10 de novembro | 2013
Saúde não quis nem saber quanto família gastou com o enterro de Pedro Henrique
Aparentemente despreocupada com os problemas que invadem sua pasta, ou seja, a saúde pública de Olímpia, a secretária municipal da Saúde, Silvia Elizabeth Forti Storti, não teria nem mesmo se preocupado com o valor que foi gasto pela família com o sepultamento do menino Pedro Henrique Pereira de Jesus, que faleceu aos 10 anos de idade, no dia 17 de setembro próximo passado.
Pelo menos é isso que se pode entender da afirmação feita pelo pai do menino, Rogério Márcio de Jesus, em entrevista que concedeu ao jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, na quinta-feira, dia 7.
Na entrevista, Márcio de Jesus confirmou que ele e a avó já prestaram depoimento e disse que até agora ninguém da família foi procurado pela prefeitura. “Nem para saber quanto gastamos com o enterro, nada”, enfatizou.
Rogério afirmou ainda que soube da prorrogação do prazo do inquérito e vai esperar a conclusão da polícia para tomar alguma providência.
Como se recorda, Pedro Henrique Pereira de Jesus morreu na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Pediátrica do Hospital Padre Albino, em Catanduva, depois de uma semana queixando-se de dores e peregrinando por postos de saúde.
Na ocasião o pai relatou que durante os oito dias ele procurou atendimento na rede básica de saúde de Olímpia, que ofereceu apenas suporte paliativo.
Na época o diretor técnico da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), médico José Carlos Ferraz, afirmou que todo o atendimento necessário para a recuperação do garoto foi fornecido, negando qualquer tipo de negligência.
Ainda segundo Ferraz, durante os exames na UPA em momento algum os médicos suspeitaram que a criança pudesse estar desenvolvendo uma trombose venosa profunda, que é um processo lento, doloroso, mas não perceptível ao exame físico.
Conselho Regional de Medicina de SP aguarda conclusão do inquérito policial
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), de São José do Rio Preto vai aguardar o resultado das investigações que estão sendo feitas pela Polícia Civil de Olímpia. O órgão classista também abriu sindicância e acompanha o caso.
Segundo a informação divulgada na sexta-feira, dia 8, pelo jornal Diário da Região, daquela cidade, o diretor regional Pedro Teixeira Neto, a investigação aguarda a conclusão do inquérito policial.
Também de acordo com o presidente do Cremesp, um delegado do conselho já foi nomeado para acompanhar a apuração e colher os depoimentos dos envolvidos.
O Cremesp afirma que vai investigar se houve erro ou omissão dos profissionais que atenderam o garoto Pedro Henrique Pereira de Jesus, que faleceu aos 10 anos de idade, devido a uma embolia pulmonar decorrente de trombose venosa profunda após torcer o tornozelo na escola, na cidade de Olímpia.
A família do garoto acusa negligência dos médicos depois de ele passar oito vezes pela UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do município em menos de sete dias. Mesmo reclamando de muita dor, Pedro sempre era medicado e liberado. Ele morreu 10 horas depois de dar entrada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Infantil do hospital Padre Albino, em Catanduva.
Porém, quando chegou lá seu estado de saúde já era considerado gravíssimo. Segundo o presidente do Cremesp disse na ocasião, o conselho vai inicialmente solicitar os nomes dos médicos e enfermeiros responsáveis pelo atendimento por onde o garoto passou, além dos laudos sobre a causa da morte para uma análise.
A investigação ocorre independente de representação da família. “É um caso difícil, em que infelizmente houve uma morte. Vamos ouvir os envolvidos antes de tirar qualquer conclusão”, disse. Teixeira Neto, que na mesma ocasião afirmou ainda que não havia prazo para concluir a investigação.
O caso foi comunicado ao órgão pelo diretor técnico da UPA, médico José Carlos Ferraz. “Dada a repercussão do caso entrei em contado com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Eu relatei o caso e eles vão proceder uma sindicância”, afirmou na oportunidade.
No entanto, também afirmou a imprensa de Olímpia que não acreditava em falha ética dos médicos que atenderam Pedro Henrique: “Eu acredito que não”.
Praticamente um mês e meio depois e ainda sem ter informação oficial a respeito da investigação que está sendo realizada pela Polícia Civil, a morte do menino Pedro Henrique Pereira de Jesus, que faleceu aos 10 anos de idade, na tarde de uma terça-feira, dia 17 de setembro, volta a fazer parte do noticiário regional.
TEMA DE EDITORIAL
Mas o assunto foi tema do editorial do jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, na edição da quarta-feira, dia 30 de outubro, comparando à morte do garotinho Willian Henrique, de apenas dois anos, que morreu depois de ter contraído catapora e passar por pelo menos quatro médicos naquela cidade.
Tal qual o que aconteceu com Pedro Henrique, que sofreu uma corriqueira torsão de tornozelo e foi várias vezes atrás de atendimento médico, Willian Henrique morreu de catapora depois de passar por pelo menos quatro médicos.
Assim como com Pedro Henrique, apesar de todos os sinais que o quadro da criança apontava no sentido de exigir medidas mais efetivas para o tratamento, seu caso foi empurrado dia após dia até o desfecho trágico.
“Infelizmente, esse caso não é uma exceção na região. Em setembro, Pedro Henrique, um garoto saudável de dez anos, morador de Olímpia, que sofreu uma corriqueira torção no tornozelo ao brincar na escola, morreu num hospital de Catanduva após peregrinar durante uma semana por inúmeros postos de atendimento. Em ambos os casos, ao menos um médico afirmou que as crianças estavam fazendo manha. Como se viu, não estavam”, diz trecho do editorial.
O editorial afirma que nos casos de Olímpia e Rio Preto não faltaram médicos e nem estrutura. “Também não eram casos de extrema complexidade, pelo contrário, uma catapora e uma torção de tornozelo”.
“Como sempre, as autoridades de saúde das cidades deram as mesmas respostas pré-fabricadas já conhecidas. Afirmam que os casos serão investigados e, se houver responsáveis, eles serão punidos. Mas sabe-se que a norma é que o corporativismo prevaleça em episódios como esses, que serão esquecidos antes que a próxima tragédia ocorra”, cita outro trecho.
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