05 de maio | 2013

Seita Jesus a Verdade que Marca volta a ser alvo da Polícia Federal

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A seita religiosa “Jesus a verdade que marca”, que segundo consta, teria entre seus diretores pessoas que têm familiares radicados em Olímpia, voltou a ser alvo da Polícia Federal (PF). Pelo menos um membro, cujo nome não foi divulgado, chegou a ser preso no dia 23, acusado de apropriação indébita de cartões do programa “Bolsa Família” e de aposentadoria.

Esse membro foi flagrado na operação Canaã, no Sul de Minas Gerais. Com ele foram encontrados cartões do programa Bolsa Família, do Governo Federal, e da Previdência Social que, segundo o delegado João Carlos Giroto, que comandou a operação, pertenceriam a pessoas integrantes da seita.

Essa pessoa foi presa durante mais uma fiscalização que apurava suspeitas de que os seguidores da seita trabalhavam ilegalmente em fazendas e comércios da igreja, mas não foi comprovado o trabalho escravo.

A PF suspeita que o grupo religioso estaria organizado em associações para facilitar as movimentações financeiras e manter trabalhadores em situação análoga à escravidão.

A ação, que também teve a participação do Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério Público do Trabalho, fiscalizou fazendas e estabelecimentos comerciais da seita. Segundo a PF, a seita é oriunda do Estado de São Paulo, mas em 2005, mudou-se para Minas Gerais. O grupo religioso atua nas cidades de Minduri, Andrelândia, Madre de Deus e São Vicente de Minas, todas na região sul do estado mineiro.

A assessoria da Polícia Federal disse que algumas pessoas que faziam parte do grupo procuraram ajuda e relataram aos policiais que os integrantes são cooptados pela seita e obrigados a vender todos os seus bens materiais e doar o dinheiro para os líderes do grupo. O argumento usado pelos líderes da seita é de que os integrantes deveriam “viver isolados e desprendidos dos bens materiais, onde tudo é de todos”, diz a PF.

As investigações também apontaram que os líderes da seita circulam em veículos luxuosos e submetem os adeptos a exaustivas jornadas de trabalho. A única recompensa que os seguidores recebem é a alimentação.

Ao todo, 82 policiais federais, sete fiscais do Ministério do Trabalho e um membro do Ministério Público do Trabalho participaram da operação, que recebeu o nome de “Canaã”. Conforme a polícia, se as denúncias forem confirmadas, os envolvidos podem responder por prática de trabalho escravo ou degradante. A pena prevista é de dois a oito anos de prisão, além de multa. Até a publicação desta nota, nenhum representante da seita se manifestou sobre o assunto.

FISCALIZAÇÃO

A investigação começou no ano passado. Consta que policiais federais e fiscais do ministério do trabalho e emprego estiveram ainda em casas e estabelecimentos comerciais.

Segundo o delegado, não foram encontradas provas de trabalho escravo, mas um homem acabou preso: “Em uma das fazendas, encontramos, em situação de flagrante delito, a retenção de um grande número de cartão de benefício do (Programa) Bolsa Família e também de benefício de aposentadoria por idade. Também documentos que trazem o indicativo da ocorrência de outros ilícitos por parte dos integrantes dessa associação”.

Para o delegado, os lideres da seita podem ter envolvimento político também. “Nós apreendemos documentos que indicam um possível arrebatamento de eleitores e integrantes da associação para fins políticos. Isso será averiguado posteriormente em vista da documentação apreendida”.

De acordo com a P, o grupo investigado se organiza através de associações e a suspeita é de que dessa forma sejam mascaradas movimentações financeiras e relações trabalhistas em que pessoas são exploradas.

Uma fábrica foi um dos locais onde foi cumprido mandado de busca e apreensão. “Foram lavrados autos de infração e provavelmente o Ministério do Trabalho deve estender a atividade dele, de forma a regularizar esses empreendimentos, basicamente os empreendimentos de natureza comercial que são as empresas que se localizam nos centros urbanos”, disse o delegado.

“Agora nós cruzaremos todos os elementos de informação coleta­dos, compartilharemos essa informação com a Receita Federal do Brasil a fim de que possa ser apurada essa situação de movimentação de valores”, acrescentou.

OUTRO LADO

No entanto, representantes da seita negam qualquer irregularidade envolvendo a comunidade evan­gélica. Além disso, segundo o advogado Leandro Campos teria afirmado ao jornal O Estado de São Paulo, a pessoa que teria sido detida na semana passada, seriam apenas associados da seita e não ocupariam cargos de direção.

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