01 de fevereiro | 2009

Presidente da Comissão Paulista quer volta dos ideais de Sant’anna ao Fefol

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 O presidente da Comissão Paulista de Folclore e da Abaçai Cultura e Arte, Toninho Macedo, de 62 anos de idade, quer que o Festival do Folclore (Fefol) volte a caminhar pelos ideais do seu idealizador e criador, professor e folclorólogo, José Sant’anna. A afirmação foi feita à reportagem desta Folha da Região, na noite da quarta-feira desta semana, dia 28, depois de uma reunião na sede da Secretária Municipal de Educação.

A decisão tem apoio do prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, e para tanto, foi criado um grupo de trabalho para dar andamento no projeto que tem por finalidade voltar a dar ênfase aos grupos folclóricos e abandonar a idéia de construir um mega evento que tenha por objetivo apenas a aglomeração de grandes públicos.

Macedo, que também representa a Comissão Nacional de Folclore, afirma que o Fefol já teve uma importância e reconhecimento muito grande da Comissão Nacional. No entanto, avisa que a imagem foi decaindo a ponto de preocupar com os destinos do evento.

"O que temos encontrado hoje são pesquisadores em várias partes do Brasil que se assustam com o que vem acontecendo. Penso o que a gente tem que destacar que Olímpia foi a primeira cidade ou a única cidade no Brasil que se preocupou através das loucuras do nosso amigo Sant’anna, em fazer incluir no município minúsculo do interior de São Paulo, a identidade brasileira e esse é o foco e foi se perdendo. Não é um evento de cultura de consumo. Nunca foi e não deverá ser. Se for, tem que mudar. Vai deixar de ser festival e dê qualquer nome que for, mas o foco dele é esse e precisa ser recuperado", avisou.

De acordo com ele, evitar o fim dos ideais de Sant’anna é um compromisso da Comissão de Folclore, que "esteve no embrião da organização desse festival, através da professora Laura Delamonica, do professor Américo Pelegrini e de outras pessoas. O próprio José Sant’anna era da Comissão Paulista de Folclore. Então é uma dívida e uma responsabilidade que nós temos para com o país: recuperar esse espírito. O que tiver de ser feito de extra que se faça em um outro momento".

Depois da formação do grupo de trabalho, ficou definido o prazo de 30 dias para apresentação de planos para a realização do 45.º Fefol. O trabalho deverá ser voltado também para o Museu de História e Folclore Maria Olímpia.

"Conheço museus de folclore no Brasil inteiro, mas esse foi o primeiro e deve estar completando 40 anos. Nós acompanhamos muito bem quando Laura Delamonica e o Américo, ainda na gestão do secretário Cunha Bueno, ajudaram o professor Sant’anna a conceber e constituir esse museu. É uma pena ver o estado que está nesse momento", acrescentou.

Consciência
Embora afirme não ter nada contra os grupos parafolclóricos, Macedo lembra que o próprio Sant’anna também os estimulava: "o que precisa ser feito é desenvolver a consciência de que a razão de ser, da existência dos grupos parafolclóricos e balés folclóricos, são os grupos tradicionais. Na hora que a manifestação de tradição não existir, não faz mais sentido os grupos de projeções".

Para Macedo não faz sentido num festival de identidade brasileira, como o Fefol, a inclusão de shows. "Aquele espaço (recinto) passa o ano inteiro vazio, então inventem-se outros momentos para trazerem esses shows, tragam Ivete Sangalo, tragam quem quiser, mas deixem em paz o momento em que o Brasil posso se encontrar aqui", asseverou. De acordo com ele, o governo do Estado está colocando recursos no Fefol: "e queremos convencer o Ministério da Cultura a estar presente nesse festival".

Disse ainda o diretor: "agora qualquer empresário vá buscar os recursos necessários para fazerem os shows de consumo. Aliás, acho que consumo tem sido a desgraça do festival há pelo menos uns 10 anos, que foi selando esse estado de coisas, essa mania de achar que qualquer expressão de cultura tem ser considerada a de consumo. As figuras de proa do festival têm que ser as manifestações de tradição, o restante vem se acomodando nessa grande embarcação".

Macedo não vê dificuldades para arrumar recursos oficiais para manter o festival: "o Governo do Estado já aportou alguns recursos, não todos, mas muito mais e o ano passado já fez isso, e nesse ano também muito mais do que a Secretaria sempre fez historicamente. Vamos tentar convencer o Ministério da Cultura e também deve haver as gestões políticas e empresariais para se garantir este festival que é de importância", finalizou.

 

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