01 de setembro | 2013

Nudez, o escândalo da semana

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Do Conselho Editorial

Esta semana, nesta cidade povoada de escândalos, de falta de civismo, moralidade pública, ausência de ética e vários outros comportamentos condenáveis, o que balançou a rede que embala os sonhos moralistas foi exatamente o que muitos já não entendem como vergonha.

Vale a pausa no diálogo e o suspense para explicitar que as cenas observadas olhos a olhos no falso anonimato dos servis e submissos operadores da canalhice geral são comuns para os tempos que se vive.

Em um arrebatamento próprio da idade, ou por rompimento amoroso, vingança, prazer sádico, brincadeira de mau gosto, ou até simplesmente por vontade própria, como observam alguns, algumas crianças deixaram, ou se fotografaram como vieram ao mundo.

Sim, nuas, e aqui não se pode nem se acrescentar em pêlos como se faria antigamente, por não ter sido o caso, tão crianças eram as fotografadas.

As fotos, algumas com certo recato e outras de conteúdo de filme pornô classe C, ganharam o mundo virtual e como fala a moçada antenada “bombaram na rede”.

Foi um Deus nos acuda, um “conversê” pelos quatro cantos da cidade, e presume-se que tenha chegada a questão aos familiares das envolvidas, que possivelmente, neste momento, e noutros por vir, estarão ouvindo gatos e lagartos de seus descuidados progenitores, que após o arrombamento devem estar tentando colocar tramelas nas janelas.

Não houve nada demais que não seja conhecido da maioria acostumada a ver de tudo na internet, e só chocou o fato de serem menores de idade.

E talvez, choque mais ainda pela hipocrisia da grande maioria que só consegue entender a nudez quando relacionada ao utilitarismo ganancioso da lucratividade.

Está aí, para todo mundo ver a pornografia sendo tratada como indústria pelos que exploram os filmes pornôs.

As revistas em que mulheres posam nuas, de forma escandalosa sem nenhuma sutileza sendo considerada por alguns vesgos como arte sensual.

E programas de TV que evidenciam tudo na mulher que se relacione à voluptuosidade sem dar um registro, menção ou cobrança de talento, basta ter bunda, sensualidade, pouca roupa e rebolar até o chão na boquinha da garrafa que substitui, por enquanto, o símbolo fálico.

No caso das meninas o que choca é apenas a idade, principalmente em um período que se discute abuso sexual cometido contra adolescentes, exploração sexual de crianças, pedofilia e outras barbáries.

Necessário rever conceitos com urgência, esta sociedade se desmancha em termos morais e éticos, não se sustenta em termos de dignidade humana ao ponto da exibição de corpos nús evidenciarem possibilidade de inserção.

Um horror que tais fatos estejam ocorrendo da forma como estão acontecendo, ficando claro e patente o desmonte do eixo garantidor da evolução humana que é exatamente o respeito por si mesmo.

Uma pessoa que se desnuda publicamente, por razões que envolvem dinheiro ou vontade de se aparecer, ou de conquistar a outrem, permite que se invada o território de sua intimidade, autoriza que olhos alheios e estrangeiros invadam detalhes de uma nação que deveria ser só sua e que vira terra de todos e de ninguém.

Não passa por esta análise nenhum ranço de falso moralismo, nenhum discurso religioso, nenhuma pretensão de condenação do gesto, apenas à constatação que a humanidade por naturalizar demais em certos aspectos que não deveria ter cedido vai vivenciando o espetáculo deprimente da perda de valores se acentuando cada vez mais cedo na vida das pessoas.

Se foram elas que postaram por vontade, é uma pena e uma perda significativa de respeito que será imposta as suas vidas.

Se não foram, se foram pessoas com quem conviviam que por motivos torpes fizeram isto, a perda se amplia, demonstrativa de falha dupla de caráter, de má formação, por elas que permitiram que as fotos fossem tiradas, e pelo outro que as divulgou.

E se verdadeira for esta versão que circula por ai da possibilidade de alguém por vingança ou despeito ter divulgado as fotos, os responsáveis pelas crianças serão omissos e merecedores do constrangimento que estão passando se não discutirem a fundo a situação, que movimentou os olhos, a imaginação e o debate desta semana.

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