A falta de um aparelho em condições de realizar com precisão os exames de endoscopia pertencente à secretaria Municipal de Saúde fez a saúde pública de Olímpia perder os serviços da médica endoscopista, gastroenterologista e clínica geral, Maura Troncoso Braga José, que por ter o salário pago pelo governo do Estado de São Paulo, prestava serviços à população local sem gerar despesas para a Saúde local.

A informação foi confirmada na tarde desta sexta-feira (31), pela própria médica, no entanto, de maneira diferente à informação oficial dada pelo secretário Giovanni Baptista da Silva Júlio.

De acordo com ela, realmente o aparelho de endoscopia do município se encontra fora das condições essenciais para um diagnóstico perfeito e o secretário informou-lhe que o município definitivamente não iria comprar outro (custo de aproximadamente R$ 30 mil) e que passaria a fazer os exames na cidade de São José do Rio Preto.

Maura, que atendia três dias fazendo endoscopia e dois no ambulatório, teria, então, que atender cinco dias por semana no ambulatório de especialidades que funciona no Centro de Saúde.

"Falei que não aceitaria e que queria que continuasse a realizar endoscopia e atendendo o ambulatório. Eu estou de licença prêmio há 30 dias e o meu afastamento está em São Paulo para ser assinado pelo governador", comentou. A intenção de Maura Troncoso é atender pelo Estado na cidade de Guaraci.

"O que ele falou é verdade. Saí sim. Mas só depois de sua afirmação de que definitivamente não iria comprar outro aparelho. Porque, pelo jeito, não vai ter mais serviço para mim, porque ele não quis comprar o aparelho. Até desisti de trabalhar no serviço público e agora ele falou que vai contratar um endoscopista. E como ele vai contratar um endoscopista se ele falou que não vai mais comprar o endoscópio", acrescentou.

Por outro lado, a médica confirma a conveniência da aquisição de um novo aparelho para substituir o atual, que já tem 14 anos de uso, que, de acordo com ela, tem vida útil de apenas 10 anos.

"Foi uma vitória quando a gente conseguiu o aparelho para a cidade há 14 anos e agora, de repente, do nada acham que não está valendo a pena e não vão mais comprar o aparelho", disse demonstrando indignação.

Sobre os exames que vêm sendo realizados em Rio Preto a médica afirmou não saber qual valor está sendo pago, mas que se estiverem pagando o mínimo que pode ser cobrado, computando os medicamentos necessários e o trabalho do profissional, seria de aproximadamente R$ 120 cada exame.

Entretanto, avisa que não sabe quanto está sendo pago pelo SUS por cada exame que ela fazia. "E tem essa, eu era custo zero para Olímpia, porque era paga pelo Estado e toda endoscopia que fazia era faturada para o município e recebida do SUS", explicou.

E acrescentou: "Além de não produzir para o município vão pagar para fazer (exames) fora. Se não me engano a tabela do SUS para fazer para o Posto de Saúde, acho que era de R$ 40 ou R$ 50".

Entre os exames agendados e as emergência que surgiam eram realizadas entre 40 a 50 endoscopias. "E agora parece que ele (secretário) está mandando por semana 10 pacientes, uma vez por semana, fazer em Rio Preto", comentou.

Sem entender perfeitamente o que está acontecendo, Maura Troncoso chega a acreditar que se trate de alguma coisa de ordem pessoal: "porque não precisava mexer no que estava dando certo. Sempre fiz meu trabalho corretamente. Nunca fui de faltar. Sempre fui pontual e levei a sério este trabalho".

E acrescentou ainda: "Agora porque fazem isso eu não sei. Se está faltando R$ 30 mil para o endoscópio, está sobrando dinheiro para viagens? Aí eles (administração) vêm invertendo a situação, como se eu que não quisesse fazer. É o contrário. Então, quem não quer mais trabalhar nessas condições sou eu".