06 de setembro | 2015

A maldade cometida contra o Ribeirão Olhos D’água

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Do Conselho Editorial

O ser humano, muitos entendem, interpreta a palavra modernidade de uma maneira que contraria o equilíbrio que deveria haver entre o ser humano e a natureza.

A canalização do riacho que atravessa a cidade, cantada em prosa e verso, divulgada como solução pela mídia atrelada ao poder executivo, como esteticamente louvável e que dará um aspecto muito belo à cidade contemplando os olhos dos turistas de beleza e encanto, não é muito mais que uma aberração do ponto de vista ambiental.

Administrador algum evoluído ou progressista enxergaria como avançada uma proposta que retira do riacho exatamente o que ele poderia ter de mais significativo, a vida.

Exatamente isto que o trabalho desenvolvido no rio está fazendo, tanto que peixes e tartarugas que já estavam sendo observados naquele trecho já buscam lugares onde a possibilidade de existência se amplia.

Qualquer pessoa mais atenta observaria que esta resposta da natureza sinaliza para o óbvio, aqui neste lugar onde a natureza se manifestava instalaram um deserto artificialmente muito bonito com árvores exóticas e expulsão do ambiente nativo para outras paragens e outras e outras até que não exista mais.

O presidente dos Estados Unidos Barack Obama entrou firme na campanha contra o aquecimento global.

Ele vai fazer uma caminhada no Alasca para mostrar o derretimento das geleiras e participar de um reality show, destes que mostram a capacidade da pessoa sobreviver no ambiente selvagem

Entre os objetivos de Obama está mostrar o derretimento das geleiras do Alasca e também a erosão provocada pelo oceano, efeitos do aquecimento global para forçar as maiores potências do mundo a reduzir a emissão de gases do efeito estufa e que esse acordo saia logo na Conferência Mundial do Clima, que acontecerá em Paris, em dezembro.

Os jornais cobram se Obama irá fazer o dever de casa, por considerarem que os Estados Unidos só perdem para a China em termos de poluição.

O leitor deverá estar se perguntando a razão da citação da questão ambiental envolvendo os Estados Unidos, Obama, o mundo e um riacho que atravessa o município de Olímpia que vê seu leito e fundo destruído pe­la visão retrógrada dos go­vernantes locais.

Simples, enquanto o mundo dito civilizado volta suas baterias para a discussão do resgate ou do que pode ser feito para conter os efeitos que a poluição trará para a continuidade da vida na terra, nossos desinformados governantes viajam na contramão da história.

Milhões que poderiam ser utilizados para a recuperação do potencial do riacho serão utilizados exatamente para agredi-lo e destruir o pouco de vida que resistiu há anos e anos de maus tratos.

 Milhões em concreto armado serão despejados fora para conferir ao espaço de convivência humana um aspecto higienizado, belo, que em tempo não muito distante, como as obras anteriores, clamará por reformas, e mais dinheiro, e mais dinheiro, a mãe natureza será relegada em suas necessidades de sobrevivência a um segundo plano.

Os trogloditas sem imaginação que defendem a modernidade a qualquer custo como papagaios que repetem velhas fórmulas de convencimento tentarão passar a ideia de que a ideia copiada do que foi feito no rio, e criticado, por quem defende a natureza, há anos atrás, dirão que esta ideia velha é muito moderna e atual, ou necessária.

Que evitará enchentes, que cumprirá o papel de embelezamento que seus milhões investidos têm a obrigação de fazer e que o turista, sempre o turista, como se o cidadão olimpiense fosse nada ou ninguém, ficará maravilhado com a beleza do projeto.

No tocante a natureza, o meio ambiente, nenhuma palavra, pois não há o que pos­sa ser dito diante da realidade, o rio respirará menos neste trecho, terá menos vida e nos períodos de se­ca fornecerá uma imagem ri­dícula senão desastrosa em razão da crueldade que se cometeu contra ele.

As questões são mais profundas e vão além deste trecho, ela inicia na nascente do riacho e vai se estendendo até onde ele adormece poluído no Cachoeirinha, não sem antes despejar as podridões que são jogada em suas águas.

É uma pena que seja desta maneira, e ao que tudo indica continuará sendo assim até que provincianos desprovidos de imaginação não mais ocupem a cadeira de primeiro mandatário para tão somente imitar o projeto de outro ditador sem criatividade e consiga, como Obama e tantos outros líderes mundiais, perceber que a natureza e o rio precisam muito menos dos seres humanos do que os seres humanos precisam deles.

Diga-se de passagem a pena que a natureza irá cobrar será de morte e mesmo que muitos não gostem, se olhassem a volta entenderiam que esta pena não está muito longe de ser pronunciada.  

 

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