28 de outubro | 2018

A eleição do terror, ou, entre a ditadura e a democracia?

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Do Conselho Editorial

Não é normal e nunca houve em uma eleição no Brasil tantas ameaças e com conteúdo tão agressivos como esta que será decidida no próximo domingo.

Desde o início das discussões em relação a quem deveriam ser os candidatos que iriam disputar o palácio do planalto que a polarização vem em um crescendo de violência inconcebível.

Geralmente a polarização se dava entre o PT e o PSDB e, em que pesem as divergências ideológicas presentes na vida partidária e nos discursos dos filiados e dos candidatos que representavam estes partidos, a discussão circulava muito mais no nível das baixarias e das propostas a ser combatidas por ambos, que ameaças e fatos criminosos como se está vendo nesta eleição.

O fenômeno que já se apresentava no primeiro turno ganhou intensidade no segundo turno com a ida de Bolsonaro e Hadadd para a disputa.

Jair Bolsonaro intensificou seu discurso de ódio e as ruas sentiram o significado do estimulo de alguém à agressividade, muitos eleitores ou simpatizantes da candidatura contrária foram e continuam sendo agredidos como se fosse proibida a escolha que não fosse a determinada pelo movimento fascista que se esboça no país.

O líder da extrema direita, Jair Bolsonaro, com seu discurso violento e radical conseguiu ser alvo de críticas de Marine Le Pen, a representante da ultradireita da França, reacionária, fascistóide, que afirmou que ele não seria, com este discurso de violência, candidato a presidente na França.

Os principais jornais do mundo destacam sua virulência e alertam para o abismo que o país se joga caso eleja para presidente alguém tão autoritário.

É de se notar, no entanto, a construção no imaginário popular de que se eleito alguém do PT poderia haver no Brasil a implantação de uma república socialista, ou que seria abolida a religião.

Há erros grotescos visíveis no partido que, no entanto não se referem a autoritarismo e violência, que é discurso que transborda na eleição para provocar medo e temor.

Destes erros há que se apontar o aparelhamento do estado e o nível de corrupção na máquina administrativa.

Muito embora o adversário atue com a violência em razão da insegurança que se vive no país e aponte a posse de armas como solução é exatamente no aspecto econômico e no combate a corrupção que seu discurso deixa espaços para se visualizar que seu governo será um salto no escuro.

De três de suas indicações para ministérios divulgadas, duas tem envolvimento em casos de corrupção e seu Ministro da Fazenda acaba de ser denunciado pelo MPF, pelas mesmas razões que muitos petistas estão atrás das grades.

Há uma convulsão social, o país esta desacreditado no exterior, TSE e STF acuados e desmoralizados pelo candidato e seus filhos, eleitores contrários em polvorosa pela ameaça de ser expulsos do País ou presos. Não há condição mínima de que alguém assim possa pacificar o país.

Não bastasse a irresponsabilidade da denúncia de urnas fraudadas, impeachment e prisão de ministros e fechamento do STF por um cabo e um soldado, quase vinte universidades foram invadidas sem mandado com a singela explicação de que poderiam estar promovendo campanha contra o candidato, quando debatiam o crescimento do fascismo no Brasil.

Nada mais relevante ou comprovador de que o fascismo está ai e que esta eleição divide bem a nação em duas opções distintas que não tratam exatamente dos candidatos e sim do que se pretende para o futuro.

A nação está dividida entre os que ameaçam e os que se sentem ameaçados, entre os que ficarão no país e os que serão expulsos, entre os que serão livres e os que serão presos, entre os que serão mortos e os que se manterão vivos.

Pastores, padres, bispos, jornalistas, professores, jornais, televisões, deputados, senadores, gente do povo sendo perseguidos e ameaçados como se o Haiti já houvesse se instalado aqui.

Travestis, lésbicas, negros, nordestinos, alvos de violência.

Gente assassinada friamente por simpatizantes do fascismo somente por divergir de uma única corrente política que o mundo está denunciando estarrecido porque nunca imaginaram que pudesse ser assim no país do carnaval.

Isto está claro e evidente, é real, os fatos demonstram e também demonstram as pesquisas que a disputa reafirmará uma nação dividida exatamente ao meio, com um número relativamente pequeno de votos entre um candidato e outro o que equivale a concluir que este país será uma democracia ou uma ditadura fascista depois de domingo.

E, mesmo que desejem os bem intencionados, diante do que se viu e se viveu, o Brasil nunca mais será o mesmo, elegendo um ou outro.

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