10 de julho | 2016

Diretor da UPA confirma que Saúde local escondeu até caso de morte por H1N1

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Embora sejam muitos os obstáculos para obter as informações oficiais, as coisas sempre acabam acontecendo. Agora o diretor técnico da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), José Carlos Ferraz, confirmou ao que tudo indica, sem querer, que a Secretaria Municipal de Saúde continua escondendo e que já escondeu até um caso, pelo que se sabe a­gora, de morte por gripe Influenza A, denominada cientificamente por H1N1, mas conhecida popularmente por Gripe Suína.

A revelação foi feita na manhã desta sexta-feira, dia 8, quando a reportagem desta Folha conseguiu o número do telefone celular de José Carlos Fer­raz e telefonou para saber de um eventual óbito na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), da Santa Casa de Olímpia. “Sim, recentemente teve sim. Era uma mulher”, foi enfático.

Mas a idade da mulher ele não soube informar. “Não sei. Agora, no momento, eu não sei. Era uma senhora que já tinha problema de pulmão, fumante e nesses casos é mais grave”, acrescentou.

O diretor confirmou, pelo menos, que a mulher foi internada na UTI da Santa Casa depois de transferida pela UPA. “Ela foi internada pela UPA”, disse.

No entanto, ele não soube precisar quanto já se passou do registro dessa morte por H1N1: “Não sei precisar”, disse. “Estou em Severínia, no momento, estou atendendo uma consulta, se você puder ter mais tempo …”.

Por outro lado, não revelou a hora que voltaria à UPA. “Olha, eu vou terminar a consulta aqui, vou para a UPA, da UPA vou para Guaraci. É complicado. Se você (repórter) quer conversar precisa marcar uma hora e ir lá na UPA”.

RECLAMAÇÕES

Além disso, reclamou da linha editorial desta Folha da Região, adotada pelo jornalista, filósofo e advogado José Antônio Arantes e mandou recados, através da reportagem, para que ele mantenha contatos para que possa entender, na opinião do médico, como é o funcionamento, inclusive comparando com outros locais de pronto atendimento da cidade.

Depois criticou o sistema federal e a falta de dinheiro do Ministério da Saúde e não deixou de elogiar o prefeito Eugênio José Zuliani pelos investimentos que faz na área da saúde pública local que tem deixado muito desejar.

Embora aparentemente não saiba as dificuldades que a reportagem desta Folha enfrenta (pois não tem) sempre que necessita de informações da assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Olímpia, criticou o fato das publicações das notícias relacionadas a UPA não fazerem menção ao outro lado da questão, nem mesmo citando que não foi encontrado ou que a reportagem não foi atendida.

Nesse instante a reportagem explicou que apenas nesta sexta-feira, dia 8, conseguiu o telefone celular dele e que o número foi passado pelo diretor clínico da Santa Casa de Olímpia, Nilton Roberto Martinez.

O diretor técnico da UPA afirmou também que não tem obrigação de passar informações à imprensa. “Outro dia que não sei o que tal, que estava escondendo… eu acho que nós não somos obrigados a informar à imprensa as doenças que a gente atende na cidade”.

OBRIGAÇÃO OU TRANSPARÊNCIA?

O editor desta Folha, jornalista José Antônio Arantes, explicou que não adianta ficar enchendo a paciência do leitor e colocando toda vez que ligou aqui e acolá para tentar obter o outro lado, pois esta Folha há vários anos não é atendida nem pela assessoria, nem pelo próprio prefeito, ou por quem quer que seja do atual governo.

As informações obtidas são sempre extraoficiais, através de pessoas que ficam com medo de informar e ser prejudicadas pelos governantes, ou, então, por entrevistas e manifestações dos representantes do atual governo concedidas a outros veículos ou de comunicação ou pelas manifestações na própria internet, através de sites de relacionamento.

Se o leitor se atentar, diferentemente do que disse o referido médico, que o editor entende estar defendendo os seus interesses pessoais, o próprio teve um outro lado seu citado em matéria deste jornal em edição passada, quando respondeu manifestação no Facebook.

Assim também ocorre com o prefeito, a secretária da Saúde e com todos os membros deste governo que têm constantemente as suas manifestações registradas neste jornal, mesmo que obtidas por entrevistas ou manifestações que acontecem em outros veículos de comunicação.

Concluindo, o editor desta Folha, declarou que concorda com o diretor da UPA. “Ninguém é obrigado a divulgar ou esclarecer nada. O silêncio é garantido constitucionalmente.

Mas, no regime democrático, quando se esconde casos como esse em que pessoas morrem por uma doença contagiosa como essa, é uma questão de direito público à informação, é uma questão ética, é uma questão de transparência, que realmente não tem sido a marca deste governo do qual, de uma forma ou de outra, o médico citado faz parte”.

Última informação de Gripe Suína obtida dia 20 de maio

A última informação oficial e basicamente a única até então, a respeito de casos da gripe Influenza A, denominada cientificamente por H1N1, mas conhecida popularmente por gripe suína, foi divul­ga­da no dia 20 de maio, ou seja, há mais de 45 dias, pela diretora de Vigilância em Saúde, Eloá Cristina de Souza Azevedo.

Isso foi através de uma entrevista a uma emissora de rádio da cidade, depois de tantas idas e vindas e várias contrainformações, sempre gerando a suspeita de que a situação era pelo menos pior do que estavam demonstrando.

“Nós aqui da Vigilância Epidemiológica, nós recebemos essas notificações. Porque os casos internados é que nós fazemos a coleta do exame para dar o diagnóstico do H1N1. Nós tivemos internados no hospital de Olímpia 27 pessoas. Dessas 27, três vieram resultados positivos para H1N1 e os demais, no caso 24, nós estamos ainda aguardando os resultados. Ainda não chegaram até nós esses resultados”, contou na ocasião.

Além disso, Eloá Cristina de Souza Azevedo confirmava uma informação que já vinha sendo divulgada por esta Folha da Região de que os exames estavam sendo realizados somente quando o paciente com suspeita de ter contraído a gripe suína era internado na Santa Casa de Olímpia, levando a crer que já podia haver outras dezenas de casos não diagnosticados.

Prefeito prorroga prazo de suspensão de professor
que denunciou a existência de casos de gripe suína

O prefeito Eugênio José Zuliani baixou o decreto número 6.384, com a data do dia 27 de junho, prorrogando o prazo da suspensão do professor Marcozalém Calsavara Gomes (foto), no processo administrativo que mandou abrir contra ele, em razão de ter denunciado em sua página de relacionamento social do Facebook, depois retratada em reportagem elaborada por esta Folha, a existência na cidade de eventuais vários casos de da gripe Influenza A, denominada cientificamente por H1N1, mas conhecida popularmente por gripe suína.

De acordo com o decreto publicado na página 6 da edição da Imprensa Oficial do Município (IOM), do sábado passado, dia 2 de julho, a prorrogação da suspensão teria sido solicitada pela comissão processante criada pelo Decreto 6.363 do dia 1.º de junho.

Como se recorda, no início do mês de abril, o professor, que, embora atua na EMEB (Escola Municipal de Educação Básica Professor Maurício Cesar Alves Pereira, no Jardim Leonor, zona sudeste de Olímpia, declarou que estava desconfiado que podia ter contraído o vírus da gripe.

Na ocasião, a preocupação foi manifestada por Gomes no início da noite de uma quinta-feira, dia 7, às 19 horas. A repercussão foi grande e quando verificado pela reportagem, a postagem havia sido curtida por 110 internautas, compartilhada por outros 51 compartilhamentos e sido comentada por mais de 20 pessoas.

“Passei pela UPA agora, pois estou sentindo um mal-estar e febre, e como tenho três alunos na turma com o vírus e suspeita H1N1 (gripe suína), e outro com dengue, fiquei apreensivo. Mas preferi não esperar para ser atendido e vim embora com medo de ficar pior ainda. É assustador a quantidade de pessoas doentes esperando por atendimento. Alguns até sentados na grama por falta de assentos aguardando por uma consulta. Parece que estamos vivendo um surto de DENGUE E H1N1 na cidade; as autoridades responsáveis estão tratando o caso com normalidade”, postou. “Será que mais alguém vai pagar com a vida o preço para tomarem atitudes”, questionava em seguida.

UPA SOBRECARREGADA

Ao ver a postagem do professor, um internauta comentou à época: “muito preocupante, estranho ainda não tomarem nenhuma iniciativa para o atendimento dessas pessoas, o UPA está realmente sobrecarregado, e muitos problemas poderiam ser avaliados em uma UBS, talvez criar algo emer¬gencial para esse período”.

Também na ocasião, uma internauta questionou: “enquanto isso onde anda nosso prefeito e a secretária da saúde. Será que essas mesmas pessoas nossos governantes se ficassem horas a fio sentados passando mal horas a fio a saúde pública estaria um caos, mas são cercados de médicos não precisam passar o constrangimento da doença juntamente com a demora”.

Segundo Zalem Gomes, na oportunidade a situação da UPA estava preocupante: “as pessoas contaminadas todas juntas com outras pessoas, isso não pode acontecer. Os funcionários estão usando luvas, máscaras e álcool gel para se proteger. O povo doente não tem nem onde sentar. Sem exagero algum, eu nunca vi a UPA tão lotada como vi hoje”.

Por isso, outra internauta cobrava soluções rápidas: “deveriam tomar providências ou suspender as aulas até a vacinação. Está perigoso o ambiente aglomerado das escolas”. Outra completou: “acho que tinha que fechar as escolas, pois crianças têm pouca imunidade e essa H1N1 pega através de contato, se tem criança da escola com o vírus pode ter certeza que esse vírus está por lá”.

Ainda de acordo com o professor, ele havia solicitado álcool gel para deixar na sala (de aulas) e passar nas crianças e a resposta que recebeu foi que “não tem para todo mundo”.

“A estância turística não tem prefeito nem secretária de saúde, deveriam separar uma UBS só para casos de suspeita de dengue e H1N1, assim não sobrecarrega a UPA”, sugeria uma internauta.

“A situação é grave e seria plausível que essa secretaria de saúde municipal cedesse máscara para os professores além da obrigatoriedade do álcool gel. É uma situação delicada no qual o que eu vejo é que o governo municipal faz vista grossa ou tenta maquiar a situação. O povo não é bobo mais”, reclamava outra internauta.

 

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