04 de julho | 2010

Operação padrão de delegados chega a 102 dias sem solução

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A operação padrão dos delegados de Polícia do Estado de São Paulo e entre eles os que atuam em Olímpia, já atinge 102 dias de duração, sem que a categoria e o governo do Estado de São Paulo, cheguem a uma solução. Eles iniciaram o movimento reivindicatório no dia 23 de março deste ano, em razão da situação que a polícia civil paulista, principalmente, atravessa na atualidade.


Desde o início, o titular de Olímpia, João Brocanello Neto (foto), faz questão de deixar claro que, embora a “operação padrão” possa causar transtornos para a população, a intenção da polícia paulista é obter melhores condições de trabalho para prestar o melhor atendimento possível.


De acordo com Brocanello, o movimento que acontece nos mesmos padrões do realizado pela Polícia Federal recentemente, tem por objetivo central a luta por melhorias no próprio sistema, que não compreendem somente melhores condições salariais para os policiais.


“O trabalho desempenhado pela polícia civil do Estado de São Paulo é um trabalho essencial para que seja fortalecida a democracia brasileira, é importante que valorizemos o profissional da área de segurança para tornar efetiva a democracia. Porque o estado forte é constituído de pessoas capacitadas e bem intencionadas”, explicou na tarde desta sexta-feira, dia 2, à reportagem desta Folha.


Por isso, segundo ele, a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP) está fazendo uma grande divulgação na mídia, inclusive em horário nobre das grandes emissoras de televisão, com a finalidade de mostrar para a comunidade as reais situações que a polícia civil está vivenciando. “Não só a carreira de delegado, mas toda a polícia civil, e também visa o propósito de tentar sensibilizar o governo para que ele reconheça a importância de nossa categoria”, reforçou.


Embora sem descartar a paralisação total, o que caracterizaria uma greve da categoria, enquanto durar o movimento, os delegados de polícia continuam exercendo suas funções sem concessões, adotando os procedimentos sugeridos numa cartilha elaborada pela ADPESP.


A polícia paulista se encontra sem condições de exercer seu papel a contento. Na delegacia de Olímpia, a da rua São João, por exemplo, quando seriam necessários oito investigadores para atender plenamente as necessidades, há apenas dois para trabalhar.


O trabalho aumentou muito nos últimos anos e além de não se ter pessoal suficiente para atender a demanda, os funcionários estão se aposentando e não estão sendo colocados outros no lugar.

Atualmente os funcionários mais novos existentes na polícia local já estão trabalhando há mais de 10 anos.

MOVIMENTO

No movimento anterior, que foi bastante registrado pelos incidentes registrados com o confronto com a PM em São Paulo, ficou acertado que seriam adotadas várias medidas para atender nossas reivindicações, tanto de salários como de reestruturação da polícia.

Uma delas, segundo relatou Brocanello, é a incorporação da gratificação conhecida como ALE – Auxílio de Localização e Exercício – que tem três níveis que seriam abolidos e apenas o maior incorporado em nossos salários, inclusive dos aposentados, mas não foi atendida, nem as outras. Da mesma maneira ocorreu com a lei de Revisão Anual, que prevê a reposição de perdas salariais, que também não foi cumprida.


Nas promessas do outro movimento estava prevista também a reestruturação da polícia civil que também não saiu da promessa. A única coisa que foi cumprida foi o fim da escolta feita pela polícia civil de presos para serem ouvidos na justiça e a realização de TC – Termo Circunstanciado somente na Polícia Civil, pois este é da sua competência.


Os delegados querem também ter melhores condições de trabalhar. Para tanto, é preciso modernizar a polícia e adequar o quadro de pessoal.


SITUAÇÃO

Por outro lado, a situação da polícia civil está para ser considerada quase que caótica. De acordo com informação divulgada pela ADPESP e considerando somente o total de municípios do Estado de São Paulo (645), cerca de 200 cidades estão sem delegados, atualmente.

No caso da microrregião de Olímpia, por exemplo, há falta de delegados. Um exemplo é Embaúba, onde Brocanello teve que atender há alguns dias, quando houve um grave acidente de trânsito e uma possível tentativa de estupro contra menor de 14 anos.


Por outro lado, a remuneração deixa a desejar. “O péssimo salário faz com muitos delegados deixem de tomar posse após aprovação em concursos públicos ou abandonem a carreira, tornando insuficiente o número de profissionais”, divulga a ADPESP.


E, enquanto o quadro da polícia fica cada vez mais enxuto, a população cresce significativamente, chegando na casa dos 21% desde 1995. “Apesar disso, o governo do Estado manteve o mesmo número de delegados e policiais civil”, avisa a entidade.


Atualmente, ainda segundo a ADPESP, o Estado de São Paulo possui 42 milhões de habitantes e apenas três mil delegados. Quer dizer, um delegado para cada grupo de 14 mil habitantes.

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