29 de março | 2020

Carreata é covardia e só prova medo da morte e desapreço pelo trabalhador

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“Fossem sérios e acreditassem no que propagam fariam passeatas, todos próximos, juntos e misturados e sem máscaras.”

Do Conselho Editorial

Aqui em Olímpia e em muitas cidades do Brasil aconteceram carreatas promovidas por patrões, comerciantes, empresários, industriais e latifundiários para que não haja mais isolamento para conter o Corona vírus.

É a irresponsabilidade da fala do presidente da república se multiplicando, fazendo ondas na contramão da recomendação da Organização Mundial de Saúde, parte significativa dos médicos e da maioria dos pesquisadores do assunto.

Alguns países tentaram conter a pandemia indo em direção contrária a estas recomendações à guisa de salvarem a economia e o que vivem hoje é o desolador cenário de guerra com um número crescente de mortes aliado a certeza de que terão problemas econômicos maiores do que se tivessem seguido as recomendações.

Para ficar em dois exemplos, a Itália está vivendo além do limite da sua capacidade de atender pacientes e a quantidade de mortos tem sido assustadora, segundo relatos de italianos que postam nas redes sociais vídeos falando do horror que estão vivendo.

Os Estados Unidos, cujo presidente o presidente do Brasil segue cegamente, até em seus gestos mais imbecis, que não são poucos, declarou que a pandemia fugiu de controle nos EUA e que muitas mortes ocorrerão em razão desta situação.

Nos dois países pondera-se que a perda de controle sobre a propagação do vírus se deve ao fato de seus líderes não terem levado em consideração a recomendação da observação da quarentena quando se detectou os primeiros casos.

Estes países estão parados, em quarentena e a constatação de que suas economias sentirão o reflexo deste surto em escala muito maior do que sentiria estão sendo analisadas e tidas como inevitáveis por economistas e acadêmicos.

Em razão da estupidez e falta de sensatez destes governantes, o custo da paralisação em razão da pandemia está sendo muito maior e o período de isolamento terá que ser maior que o previsto com conse­quência negativa para o PIB no futuro.

Observa-se, por outro lado, que estas nações são milionárias e têm suas estruturas estatais bastante resolvidas, ao contrário do que ocorre no Brasil.

A grande questão que ronda o coronavírus poderia se resumir a falta de equipamentos, entre eles UTI e respiradores, já que a maioria das cidades brasileiras não conta com estes dispositivos. Outras contam com quantidade insuficiente para a demanda, caso haja vários casos ao mesmo tempo.

Este o quadro em que se encontra o país.

Não bastasse, mal informado, cujos seguidores, assim como ele, não creem na ciência e valorizam o econômico em detrimento da vida.

E foram estes seguidores, igual manada dar suporte a loucura evidenciada pelo líder de que o vírus não passa de uma simples “gripinha” e que todos deveriam voltar ao trabalho e o país deveria voltar a vida normal em nome do cifrão, do deus dinheiro, que parece ser a única coisa que importa na vida deles.

Para isto pouco importa quantos venham morrer ou como será o cenário econômico se a imprudência demonstrar que a situação pode descambar para as situações trágicas da Itália e dos EUA e de outros países.

O presidente está apostando que os cuidados tomados pelos estados e municípios conterão os estragos causados pela pande­mia e seu discurso sobre a “gripezinha”, mesmo equi­vocado, parecerá como correto para seus seguidores.

Contrário a isto, e este é um dos cenários possíveis, o país viverá uma tragédia comparável ao que ocorre em guerras e que está acontecendo em muitos países onde a loucura se sobrepôs a razão.

Em muitas cidades patrões inconsequentes saíram em carreatas pedindo ou quase obrigando a volta de seus escravos à senzala em uma demonstração mais que evidente de que patrões neste país só tem o dinheiro a seu favor, o trabalho e o sistema de produção estão nas mãos do operário, do trabalhador.

E sem este sistema produzindo não haverá mordomias para o explorador de mão de obra barata, razão pela qual se desesperam e como no período escravista colocam o escravizado como bucha de canhão à frente do perigo de vida já que a vida dos operários parece valer menos que o lucro, o vil metal.

Porém, para não se contaminarem, foram as ruas com os carrões zero quilômetro demonstrando toda a ostentação, o luxo e o conforto que se negam a perder à custa da própria morte do outro.

Fossem sérios e acreditassem no que propagam fariam passeatas, todos próximos, juntos e misturados e sem máscaras.

Mas não, foram às ruas de carro, alguns prevenidos com máscaras e álcool gel, como contradição que mais que prova que o contágio é perigoso, pode matar e mata.

Isto a eles importa pouco, importa mais o lucro e se o defunto é ou não seu parente.    

Ao que parece, para esta gente insensível, como no tempo da escravidão, empregado não é gente, é mercadoria que pode ser trocada por outra a qualquer momento.


 

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