. Esse dinheiro é de um trabalhador anônimo, uma pes­soa que está na batalha. Eu não tenho como andar com meu imposto de renda debaixo do braço, mas afirmo que tenho como comprovar a origem do dinheiro, tenho renda e caixa. Sou um microempre­sário na área de mídia”, esclarece.

O radialista disse que foi a São Paulo para “fazer um negócio”, a compra de um carro, mas não deu certo e retornava a Rio Preto. Sobre o material de campanha de Covas, ele afirmou: “Eu estava apenas transportando o envelope com os cheques, se eu soubesse que ia dar tudo isso não teria me comprometido a levar. Se não existissem algumas anotações pessoais e o cartão (de Bruno Covas) jamais iriam me parar. É uma leviandade até com ele (Covas), na véspera das eleições. Isso vai acabar com a minha vida. Vão achar que eu estava com dólares na cueca”.

Ao Diário, Welber, que é um dos principais apoiadores da campanha de Covas na região, disse que irá comprovar a origem do dinheiro. Ele afirmou que o valor seria usado para comprar um carro Renault Duster – cuja versão mais cara atinge cerca de R$ 77 mil.

Bruno Covas, ex-presidente da Juventude do PSDB, atual secretário-geral estadual do partido, foi eleito deputado da Assembleia Legislativa paulista pela primeira vez em 2006. Em 2011, foi nomeado pelo governador Geraldo Alckmin para o cargo de secretário do Meio Ambiente. Em abril entrou em campanha por uma vaga na Câmara.

Mas Welber diz que não é assessor do tucano, mas colabora com a campanha de Covas no interior. Em seu perfil nas redes sociais ele se identifica como “assessor da Secretaria do Meio Ambiente do Estado”.

Welber disse também que vai justificar rapidamente à PF a procedência do dinheiro. “Vou me antecipar. O delegado deu 15 dias, mas na segunda-feira que vem eu já apresento a documentação, as notas todas. Se eu não comprovar essa renda no prazo legal podem acabar com a minha vida. Estamos a poucas horas das eleições. É muito fácil falar. Encontraram cartões de outros políticos”.

OUTRO LADO

Também segundo o Diário da Região, a assessoria de campanha de Bruno Covas informou que os 16 cheques encontrados pela Polícia Federal estavam contabilizados “e dentro da prestação de contas da campanha” do par­lamentar.

A assessoria declarou que “diante do extravio, os cheques serão cancelados”. Os cheques, segundo a assessoria, estavam assinados pelo contador da campanha e eram endereçados ao coordenador político da região Ulysses Terceiro. “Os cheques se destinavam a pagamentos de presta­dores de serviço da região de Rio Preto”, assinala a assessoria de Covas.

Segundo a equipe do tucano, Mário Welber estava em São Paulo “para compromissos particulares e, a pedido do contador da campanha, aproveitou a passagem para en­con­trá-lo e levar os cheques para o coordenador local, uma vez que voltaria naquele mesmo dia para Rio Preto”.

Em nota à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a assessoria esclareceu: “Fomos informados pelo advogado Evandro Capano de que seu cliente, Mário Welber, ex-candidato a vereador por Rio Preto e apoiador da campanha de Bruno Covas, recebeu um a­uto de apreensão da Policia Federal, no sábado, dia 27. Ao embarcar no aeroporto de Con­go­nhas com destino a São José do Rio Preto, Mário Welber levava 16 folhas de cheques da campanha de Bruno Covas”.

De acordo com o advogado, Mario Welber prestou os esclarecimentos necessários e se prontificou a esclarecer quaisquer que sejam as informações necessárias.

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