12 de maio | 2013

Cadeia não é lugar de corrupto?

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Do Conselho Editorial

Avolumam-se as manifestações pelo Brasil no sentido de, efetivamente, se combater a corrupção que dá a impressão que chegou a patamares insuportáveis até mesmo para um país acostumado, desde sempre, a conviver com esta chaga que impede de forma significativa os avanços na direção da modernidade.

Mobilizações pelas redes, twiter e facebook, blog, jornais, rádios e televisão se não tiraram a maioria dos políticos de suas eternas convicções de impunidade pelo menos colocaram a problemática que os tira de sua área de conforto.

As eleições para o governo federal, governadores e deputados estaduais e federais que se aproximam obrigam que os discursos estejam pelo menos afinados com o que postula a grande maioria, e o que está pegando é a imoralidade no trato com a coisa pública.

Escândalos pipocando a torto e a direito pelo país afora deixam sem chão os que desejam permanecer no cargo votado, pela crescente onda de exigências do eleitorado cada vez mais ciente do valor de sua participação na escolha de quem vai representá-lo.

Motivo de muita preocupação para aqueles que, sabendo que o envolvimento em escândalos poderá tornar muito mais cara suas campanhas que já são milionárias. Para isto basta ver a ponta do início do novelo das revelações de investigações que dão conta de doações generosas de campanha de fornecedores do poder executivo para candidatos de suas preferências.

E, some-se a isto a parte também generosa que estes empreiteiros ou fornecedores repassam aos ocupantes do poder que são evidenciados na exposição de enriquecimento, rápido, de figuras que aparentavam dificuldades econômicas antes de serem eleitos.

O que pega, como dizem por ai, é a forma como irá se manifestar aqueles que dominam com maestria a informação na mídia paralela que se transformou a rede social.

Uma convocação para manifestações que antes atingia um público pequeno e maioria das vezes e não era bem sucedida, muitas vezes por não contar com a disposição da mídia, que acobertava, ou simplesmente não pautava o fato, hoje é coroada de êxito exatamente por contar com o desejo de pessoas antenadas e dispostas a discutir o coletivo que buscam suas tribos e repercutem seu desejo de mudança independente da autorização do cambaleante quarto poder.

O episódio do pastor que ocupou a Comissão dos Direitos Humanos é uma prova da libertação do sistema oficializado de informação onde antes o que era reproduzido para conhecimento de maioria passava pelo crivo dos editores.

Muito embora, por razões de ordem política, que não é o caso debater neste editorial, a grande mídia tenha tirado da pauta as manifestações contrárias a presença do pastor naquela comissão nas redes sociais, o fato continua repercutindo de forma desfavorável junto aos que divergem de sua presença, e fortalecendo, segundo seu partido, sua imagem nas bases.

Embora haja estas duas discussões para serem postas no debate, o que importa aqui não é discutir os reflexos de sua indicação e sim como se comporta e o alcance da informação que hoje independe da boa vontade dos grandes órgãos de comunicação para chegar nos interessados no debate.

Esta a grande preocupação da classe política, que para se perpetuar no poder arrisca uma ré nos seus discursos da arrogância e da prepotência que arrotava e apontava fé total na impunidade e pede exatamente o que deveriam temer, a punição para os corruptos e fim daquilo que os sustenta, a corrupção.

Mesmo que seja este mais um discurso para impressionar, a platéia observa que os personagens rebelarem-se contra os autores da peça bufa e clamam por mais realidade no texto e no contexto político.

Isto pode ser indicativo que poderá haver, como tem havido, modificações profundas no cenário político nacional, que demorará algum tempo para ocorrer em função das resistências, mais, tudo indica ocorrerá.

E pode ser que o povo brasileiro que antes não via e não acreditava que o político, o milionário, o empresário, o empreiteiro, aquele que tinha posses por fazer parte de um esquema de fraudes, não seria preso, pode ser que venha a viver esta realidade.

E prisão, a que se fala aqui, não é esta que se está se vendo por ai, que prende solta, solta e prende, prisão domiciliar, por pouco tempo, que embora seja pouco, já bem mais do que se tinha antes, porém, não é a que o povo quer e espera e deseja, e deveria ser a forma correta de punição para os que roubam o erário.

É aquela prisão que atinge o pobre, o oprimido, os que tentaram ascender socialmente roubando bica merda, coscorobas, bicos de pato ou qualquer me dá cá aquela palha, os que mofam na cadeia por quase nada comparado aos bilhões das empreiteiras que pagam apartamentos com piscinas e escritórios com piso de mármore.

Daquela prisão onde se amontoam banguelas para mofarem, desta que se fala aqui, desta onde servem quentinhas com bigatos, onde há uma latrina para mais de trinta defecarem, e um bico de água para banharem seus sofrimentos de gente sofrida, que, se talvez tivessem a oportunidade que os políticos tiveram talvez não fossem tão vergonhosamente salafrários como é a classe política brasileira em sua maioria.

Este lugar, esta cadeia é que os corruptos estão a merecer, e tomara que o movimento que se inicia neste sentido se fortaleça e traga este necessário resultado, lugar de corrupto não poderia ser no poder, teria que ser é na cadeia.

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