16 de agosto | 2020

A morte flertando com o caos

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“Está provado que grande parte desta
sociedade não é composta por humanos,
é composta por vermes que aceitam a
morte dos avós, pais, irmãos, tios, amigos em nome

da manutenção do privilégio, do bem
estar que acredita ter conquistado
em razão de sua empresa, de seus negócios”.
 

Do Conselho Editorial

Pelos números regis­trados de mortes na cidade e no país nos últimos dias não há a necessidade de nenhum exercício de futu­rologia ou adivinhações para se concluir que o país atravessará, em breve, pelo vale das sombras e de onde só voltará, se retor­nar daqui a muitos anos.

Se alguma razão existe nas falas do governante maior desta nação, esta razão reside exatamente quando prevê que a fome provocada pela desace­leração da economia e consequente desemprego matará muitos brasileiros após a pandemia.

Quem frequenta supermercados já nota as diferenças gritantes dos preços que compõem a cesta básica e quem tem se comunicado com as pessoas sabe que o nível do desemprego e a informa­lidade estão em alta.

O poder de aquisição da população caminha para a inanição e, de acordo com os economistas mais sensatos, quando for extinto o auxílio emergencial, o destino de grande parte da população será a mendicância e as ruas.

Pequenos e médios empresários que lutaram tanto contra as evidências científicas que pregavam o isolamento pensando em suas contas bancárias, se juntarão a massa de miseráveis e alguns compreenderão que o volume muito elevado de suas “ignorâncias” produziu sua destruição econômica.

Outros por tão tapados, por tão estúpidos, computarão as mortes ao destino e seus fracassos econômicos a vontade do todo poderoso e esperarão sentados na sarjeta outra tragédia para discordar, ou outro salvador da pátria que os tire do céu e os jogue no fogo ardente do inferno.

A falta de informação produz estupidez com a rapidez com que uma fábrica automatizada fabrica velas ou uma escavadeira abre túmulos, só não produz capacidade para visualizar o vendaval da desgraça soprando na direção dos idiotas.

E, em termos de imbecilidade total, parte do povo brasileiro provou e demonstrou que o dia que a estupidez pagar imposto, por mais que ganhe, não vai ganhar o suficiente para saldar sua divida com o fisco.

Grande parte das nações que hoje se encontram no caminho da normalização seguiu protocolos determinados pela ciência.

Os burros xucros e empacados que compõem parte da massa humana, os quadrúpedes da terra plana, da Cloroquina misturada com Ivermectina e ozônio retal optaram por comer grama vencida e contrariar as melhores indicações cientificas.

Como não poderia deixar de ser idêntica a manada de búfalos nas grandes pradarias que se assustam por um motivo qualquer, saíram em disparada na direção do abismo e se jogaram no infinito se impondo uma morte apropriada a quem não pensa.

Terrível é imaginar em tragédias outras, em que o cinema ou o prédio, ou a boate incendeiam e alguém anuncia no grito e no desespero que pessoas são pisoteadas, esmagadas pelo pânico por não haver calma, lucidez.

Muitos das vezes morrem em razão da falta de ponderação do todo, do conjunto, da forma equilibrada.

No caso da pandemia não se trata de uma tragédia provocada por incêndio ou bomba, onde o fator surpresa contribui para a ampliação da tragédia.

No caso do novo coro­navírus está a se constatar três ou quatro fenômenos próprios da raça humana: estupidez, ganância, ódio e falta de empatia.

Muitos foram sacrificados em nome do deus mercado, outros pela total falta de responsabilidade das autoridades, outros por fanatismo religioso, outros pela manutenção do poder e outros pela submissão, pela falta de indignação, por naturalizar a morte em grande escala.

Está provado que grande parte desta sociedade não é composta por humanos, é composta por vermes que aceitam a morte dos avós, pais, irmãos, tios, amigos em nome da manutenção do privilégio, do bem estar que acredita ter conquistado em razão de sua empresa, de seus negócios.

E alguns estão sendo enterrados aos montes sem levar um tostão sequer para o túmulo e deixando para trás outros para quem o dinheiro está acima da própria vida e que poderão ficar sem dinheiro ou sem vida em breve.


 

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