20 de março | 2021

Polícia local investiga quem ateou fogo na sede da Folha e na residência de seu editor

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ATENTADO CONTRA A FOLHA!
Um motoqueiro jogou gasolina nas portas do jornal e da residência e ateou fogo. Polícia civil abriu inquérito para investigar quem foi o autor e seu provável mandante. Jornalista diz que vinha sofrendo ameaças pela internet e até outras mais graves, pelo seu posicionamento principalmente contra os “negacionistas“ pelo Face e Youtube.

A polícia civil de Olímpia abriu inquérito para apurar incêndio criminoso na sede da Folha da Região de Olímpia, onde também funciona a rádio Cidade e também na residência do seu editor, jornalista José Antônio Arantes, que fica no andar superior de um sobrado no centro da cidade, às 4h20 da madrugada de quarta-feira, 17.

Para o jornalista é praticamente certo que foi vítima de um ataque terrorista, possivelmente de “negacionistas” e genocidas de ultradireita, defensores do presidente Jair Bolsonaro.

Por volta de 4h20 da manhã de quarta-feira, 17, um motociclista estaciona seu veículo defronte a porta de entrada da residência do jornalista e joga gasolina debaixo da porta. Logo após, pega  o balde de combustível, que a perícia já declarou que era gasolina e coloca na porta de ferro do jornal Arantes.

PAROU A MOTO NA SARJETA,
ESPALHOU COMBUSTÍVEL,
ATEOU FOGO E FUGIU

Ato contínuo, vai para junto da moto estacionada perto da sarjeta e, de lá, joga o que se presume ser um palito de fósforo aceso no combustível jogado na porta da residência.

A explosão é tamanha, que parece que vai atingir o terrorista, que sobe na moto, que dá uma engasgada e ele tem que fazer força com as pernas para que ela saia do local onde o fogo poderia atingi-lo.

O jornalista foi acordado poucos minutos depois com o latir desesperado de seus cachorros (dois poodles de tamanho pequeno e uma Shitzu) e com a fumaça sufocante que já chegava no interior do quarto onde dormia. A fumaça tomou conta de todo o interior da residência, impedindo a respiração.

A família do jornalista agiu rapidamente e conseguiu apagar o fogo que estava dentro do corredor da residência provocado pelo combustível jogado debaixo da porta de entrada e que queimou uma bola, chinelos e uma máquina de cartão, todos de plástico.

APÓS DEBELAR O FOGO
NO CORREDOR DA RESIDÊNCIA,
A SURPRESA DE VER
A PORTA DO JORNAL PEGANDO FOGO

Logo após, ao abrir a porta da residência, para, inclusive, respirar melhor, Arantes, a esposa e a filha/neta se depararam com chamas já altas na porta do jornal também, que levaram alguns minutos para ser contidos.

O jornalista registrou Boletim de Ocorrências na Polícia Militar, no Corpo de Bombeiros e na Polícia Civil que é quem ficará encarregada das investigações. Mas, garantiu que não esmorecerá na sua luta pela informação e contra a intolerância, o ódio, o “negacionismo” e o “genocídio”.

“Estou há 40 anos na profissão. Comecei minha carreira já no final da ditadura e não vou abrir mão de lutar pelo meu povo e contra qualquer tipo de terrorismo e pensamento político que visem tirar a liberdade e suprir os direitos de minha população”, descatou.

AMEAÇAS COMEÇARAM
NA SEXTA-FEIRA

O jornalista que, além de editar o jornal semanal, também âncora, junto com sua filha, um programa noticioso de segunda a sexta-feira, pelo Facebook e Youtube e é retransmitido pela rádio Cidade vinha sofrendo ameaças pela internet e até outras mais graves, pelo seu posicionamento principalmente contra os “negacionistas” genocidas.

Segundo Arantes, na sexta-feira passada, um carro começou a seguir na rodovia o motorista que vai buscar o jornal que é impresso em São José do Rio Preto. O veículo encostava no veículo contratado pelo jornal e ameaçava chocar lateral com lateral.

“Eu imaginei que tinha sido apenas uma brincadeira de mau gosto de alguma pessoa que não tinha o que fazer, mas, no domingo o meu carro amanheceu com o pneu furado e a pessoa que foi arrumar acabou descobrindo que os parafusos das quatro rodas do veículo não estavam totalmente apertadas. Algumas totalmente frouxas”, complementou.

NÃO ACREDITAVA
QUE AMEAÇAS PUDESSEM
RESULTAR NESTE ATENTADO

E concluiu: “Nem assim, consegui enxergar que algum atentado terrorista estava sendo armado contra mim e os meus. Mas, agora veio a confirmação de que estamos num embate muito mais sério do que imaginávamos”.

Arantes também destacou que estava sofrendo uma campanha incessante de membro de um gabinete do ódio local, cujos nomes que puder comprovar com os “prints” de postagens do Facebook irá relacionar para entregar ao delegado que investiga o caso.

“Tudo começou quando divulguei uma notícia de uma representação contra um comerciante chamado Marco Miani e um advogado chamado Luiz Carlos Rosa Junior que estariam divulgando uma carta convocando os comerciantes locais para uma insubordinação civil e não aceitarem as medidas restritivas impostas pelo governo”, explicou.

INTIMIDAÇÃO,
UM CALA BOCA
FORÇADO PELO FINANCEIRO

A partir daí estes dois sujeitos começaram uma campanha para que comerciantes apoiadores, principalmente do programa apresentado pelo jornalista e sua filha, cancelassem suas publicidades, querendo impor uma espécie de intimidação pelo financeiro. Um cala boca forçado pela inanição.

Outros membros do gabinete do ódio local, que ficaram conhecidos na última campanha eleitoral, por tentarem vender um candidato pela mentira e a desqualificação dos oponentes, e até uma figura que, ao que se comenta seria assessor de um candidato nas últimas eleições, em um grupo de WhatsApp atacavam o jornalista de forma acintosa.

Após a realização de um protesto em praça pública pelos “negacionistas” de Olímpia e o estampar de uma passeata que é proibida na atual fase, inclusive com vários sem máscara, ou usando-as de maneira irregular, os ataques na internet e durante o programa pelo Facebook e Youtube aumentaram.

“TORÇO PARA QUE
O MOTIVO NÃO
SEJA POLÍTICO”

O jornalista não esperava que esta situação de ódio e de insensatez pudesse resultar num ataque frontal à democracia e à liberdade de imprensa, principalmente por não acreditar que exista tanta gente “fascista” na cidade em que nasceu, cresceu e sempre viveu.

O jornalista torce para que o sujeito, que não se importou com a possibilidade de matar uma família queimada, tenha agido de forma pessoal, contra alguma notícia que divulgou. Pois não quer acreditar que o motivo real deste atentado possa transcender as fronteiras do município e chegar a Brasília, com o gabinete do ódio local sendo doutrinado pelo também gabinete do ódio de Brasilia.

“Quero acreditar que não, pois aí estaríamos realmente trilhando um caminho que pode ser perigoso, tenebroso e até sangrento demais”, finalizou.

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