25 de outubro | 2015

As obras inacabadas de um governo que se finda

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Do Conselho Editorial

Por onde se anda na cidade se vê indícios de obras que parecem não ter chegado ao seu final, e o que é pior, parece que não chegarão nunca.

O governo de Eugênio José já naufraga nas águas profundas que o encaminha ao esquecimento, como de sorte e destino ocorre a todos os que governaram esta cidade com mão de ferro, e imaginação pouco fértil.

Há que se falar de uma vez por todas, Geninho foi apenas mais do mesmo, fez seu feijão com arroz a moda malufista, encheu a cidade de obras, mas não deixará saudades.

Se for lembrado, no futuro, como tantos outros que não tinham planejamento, previsão, noção de lógica, mas tinham excesso de populismo e vocação monárquica de distribuir feudos aos amigos e perseguição aos inimigos, será mais pelas obras inacabadas, que pelas construídas.

Muito embora tenha tentado seguir a cartilha de Maquiavel, como seus líderes do passado, leu muito mal o prefácio da obra ou parou no início, se contendo com as bajulações do pensador florentino e não seguiu adiante na leitura e no entendimento dos seus escritos.

Preocupado com votos e outras porções menores que o poder deixa à ponta da mesa esqueceu o principal, reinos começam e terminam, histórias não.

E o que irá restar de si, além de um notável número de questões judiciais pendentes a serem equacionadas, será o infortúnio de conviver com a amargura de que se cercou exatamente dos que mais facilmente esquecem o rei.

Basta outro rei surgir, rei morto, rei posto.

Tudo indica que o rito de passagem já começou, os nomes despontam por ai, e mesmo que faça seu sucessor, o que restará a si será o que sobra do passado.

E, o passado, por mais empenhado que tenha sido ao longo do mandato, por mais esforço que tenha despendido para demonstrar ter sido bom no que não foi, a história sempre cobra um preço e o dos derrotados costuma ser bem alto.

O número de amigos entre aspas que privilegiou, como Maquiavel mesmo lembrou, pode estar entre aqueles para quem pouco importa o rei, já que a lealdade que pregam gira em torno de si mesmo.

No entanto, os esquecidos, os premiados com a infidelidade, com a traição, com as promessas não cumpridas, estes estão, aos montes, esperando a hora da rendição, o último suspiro, para como abutres saciarem-se, como se saciou Eugênio do espólio do lanudo abandonado e esquecido.

Este último que é lembrado também pelo nome que pertence a família dos herbívoros ovinos, exatamente, na boca do que ainda está, exatamente pelo que não fez, deixou de fazer ou não concluiu, e cuspiu pra cima caiu na testa.

Este de nome, apelido, dos que a lâmpada mágica abriga, deixa genialmente um sem número de obras no abandono, inacabadas, algumas alvo de pedido de investigação por parte de um edil.

Há muito de negativo para ser lembrado na noite longa dos tempos, e será, com certeza absoluta, as vezes até com mais virulência do que quando invoca a anônimo para justificar certas faltas suas que atribui a herança maldita deixada pelo passado.

Sendo que até já se arrastou para passado mais longínquo, desconhecendo que Nicollo recomendava ou aniquilar o inimigo ou pelo menos fingir que se o admira até que se possa fulminá-lo.

Não foi isto o que ocorreu; as lições principais foram esquecidas e o povo pagou muito alto por tão pouco e irá cobrar a conta, e os que não são fiéis a nada, a não ser cargos, dinheiro e a si mesmo, se juntarão as vozes do populacho para fazer coro ao final de um tempo sem luz e sem sol onde o império das leis favorecia a quem se pensava estar do lado do rei.

 

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