30 de junho | 2019

Como discutir a imparcialidade se tudo é fruto da imaginação?

Compartilhe:

“Como posso ser isento de qualquer parcialidade, se sou humano, descendente de ditadores, formado por uma educação regional conservadora, castradora e que é diferente de centenas de regiões do planeta? Como expressar a verdade se a minha realidade é descrita de acordo com o que vejo e sinto e transformo em imagem+ação?”.

Mestre Baba Zen Aranes.

O BRASIL HOJE …

… está dividido em dois lados de uma mes­­ma moeda. De uma mes­ma realidade entristecedora, mas que este colunista sonha que seja uma fase que poderá resultar em algo melhor em termos de evolução.

TODO MUNDO …

… virou dono da verdade absoluta. Ninguém mais se conforma em que sua verdade possa ser diferente da do próximo. Quer exigir que o outro veja e des­creva as coisas da mesma forma que ele. Acredite nas mesmas coisas. Se não pensa como eu, não pertence à minha tribo e não pode conviver comigo.

AÍ, FAMILIARES …

… viram a cara uns com os outros, amigos deixam de ser amigos, como se fos­­se uma guerra das idei­as, um conflito atômico, mas onde as bombas despejadas seriam teses e defesas de pontos de vistas conflitantes.

A NINGUÉM …

… é dado o direito de divergir, de pensar diferente, de enxergar as coisas de ma­neira diferente. Tem que ter método, o meu mé­todo, com a minha forma e o meu conteúdo, senão não presta, é como se tivesse uma “lepra” cerebral (a lepra era uma doença grave na antiguidade e o leproso era obrigado a viver isolado da sociedade).

E  AÍ, …

… para defender o que penso, não importa a história, não importa a geografia, a filosofia, a matemática, a física, a química, a biologia, a filosofia, a sociologia, não importam os milhares de “pensadores” que dedicaram as suas vidas para tentar entender um pouquinho de alguma coisa que fosse mais próxima da realidade possível. Aliás, não importa nem mesmo a própria linguagem, a base de tudo, num país em que a maioria esmagadora aprendeu as palavras, mas muito pouco do que elas significam em conjunto, ou seja, não con­­segue ler e interpretar um texto.

AÍ, SÃO VISTOS …

… argumentos esdrú­xu­los que não resistem ao con­fronto com formas universais, ou seja, que são imaginadas por quase todos. Para defender seus pontos de vista não importam em colocar chi­­fre em cabeça de cavalo, teimar que o elefante é menor que o cachorro, ou mesmo que todo ladrão que tem que ser morto es­tá do outro la­do, o do nosso lado é a­penas um in­com­­pre­endido da sociedade.

DE TODOS …

… os lados se vê um gran­de número de teses insustentáveis para justificar o injustificável, como se tudo fosse uma questão de torcida de futebol, quan­do na verdade o que está em jogo é a própria vida, nossa e de nossos descendentes.

AÍ, COBRAM …

… do artista, do jornalista, do professor, dos escritores, dos intelectuais, que sejam imparciais, ou na ver­dade que a­dotem a hipocrisia de que­rer dizer que a imparcialidade existe.

ESTE TEMA, …

… inclusive, é objeto de estudo deste ser que vos escreve, desde o início de sua adolescência, quando começou a se perguntar o que era, o que estava fazendo neste lugar, neste planeta, enfim, como poderia explicar a própria vida.

O GRANDE …

… choque inicial foi conhecer o tal do sistema cog­nitivo, ou seja, como era o processo de entendimento.

ORA, NÃO É …

… fácil aceitar que tu­do, mas tudo mesmo, que entrou dentro da sua cacho­la, desde o seu nascimento (ou antes), foi através dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar). Ora, estes não são tão confiáveis assim, pois além de a gente se enganar constantemente, tudo se transforma em imagens mais a­ções e, ao depois, a imaginação é traduzida para símbolos que nada mais são do que a descrição das ima­gens+sons+che­i­ros+sa­bores+mo­vi­men­tos que assimilamos.

ORA, PERGUNTARIA …

… o Zezinho que existe dentro de mim, lá do fundo do inconsciente, escon­didinho em algum cantinho, então você está querendo dizer que tudo é fruto da imaginação? Pois sim, responderia o lado E­lefarantônico descendente de Português.

BOM, …

… e o pensamento, o ra­ciocínio, a reflexão, todos teriam por base e seriam fruto da imaginação? Sim, de qualquer um, pois o pro­cesso é i­nerente a todos.

BOM, …

… deixando bem claro que tudo o que imaginamos até aqui também é fruto da mera imaginação deste colunista, claro, pensada e refletiva conjuntamente em conjunto com vocês, segundo alguns te­ó­­ricos da área, todo animal é capaz de transformar a luz refletida, o som, o cheiro, o paladar, o tato, em imagem. Mas o ser hu­mano, como é ensinado pelos pais a transformar estas imagens em símbolos (a sopa de le­tri­nhas escritas ou sonoras) vira o bicho homem e consegue comparar estas cenas, re­me­morar i­magens do passado e i­maginar o futuro e, comparar tudo, para chegar a uma conclusão.

PORTANTO, …

… pelo entendimento a­dquirido por este ser que tem trombas, cada um é formado ou formatado, co­mo um computador onde se instala primeiro o sistema operacional (no PC, o Windows), através, primeiro, da linguagem oral e, ao depois, pela la­vagem cerebral das verdades absolutas da moral, colocadas em nossas men­tes através de ameaças de castigo, chi­ba­ta­das, ou do tradicional De­us big brother que a tu­do vê e enxerga e po­de castigar.

PORTANTO, …

… cada um, em razão desta formatação, onde os certos e errados foram colocados em nossas men­tes, sem questionarmos, acaba imaginando a realidade do modo que lhe foi ensinado, inclusive julgando tudo sem refletir, apenas pelas regras que lhe foram impostas.

QUANDO O SUJEITO …

… consegue ampliar seu mundo através da leitura, do refletir qualquer fato a­través do confronto de i­deias, da pesquisa, e prin­cipalmente da comparação de teses, acaba chegando próximo da realidade. Mas, esta realidade continuará a ser mera­men­te imaginada e sempre poderá ser motivo de questionamento com ba­se em outros argumentos. Daí a necessidade de se existir sempre o confronto de ideias, mas não a guerra, não a imposição, o sobrepor de um conceito de alguém sobre outro alguém, a subjugação, aí é o perpetuar da escravidão, que, muitas vezes, quem quer impor o seu próprio pensamento está vivendo sem saber. Mas, não se esqueça, isso tudo é fruto da minha imaginação.

DENTRO DESTE …

… contexto, embora e­xistam teorias mil para de­fender que é possível ser imparcial, num mundo onde todo mundo vive em guerra contra todo mun­do e que se vive a guer­ra de torcidas, é praticamente impossível não ter parcialidade a este ou aquele pensamento. Ou mesmo seria praticamente impossível, segundo minha imaginação, fugir de todos os conceitos que nos foram impostos por nossa “educação”.

José Salamargo – mesmo se todos compac­tu­as­sem do pensamento base do amor incondicional, on­de somos felizes fazendo o próximo feliz, lutando por ele, pensando nele, tentando construir um mundo melhor para todos, ain­da assim estaríamos sendo parciais, eis que estaríamos defendendo uma tese, mesmo que seja dele, para mim o filósofo, para muitos o mito, o messias salvador.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas