03 de dezembro | 2017

Câmara e caso celular do Salata: piorando o que deveria ser melhorado

Compartilhe:

Do Conselho Editorial

No editorial da semana passada foi discutido neste espaço que a representação legislativa tem dado mostras frequentes de que busca a direção da mediocridade que outras legis­laturas trilharam.

Desmontadas as arquibancadas circenses da pior representação legislativa dos últimos cem anos, retirados do centro do picadeiro os atores mambembes que conduziram o espetáculo mambembe que aquela casa patrocinou ao longo de quatro anos, com dinheiro público, instalaram-se novos personagens no espaço.

Esperava-se e as expectativas eram grandes de que os novos nomes superassem o desgaste imposto pelos péssimos representantes de si mesmo e começassem a atuarem em prol da população, até por conta das exigências populares deste período de Lava Jato e mídias sociais cobrando posturas mais avançadas dos homens públicos.

No início, a sensação era de que se podia esperar alguma mudança, senão significativa, pelo menos mais próxima do que pode significar a defesa dos interesses da população.

Não foi bem assim. Se prestando ao papel nefasto e nada moralizador da coisa pública, em evidente e clara intervenção do Poder Executivo, alguns vereadores traíram o voto popular e foram levados à condição de Secretários.

Frustrando a expectativa dos eleitores e reafirmando a velha e condenável prática coronelista da distribuição de cargos como cumprimento de promessa de campanha e evidenciando duas coisas:

Primeiro, que as campanhas eleitorais continuam o mesmo lixo de sempre com as eternas barganhas inconcebíveis e que alguns eleitos não deveriam ser votados, pois desmerecem o voto recebido e contribuem para reafirmar a falta de independência do Legislativo em relação ao Executivo.

Eleito o presidente, imaginava-se que o mesmo, com disposição a disputar no futuro o cargo majoritário, fosse fazer à frente daquela casa algum trabalho que o colocasse em evidência e resgatasse o nome do Legislativo do descrédito em que se encontrava e se encontra.

Nada disto ficou evidenciado, pelo contrário, afora uma ou outra voz mais combativa a Câmara parece um ninho de acomodados onde não se ouve um pio sequer de alguns que coloque relevância ou sirva de destaque na discussão relativa ao futuro da cidade.

Porém, na contramão da sua história de inércia, contrariando a alguns, em descuido legislativo foi aprovada CEI para apurar o possível sumiço de aparelho telefônico (celular) daquela casa; sumiço, segundo a denúncia levado a efeito pelo ex-presidente do Legislativo Luiz Antonio Moreira Salata.

Vale lembrar que Salata havia rompido com o governo atual em razão de ter sido expelido de uma secretaria, razão pela qual, nos meios políticos, tal CEI é tida como retaliação em razão do mesmo ter saído atirando na direção da administração que até então prestigiava.

Foi dado ao caso, como é comum ao vereador Antonio Delomodarme que denunciou o possível sumiço do aparelho, uma relevância bastante acentuada e o assunto ganhou proporções nas mídias sociais e nos jornais locais, sendo alvo de vários boletins de ocorrência lavrados pelas partes.

Agora, e no editorial passado, se falava nisto, o mesmo vereador insinua que ex vereadora e Secretaria de Assistência Social pode ter reformado carro que havia sido entregue e reformado pela Câmara à sua pasta.

Tanto quanto a denúncia anterior, do celular que se alega possa ter sido utilizado indevidamente, quanto esta do carro que se sugere tenha sido reformado duas vezes, em tempo de combate feroz ao sistema de corrupção, são graves e deveriam ser apuradas a fundo, doa a quem doer.

No entanto, os ares que sopraram esta semana nos bastidores dão conta de que Salata se reaproximou de Cunha e que a fala de que o governo instalado entendia que austeridade significava neurose, péssima educação e dese­quilíbrio emocional já está sendo adocicada na boca do vereador, ex-secretário, que no seu histórico sempre primou por ser um camaleão, tendo seus discursos várias cores de acordo com suas intenções e interesses.

Se verdadeiro for o retorno, como se anuncia por ai, o vereador, e “camaleônico”ex-secretário já superou as ‘atitudes neuróticas’ e ‘a pornografia das fofocas’ que ouviu a seu respeito.

Andam falando que o retorno do que não foi, do que sempre viveu das benesses do poder, passa, nas negociações pelo fim da CEI que apura o sumiço do aparelho celular, em síntese, a Cei do vereador Niquinha pode virar pizza.

O vereador que propôs a Cei, pelo que se sabe e se ouve por ai, afirma que irá até o final na sua proposta investigativa.

E de outra forma não poderia ser. A cidade não aguenta mais estas denúncias que eram feitas, ou são feitas para calar o adversário, que cheiram a futuras negociações e a esconder coisas bárbaras de bastidores sujos, podres e corruptos.

É preciso dar uma resposta, sem perseguições ou retaliações a esta e a denúncia da possibilidade do carro ter sido reformado duas vezes com dinheiro público, sob o risco de ampliar ainda mais a desconfiança e o desrespeito que se tem do legislativo local e apontar de forma indireta quase direta que o Executivo o trata como marionete puxando as cordinhas e o movimentando de acordo com seus desejos.

E, como bem alertou em sua fala de volta à Câmara, o vereador Luiz Antonio Moreira Salata, “no campo da pornografia política, a população não merece ouvir o que passou nos bastidores”.

Isto deveria bastar para perceber que porcos e farelos se misturaram há tempos e que o desgaste talvez seja provocado pela lama em que parecem estarem chafurdados.

 

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas