19 de setembro | 2021

Um sonho muito antigo que se renova, antes arte do que nunca.

Compartilhe:

 

“E o mundo continua mundo para o jornalista do amor incondicional e para o artista inconformado, já Raul e Lennon foram consumidos pelo tempo”.


Do conselho Editorial

Há sonhos e sonhadores. A vida é quimera, resultante às vezes da imaginação que não se realiza, areia de ampulheta que escorre como arrastar de lesmas.

Cronos era o deus primordial do tempo, marchava de forma continua em seu aspecto destrutivo, inexpugnável rege os destinos enquanto a tudo devora.

Antes de ser destronado, Urano profetizou que, assim como ele, Cronos também seria derrotado por um de seus filhos. Com isso, Cronos exige que seus filhos sejam entregues um a um para que ele os devore.

Cada um dos filhos da terra é também filho do tempo e por ele será vagarosamente devorado.

Alguns buscam a eternidade espalhando flores pelos caminhos, outros jogam bombas na cabeça das pessoas e outros assistem ao espetáculo como se não fossem parte da tragédia humana e são mesmo que ausentes ou distantes.

Há quem entenda que o espetáculo não termina aqui; que os anjos dos céus virão buscá-lo com toques de cornetas e outras excentricidades.

 Há os que sabem que ocuparão a barca do inferno e queimarão no Hades pela eternidade.

E há os que entendem que não irão a lugar algum; que seus ossos serão devorados vagarosamente pelo tempo que consumiu sua passagem pela terra.

Tudo brota e viceja neste mundo das ideias, até o artista que a ingratidão e a insensibilidade não conseguem ouvir a angústia de seu grito protesto que calma pela arte antes do que nunca.

Distancia o homem de si mesmo quando não verifica as belezas que a vida proporciona na breve viagem ou passagem que faz por aqui.

Quando queima livros ou joga obras de arte no lixo, joga fora um pedaço do tempo que o artista consumiu, deu de si para a sociedade e joga também parte de si mesmo e de seus semelhantes, que não dividirão com a arte uma proposta de crescimento e de sensibilização.

Há crime cometido na repulsa expressa contra a arte ou contra qualquer objeto que possa produzir êxtase e felicidade no olhar e na alma do ser humano.

Como diria Raul: Eu sou a areia da ampulheta, o lado mais leve da balança, o ignorante cultivado, o cão raivoso inconsciente, o boi diário servido em pratos.

É o que fostes e serás o que és.

Seja o melhor de si mesmo. Liberte o Ghandi, o Buda, o Cristo, o Lennon que habita em todos, do que se imagina ser o mais poderoso do universo ao jornalista que defende a teoria do amor incondicional em um ermo qualquer do planeta. 

E John diria: “Imagine que não ha posses. Eu me pergunto se você pode. Sem a necessidade de ganância ou fome. Uma irmandade dos homens”.

Raul replicaria: “Eu sou a areia da ampulheta. O vagabundo conformado. O que não sabe qual o lado. Espreita o pesar das pirâmides. Cachaceiro mal amado. O triste/alegre adestrado. Eu sou a areia da ampulheta. O que ignora a existência. De que existem mais estados. Sem ideia que é redondo. O planeta onde vegeta”.

O jornalista endossaria que só a educação e o amor podem transformar e os artistas gritariam que querem ver sua arte não nas caçambas, mas fazendo arte do bem na cabeça das pessoas pra que o mundo não seja um depósito de lixo humano.

E Raul vaticina: “Eu sou a areia da ampulheta. Eu sou a areia. Eu sou a areia da ampulheta. Mas o que carrega a sua bandeira. De todo o lugar o mais desonrado. Nascido no lugar errado. Eu sou, eu sou você”.

E Lennon: “Imagine todas as pessoas partilhando todo o mundo.  Você pode dizer que eu sou um sonhador. Mas eu não sou o único. Espero que um dia você junte-se a nós. E o mundo viverá como um só”.

E o mundo continua mundo para o jornalista do amor incondicional e para o artista inconformado, já Raul e Lennon foram consumidos pelo tempo.

Ao mesmo tempo que magoa o tempo, o tempo flui.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas