16 de fevereiro | 2020

Vereador diz que membros da base recebem verba e não podem votar contra o prefeito

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BOMBA DA SEMANA!        “A banana tá comendo o macaco e nós não estamos percebendo (…)”

“Quem é da base tem que votar a favor de um projeto importante desse. E quem é da base? Quem é beneficiado, quem recebe verba do executivo é da base”.

O vereador José Elias de Moraes, o Zé das Pedras (PR), na sessão da Câmara local, na segunda-feira, 10, ao se manifestar e justificar seu voto favorável ao empréstimo de quase R$ 1,2 milhão para comprar ares-condicionados para as escolas municipais, acabou se expressando de forma dúbia, dando a entender que por receberem verbas da prefeitura, os vereadores da base não poderiam votar contra os projetos apresentados pelo prefeito Fernando Cunha.

Em meio a um discurso confuso, em certo trecho, Elias destaca: “Quem é da base tem que votar a favor de um projeto importante desse. E quem é da base? Quem é beneficiado, quem recebe verba do executivo é da base. Tem os seus projetos, seus interesses e vota contra. Eu não consigo entender, eu tô aqui no meu quinto mandato e eu não consigo entender”

MONTAGEM COM DE CLARAÇÕES E CRÍTICAS CIRCULOU NA INTERNET

O discurso acabou repercutindo na internet, tendo o trecho, em vídeo, extraído da transmissão da Câmara, sendo utilizado em montagens que também utilizaram os comentários feitos pelo jornalista e editor desta Folha, José Antônio Arantes, no programa “Cidade em Destaque” transmitido pelo Face­book, Youtube e pela rádio Cidade (98.7 MHz).

O jornalista ressaltou a infelicidade de Zé Elias, que acabou dando a trans­parecer que os vereadores da base do prefeito, seriam meros paus-mandados e que em troca das verbas ou benesses seriam obrigados a fazer o que o mandatário queria, fugindo totalmente da obrigação da própria função que é legislar e fiscalizar a aplicação do dinheiro público.

VEREADOR DE OPOSIÇÃO RECEBERIA VERBA DO MUNICÍPIO

Continuando o discurso, Zé das Pedras deu a entender que um vereador que ia votar contra recebia verba do município. “Você sabe de quem eu tô falando, Olmos, de quem é base e vota contra o projeto prefeito. Você sabe do que eu tô falando, não vou citar nome aqui. Não só eu sei, todo mundo sabe. Então, eu acho que tem alguma coisa errada. A banana tá comendo o macaco e nós não estamos percebendo, é o que tá acontecendo aqui”.

Elias também cita Gus­tavo Pimenta destacando que tal vereador teria afirmado que era a favor do projeto, mas iria vota contra. “A favor e contra? É a mesma coisa de chegar na eleição e o cara falar eu gosto de você como candidato, mas não voto em você”.

E continuou: “Eu tô no meu quinto mandato, não tô entendendo nada aqui nessa casa de leis. Não tô entendo nada porque um projeto que você é favorável, mas você vota contra. Se eu que sou vereador no meu quinto mandato, sou um pequeno empresário, trabalho pra população há muitos anos não tô entendendo, imagina a população. Ela vai entender o quê? Então, eu não entendo. Se o dr. Gustavo Pimenta souber me explicar que é a favor e vota ao contrário. Eu queria saber, se ele puder explicar pra mim. Eu vou sair dessa Câmara aqui no final do ano sem entender. Então, me desculpa, dr. Gustavo Pimenta.”

A RESPOSTA DE PIMENTA:DESELE GANTE DISCUTIR  ISSO EM PLENÁRIO

O vereador Gustavo Pimenta, por sua vez, na sequência, tentou explicar a Zé das Pedras a situação e a própria consequência do que este havia levantado sem perceber. “Tá desculpado, Zé, e não fica triste, não. Aqui é casa de debate. Eu só vou chamar atenção em relação ao que você usou. Se eu não citar a palavra correta, já peço desculpa também. ‘Quem é da base recebe benefício’. Eu não recebo benéfico, não sou da base. Isso foi dito aqui. Então “quem é da base recebe benefício, não me inclua. Vou tentar ser o mais claro possível. O cara recebe voto, ganha a eleição, mas ele ganha a eleição de modo escuso, ele não leva. Então você fala que a gente é a favor do projeto e vota contrário. Ninguém falou que é a favor do projeto, nós somos favoráveis a colocação de ar condicionado em todas as escolas, inclusive na rede estadual. O que nós somos contra é o projeto de empréstimo. Nós es­tamos votando aqui projeto de empréstimo, nós não estamos votando colocação de ar condicionado; nós não estamos votando instalação elétrica, nós estamos votando empréstimo. É uma aqui­sição no Banco do Brasil de mais de um milhão de reais”.

E complementou: “Nós estamos discutindo questão de quorum. Pode até aprovar o projeto, mas se o quorum não tiver correto lá na frente vai declarar inconstitucional a lei. É isso que nós estamos discutindo aqui. Outra questão que foi bem discutida aqui, o quorum. Eu insisto, tem que ser maioria absoluta, tá ali até a lei orgânica. Então, essas situações do problema da base, quem tá sendo beneficiado e quer pular fora do barco, não me envolva e acho até deselegante discutir isso aqui em plenário. Então são essas as considerações, só estou falando isso porque eu fui citado, mas mantenho a minha posição. Paciência.”

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