10 de novembro | 2013

Olímpia usa ambulância de Cajobi e humilha pacientes

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Mais uma vez volta a tona o verdadeiro caos no qual se encontra a saúde pública no município de Olímpia. Desta feita as reclamações contundentes surgiram na quinta-feira, dia 7, depois de uma viagem humilhante que passageiros da cidade fizeram para tratamentos em São Paulo, em uma ambulância “emprestada” pela Prefeitura Municipal de Cajobi. A própria viagem foi um verdadeiro caos.

De acordo com o depoimento de uma das passageiras feito à rádio Difusora AM, essa ambulância chegou com quatro pacientes de Cajobi para pegar oito de Olímpia. Mas se tratava de uma van escolar pequena. A odisseia, que foi na quarta-feira, dia 6, começou à meia-noite do dia anterior, com da chegada a capital por volta das 8h30 e encerrou somente por volta das 21h30.

Ainda assim, com a ameaça de terem que seguir da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) a pé para suas casas. Isso porque o motorista simplesmente estava se negando a levá-los, como é praxe quando se trata de veículo e motorista de Olímpia.

De Olímpia eram quatro pacientes e quatro acompanhantes, inclusive um deles infartado recentemente que tinha objetivo de fazer um cateterismo em São Paulo. Porém, ele não conseguiu passar pelo procedimento simplesmente porque a Secretaria da Saúde marcou uma simples consulta, por engano.

“Eu quero saber do Geninho porque nós estamos indo com a ambulância de Cajobi, se eu não pago impostos para o prefeito de Cajobi. Eu pago imposto para ele”, disse essa ouvinte da emissora, cujo nome não foi possível ouvir com precisão, mas aparentemente seria Celina.

Na realidade a van foi com 12 pessoas, duas delas na frente ao lado do motorista. Uma paciente de Cajobi, com problemas na perna, sofreu demais. Ela teria de viajar em uma maca e não sentada como foi. Por isso, segundo essa mulher, na volta precisaram se apertar mais ainda para que ela pudesse retornar deitada.

SEM RUMO E SEM GPS

Outro problema foi que o motorista não sabia ir até os vários locais onde estavam marcados os tratamentos. Quer dizer, sem conhecer a capital ele não sabia quais os caminhos deveria seguir. “Ele estava perdido. Não sabia direito”, afirmou.

De acordo com ela o motorista explicou que não seria nem mesmo motorista da Prefeitura de Cajobi, mas que está faltando esse profissional por lá ele foi quebrar um galho. “É uma falta de respeito fazer isso. Eu quero falar para o Geninho que quando nós viajamos para São Paulo de ambulância a gente não vai para passear e fazer compras. A gente vai fazer tratamento”, reclamou.

O caso também repercutiu na rádio Menina AM. Lá a reclamação foi feita por Celina Simplício Bonilha que também foi para passar por um procedimento de cateterismo, mas não conseguiu. “A sorte é que não deu certo porque eu teria que voltar com a perna esticada”, chega a comemorar.

De acordo com ela, um homem que teve um infarto havia três ou quatro dias poderia ter sofrido outro por causa das condições da viagem: “Não havia ar. Era o mínimo”. “Está tudo errado. Nós fomos feito animais. Foi humilhante dentro daquela ambulância. Nem animal merece isso. É o cúmulo o que está acontecendo”, acrescentou.

Em seguida ela ainda questionou: “Nós pagamos impostos. O governo manda dinheiro para a manutenção de ambulância, para manter tudo. Onde está esse dinheiro?”

Ainda de acordo com ela, não pagam a refeição das pessoas que são colocadas nessas viagens. “Tem gente que vai sem nenhum centavo e passa fome”.

Mas avisa que da próxima vez que tiver que ir fazer tratamento em São Paulo, se for nessas condições, ela não vai aceitar e acionar a imprensa regional. “Eu não sou lixo”.

Além disso, mandou um recado ao prefeito: “Fica um recado para o senhor prefeito: vamos acordar. Não é só pensar em Thermas e dinheiro não. Tem que pensar na população que te colocou ai dentro (da Prefeitura). Porque se não fosse a gente você não estaria ai dentro”.

Funcionário da Saúde confirma a troca de favores entre prefeituras

O funcionário responsável pelo setor de ambulâncias confirmou a viagem e todo o problema que foi criado pela Secretaria Municipal de Saúde Olímpia. Segundo ele, que foi identificado pelo nome Neto Gil, há uma troca de favores entre as duas Prefeituras.

Alegando que não se trata de uma situação rotineira e sim emergencial, ele explicou que quando quebra um veículo ou de Olímpia ou de Cajobi, uma Prefeitura socorre a outra.

Desta feita, segundo ele, a ambulância que normalmente levaria os pacientes de Olímpia até São Paulo, sofreu uma avaria no sistema de embreagem e estava sendo concertada em São José do Rio Preto.

Já o prefeito Eugênio José Zuliani concedeu entrevista à rádio Menina AM, única emissora que tem conseguido falar com ele, ainda assim apenas através de entrevistas gravadas, prometeu várias ambulâncias para o próximo ano. Duas delas, segundo ele, serão adquiridas com recursos próprios da Secretaria Municipal da Saúde. Outras quatro através de deputados que, inclusive serão candidatos em outubro de 2014.

Mas confirmando o péssimo estado de manutenção das ambulâncias, essas não teriam Olímpia como destino final. “Nós já temos duas autorizadas. Essas duas serão priorizadas para os distritos de Baguaçu e Riberio dos Santos que hoje está com ambulâncias bem utilizadas, que já não se consegue reparos”. Segundo ele, entre outros problemas são veículos que já tiveram os motores fundidos. Mas ainda há mais promessa eleitoral: “E temos mais duas”, também de dois deputados.

Além disso, também para o próximo ano está prometendo adquirir mais dois veículos com recursos próprios.

 

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