29 de setembro | 2008

Delegados da Seccional de Barretos colocam cargos à disposição

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Por causa da destituição do delegado seccional João Ozinski Júnior, confirmado na quarta-feira, dia 24, todos os 16 delegados em atividade na área da Delegacia Seccional de Barretos entregaram seus cargos. A saída do chefe da unidade, segundo o jornal Folha de São Paulo, se deu em razão da greve de policiais civis, iniciada no dia 16 de setembro.

Além de colocarem os cargos à disposição, delegados e outros policiais civis de Barretos -com fitas pretas presas à boca- caminharam até o fórum de Barretos para protocolar uma denúncia contra nove oficiais da Polícia Militar – segundo consta inclusive de Olímpia – por usurpação do cargo de policial civil. Os militares, por orientação do governo, estariam agindo como investigadores e solicitando trabalhos de perícia técnica.

"Não admitimos essa decisão (a punição a Osinski). Mostra que o governo está preocupado com política e não com a melhora da Polícia Civil. Isso é apagar fogo com gasolina", declarou a Folha de São Paulo, o representante da Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), na região de Barretos, delegado Antônio Alício Simões, que vinha respondendo por Olímpia na licença do titular João Brocanello Neto.

Entre os que colocaram os cargos à disposição ontem, sete dirigem delegacias de Barretos, entre elas a de Defesa da Mulher, dois são auxiliares do seccional e os outros são delegados em sete cidades da região. No entanto, ao que parece, o governo do Estado de São Paulo não está levando a sério as ameaças dos delegados.

Embora, tenha evitado comentar a decisão dos delegados, em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse: "Se eles quisessem mesmo isso (entregar o cargo), teriam aberto requerimentos para transferência ou exoneração".

Nos bastidores do governo, porém, o ato dos delegados foi considerado um "factóide", tanto que, caso outros delegados em cargos de confiança apóiem grevistas, também correm o risco de punição. A medida afetaria principalmente os delegados do interior, onde a adesão à greve é maior.

Osinski disse não saber por que foi afastado e afirmou ter ficado surpreso, mas evitou comentar se havia relação entre a destituição e a greve. "Só acho que foi um preço alto demais a pagar por defender uma instituição, uma classe", disse o ex-seccional. "Mas não vou me insurgir contra meus superiores. Estou em paz”, declarou à Folha de São Paulo.

O delegado-titular da Delegacia Seccional de Barretos, João Osinzki Júnior, foi retirado de seu cargo oficialmente ontem, por determinação da Delegacia Geral de Polícia (DGP) do Estado. Em seu lugar assumiu o delegado Odacir Cesário da Silva.

Represália
A Adpesp considera os casos represália do Governo e diz que isso é crime de constrangimento ilegal. Osinzki Júnior, que ainda não sabe para onde será encaminhado, apenas afirmou que “está pagando um preço alto por defender uma classe e uma instituição”.

O Diário Oficial do Estado de São Paulo publicou no dia 25, uma portaria da Secretaria de Segurança Pública informando que João Osinski Júnior não é mais o delegado seccional de Barretos. Porém, Osinski disse que não foi comunicado pessoalmente e que só ficou sabendo da perda do cargo quando chegou para trabalhar na manhã da quarta-feira, ao ler o Diário Oficial. Ele ocupou a função por quatro anos.

Protesto
Na tarde da quarta-feira, dia 25, delegados de Barretos e região fizeram um novo protesto para repudiar a saída do seccional de Barretos. Eles caminharam cerca de 100 metros em silêncio e amordaçados com um pano preto até o Fórum Conselheiro Lafayete, na Região dos Lagos.

No Fórum, os delegados entregaram uma representação criminal contra oito policiais militares, nas mãos do promotor Flávio Okamoto. O documento acusa os policiais militares de fazerem autos de apreensão e requisições de perícia. Além disso, os delegados afirmam que eles estão cometendo o crime de usurpação de função.

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