12 de junho | 2016

Prefeito abre processo administrativo contra professor que denunciou casos de gripe suína

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O prefeito Eugênio José Zuliani mandou instaurar um processo administrativo contra o professor Mar­co­zalém Calsavara Gomes em razão de ele ter denunciado em sua página de relacionamento social do Fa­ce­bo­ok, depois retratada em reportagem desta Folha da Região, a existência na cidade de eventuais casos da gri­pe Influenza A, denominada cientificamente por H1N1, mas conhecida popularmente por gripe suína.

Como se recorda, no início do mês de abril, o professor, que atua na EMEB (Es­cola Municipal de Educação Básica) Professor Ma­urício Cesar Alves Pereira, no Jardim Leonor, zona sudeste de Olímpia, declarou que estava desconfiado que podia ter contraído o vírus da gripe.

Na ocasião, a preocupação foi manifestada por Gomes no início da noite de u­ma quinta-feira, dia 7, às 19 horas. A repercussão foi grande e quando verificado pela reportagem, a pos­ta­gem havia sido curtida por 110 internautas, compartilhada por outros 51 com­par­tilhamentos e sido comentada por mais de 20 pessoas.

“Passei pela UPA agora, pois estou sentindo um mal-estar e febre, e como tenho três alunos na turma com o vírus e suspeita H1­N1 (gripe suína), e outro com dengue, fiquei apreensivo. Mas preferi não esperar para ser atendido e vim embora com medo de ficar pior ainda. É assustador a quantidade de pessoas doentes esperando por atendimento. Alguns até sentados na grama por falta de assentos aguardando por uma consulta. Parece que esta­mos vivendo um surto de DENGUE E H1N1 na cidade; as autoridades responsáveis estão tratando o caso com normalidade”, postou.

“Será que ma­is alguém vai pagar com a vida o preço para tomarem atitudes”, questionava em seguida.

UPA SOBRECARREGADA

Ao ver a postagem do professor, um internauta co­mentou: “muito preo­cu­pante, estranho ainda não tomarem nenhuma iniciativa para o atendimento dessas pessoas, o UPA está realmente sobrecarregado, e muitos problemas poderiam ser avaliados em uma UBS, talvez criar algo emer­gencial para esse período”.

Também na ocasião, u­ma internauta questionou: “enquanto isso onde anda nosso prefeito e a secretária da saúde. Será que essas mesmas pessoas nossos governantes se ficassem ho­ras a fio sentados passando mal horas a fio a saúde pública estaria um caos, mas são cercados de médicos não precisam passar o constrangimento da doença juntamente com a demora”.

Segundo Zalem Gomes, na oportunidade a situação da UPA estava preocu­pan­te: “as pessoas contaminadas todas juntas com outras pes­soas, isso não pode a­con­tecer. Os funcionários estão usando luvas, máscaras e álcool gel para se proteger. O povo doente não tem nem onde sentar. Sem exagero algum, eu nunca vi a UPA tão lotada como vi hoje”.

Por isso, outra internauta cobrava soluções rápidas: “deveriam tomar providências ou suspender as aulas até a vacinação. Está perigoso o ambiente aglomerado das escolas”. Outra completou: “acho que tinha que fechar as escolas, pois crianças têm pouca imunidade e essa H1N1 pega através de contato, se tem criança da escola com o vírus pode ter certeza que esse vírus está por lá”.

Ainda de acordo com o professor, ele havia solicitado álcool gel para deixar na sala (de aulas) e passar nas crianças e a resposta que recebeu foi que “não tem para todo mundo”.

“A estância turística não tem prefeito nem secretária de saúde, deveriam separar uma UBS só para casos de suspeita de dengue e H1N1, assim não sobrecarrega a UPA”, sugeria uma internauta.

“A situação é grave e seria plausível que essa secretaria de saúde municipal cedesse máscara para os professores além da obrigatoriedade do álcool gel. É uma situação delicada no qual o que eu vejo é que o governo municipal faz vista grossa ou tenta maquiar a situação. O povo não é bobo mais”, reclamava outra internauta.

Prefeito confirma que queria esconder casos da gripe H1N1

Com a aparência de uma severa perseguição a quem contrariava a informação oficial demonstrando a existência de vários casos da gripe Influenza A, denominada cientificamente por H1N1, mais conhecida popularmente por Gripe Suína, o prefeito Eugênio José Zuliani estaria confirmando o desejo da administração, principalmente da Secretaria Municipal de Saúde, de que queriam esconder da população a existência de vários casos de pacientes do vírus, embora nem todos comprovados por falta de exames.

A confirmação dessa intenção se daria com a edição do Decreto número 6.363, do dia 1.º de junho de 2016, instaurando um processo administrativo disciplinar contra o professor Marcozalém Calsavara Gomes, que exerce o cargo na Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) Professor Maurício César Alves Pereira, localizada no Jardim Leonor, na zona sudeste da cidade.

Alegando os Incisos XIV e XVI do Artigo 201 e o Inciso III do Artigo 218, do Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Olímpia, criado pela Lei Complementar número 01 de 22 de dezembro de 1993, além de afastá-lo preventivamente das funções, chega a dar conotações de atos “terroristas” que teriam sido praticados pelo professor.

“Em face de suposta infração por ter apresentado conduta irresponsável criando situação de alarme entre a população, transtornos na escola entre os estudantes, a direção da escola e pais dos alunos em razão dos comentários postados nas redes sociais, pelo indiciado, causando pânico, sobre a existência de crianças contaminadas com o vírus Influenza na EMEB Professor Maurício César Alves Pereira, boatos estes que proliferaram na cidade e na rede mundial de computadores, causando tumulto tanto na escola como na população olimpiense como em cidades contíguas, de maneira a ensejar, em caso de comprovação da indigitada conduta, a cominação de sanções previstas na mencionada Lei Complementar”, consta em trecho do decreto que foi publicado na página 6 da Imprensa Oficial do Município (IOM), edição do dia 4 de junho de 2016.

COMISSÃO DE INQUISIDORES

Além disso, também no mesmo Decreto o prefeito designa as procuradoras jurídicas Iscilla Cristina Vietti Aidar Piton e Edely Nieto Ganancio, e a escriturária Marli de Fátima Donadi, “para constituírem a Comissão Processante destinada a conduzir e dirigir o Processo Administrativo Disciplinar de que trata esse Decreto”.

Por outro lado, foi fixado o prazo de “60 dias para o término dos trabalhos da Comissão Processante, a contar da citação do servidor, nos termos do Artigo 232, parágrafo único, da Lei Complementar número 01/93, cujo relatório final deverá ser concluído na forma do Artigo 241 do citado diploma legal”.

Saúde demorou mas divulgou inclusive casos suspeitos da gripe

Somente depois de tantas idas e vindas, inclusive de contrainformações tentando esconder a real situação da gripe Influenza A, denominada cientificamente por H1N1, mas conhecida popularmente por gripe suína, a Secretaria Municipal de Saúde acabou confirmando que já houve três casos positivos e que há outros 24 ainda suspeitos da doença na cidade. Mas isso, já faz pelo menos 10 dias. De lá para cá o silêncio voltou a reinar novamente no setor deixando incomodadas as pessoas.

Pelo menos essa foi a informação oficial que foi divulgada pela diretora de Vigilância em Saúde, Eloá Cristina de Souza Azevedo, durante uma entrevista que concedeu na tarde do dia 19, uma quinta feira do mês de maio.

“Nós aqui da Vigilância Epidemiológica, recebemos essas notificações. Porque os casos internados é que nós fazemos a coleta do exame para se dar o diagnóstico do H1N1. Nós tivemos internados no hospital de Olímpia 27 pessoas. Dessas 27, três vieram resultados positivos para H1N1 e os demais, no caso 24, nós estamos ainda aguardando os resultados. Ainda não chegaram até nós esses resultados”.

Entretanto, uma semana antes a diretora de Vigilância em Saúde, durante entrevista, comentou: “Continuamos com os mesmos dados. Tivemos notificações de três casos que foram feitas coletas de material para exame e os outros nós estamos aguardando”.

Se já existiam novos casos suspeitos e, diante da informação de que a Saúde local só realiza exames em pacientes que estão internados na Santa Casa (o restante, se quiser saber tem que pagar para fazer o exame), tudo levava a crer que podiam ser inúmeros os casos suspeitos na cidade.

DESCONTROLE

Como se recorda, bem antes disso, ao se manifestar a respeito da situação local em relação a gripe su­ína, de certa maneira, a secretária municipal Silvia Elizabeth Forti Storti, acabava por confirmar que havia pelo menos um descontrole sobre o que estava ocorrendo com essa doença em Olím­pia.

Secretaria só realiza exames de pessoas internadas com a gripe

Um verdadeiro descaso para com a população de Olímpia é o que estaria sendo praticado pela Secretaria Municipal de Saúde em relação a casos da Gripe Influenza A, conhecida cientificamente por H1N1, mas conhecida popularmente por Gripe Suína. Isso porque os exames para reconhecer a doença estão sendo realizados somente em pacientes que acabarem internados na Santa Casa de Olímpia.

Essa é uma informação que, inclusive foi confirmada recentemente pela Secretaria Municipal, mas através da diretora de Vigilância em Saúde Eloá Cristina de Souza Azevedo, há aproximadamente 10 dias, durante uma entrevista que concedeu à imprensa local.

Na oportunidade, a diretora acabava por confirmar uma informação que já vinha sendo divulgada por esta Folha da Região, inclusive com base em dados revelados pelo professor Marco Zalém Gomes, de que os exames estavam sendo realizados somente quando o paciente com suspeita de ter contraído a gripe suína era internado na Santa Casa de Olímpia, levando a crer que pode haver outras dezenas de casos não diagnosticados. “Porque os casos internados é que nós fazemos a coleta do exame para se dar o diagnóstico do H1N1”, afirmou a diretora recentemente.

Mas com a confirmação oficial de que estão sendo realizados exames apenas nos pacientes que estão internados também se confirmava a suspeita deste jornal de que podiam e podem existir muito mais casos ocorrendo, em que não há a internação, mas que a pessoa é considerada por médicos particulares e mesmo da Saúde Pública, com possibilidades de ter contraído a doença.

Na edição do dia 7 de maio próximo passado, o jornal publicou uma informação de que a Secretaria Municipal de Saúde de Olímpia já poderia ter registrado vários casos de gripe suína, mas não estariam sendo divulgados números exatos.

E, se já existiam novos casos suspeitos e, diante da informação de que a Saúde local só realiza exames em pacientes que estão internados na Santa Casa (o restante, se quiser saber tem que pagar para fazer o exame), tudo levava a crer que podiam ser inúmeros os casos suspeitos na cidade.

De acordo com informação passada por uma médica da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) para o professor Marcozalém Gomes, que após ter deixado a unidade em atendimento acabou tendo que voltar no dia seguinte, no início do mês, e lá passar várias horas aguardando atendimento, para depois ser avisado que se quisesse confirmar se seu caso era de gripe suína teria que fazer exame em laboratório particular.

O jornal questionava na ocasião, com base nesta e em outras informações que chegam à redação, se a Saúde de Olímpia teria um mínimo de noção do número de casos de Influenza A.

Nesta linha de pensamento, a confirmar informações de bastidores que chegaram até a redação deste jornal, a situação poderia ser tão grave que já poderiam ter ocorrido até mortes, em virtude da chamada gripe suína.

É que a médica que atendeu o professor teria afirmado para ele (e foi postado em sua página do facebook), com todas as letras, que ele estava realmente com suspeita de ter contraído o vírus H1N1, mas que se quisesse realmente saber qual era sua situação teria que procurar a rede particular para fazer o exame correspondente.

A Saúde local, segundo o que teria afirmado a médica para o professor, não estaria fazendo o exame por simples suspeitas ou diagnósticos médicos.

Nos postos de atendimento e na UPA somente seriam feitos o atendimento clínico, com o paciente sendo medicado com analgésicos e o remédio Tamiflu que seria utilizado nestes casos e mandado de volta para casa. Somente nos casos de internação é que os exames seriam realizados.

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