30 de março | 2009

Vítimas chegam através Secretaria da Educação

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 Normalmente as vítimas de pedofilia chegam à clinica de psicologia para iniciar um tratamento através da Secretária Municipal de Educação. São professoras que detectam mudanças no comportamento das crianças e iniciam a movimentação. A partir dos primeiros testes, inclusive com os pais, chega-se à conclusão de que se trata de uma vítima de pedofilia. Estas informações foram passadas à reportagem desta Folha da Região pela psicóloga clínica, Sonia Queiroz (foto), especializada em psicanálise.

"Normalmente a professora detecta que alguma coisa está errada com essa criança, ela não está prestando atenção (às aulas), está desatenta ou agressiva com outras crianças. Quando elas vêm com esse quadro, com testes, com anaminésia que é feito com os pais, acabamos detectando que houve algum problema e descobrimos que essa criança foi vítima de pedofilia", explica.

As crianças chegam sempre muito abaladas e demonstram isso ao se calarem sobre o que aconteceu e são agressivas: "Com conversas, testes e desenhos delas é que vamos conseguindo avaliar e a criança acaba contando depois, quando vai se sentindo mais a vontade e integrada. Ela sente confiança e consegue relatar o que está acontecendo com ela".

Um dos pontos que devem ser observados pelos pais é maneira como seus filhos estão vivendo dentro da própria casa. "O filho sempre vai se tornar arredio. Se isola e não quer saber de sair de casa e muitas vezes ele quer ficar só escondido", explica.

Ocorre até de perderem a vontade de comer e pára de se alimentar direito, passando a ser agressivo na escola. Queiroz recomenda que os pais precisam observar esse tipo de comportamento e qualquer tipo de mudança que observe.

"Porque uma criança não muda de um dia para o outro. A criança pode ter os comportamentos dela, mas de um dia para o outro ela não muda e se existe uma mudança brusca, é preciso tomar cuidado e prestar atenção no que está acontecendo", ensina.

Extrapolando

Sônia Queiroz explica que, atualmente, o assunto é meio complexo, o que dificulta identificar quem está mais sujeito a ser uma vítima: "Algum tempo atrás a gente sabia que as meninas e meninos, a partir de nove anos de idade, estavam mais sujeitos a pedofilia nessa parte da pré-adolescência e até a adolescência. Hoje você vê casos com criança de dois anos e até com criança de um ano". Porém, indica que a maioria ocorre na faixa etária dos nove anos até os 14 anos. "Essa é uma faixa de risco, mas estão extrapolando", acrescentou.

No caso do pedófilo – a pedofilia é uma doença e tem que ser tratada e muito bem diagnosticada – Sonia Queiroz explica que não se trata de fator sócio-econômico: "é aquele que foi abusado e foi violentado (na infância). Independe de ser pobre ou rico. É mesma coisa que as drogas, não há uma classe econômica predominante".

De acordo com Queiroz, a pedofilia pode ser praticada tanto pelo homem, quanto pela mulher. "Qualquer um. Tem mulheres que abusam tanto de meninos quanto de meninas. Acontece que se fala mais dos homens, mas existem muitos casos de pedofilia feminino".

Por outro lado, até que não são poucos os casos de tratamento de vítimas de pedofilia. "Já tratei algumas vítimas de pedofilia, inclusive de padrasto, do próprio pai e do tio. Alguns casos a gente tem. Como a gente atende muitas crianças aqui na clínica, então você tem casos graves de atendimento", finaliza.

 

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