11 de novembro | 2018

O caos na Saúde pública local e a miopia de quem se nega a ver

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Do Conselho Editorial

A entrevista do atual Secretário de Saúde na Rádio Cidade sobre o caos atual em que se encontra a saúde local, vista e ouvida pela ótica da realidade e do que deveria ser a postura de um homem público, é uma lição de que não houve aprendizado com o erro.

Mais que isto. Não há modéstia e nem reconhecimento de fragilidade sobre um tema em que visivelmente se percebe que o secretário detém pouco ou quase nenhum conhecimento técnico para endossá-lo no cargo que ocupa.

A rispidez inicial da entrevista demonstra, de forma bastante contundente, o exercício de uma defesa arrogante e sem propósito, quase intimidatória, visando o recuo do en­trevistador em comportamento próprio de quem se coloca acima de tudo e todos e quer  impor um virtualismo insuportável, quase fake news.

Sem comparar e já comparando, a incompetente Secretária da Saúde do incompetente governo passado, em que pese as mazelas que provocou na área, necessário reconhecer que tinha domínio sobre o tema saúde e no tocante a entrevistas e debate fazia o dever de casa sem titubear, este nem isto.

Por mais que se tente encaminhar a discussão para o tema principal que é atendimento precário, falta de médico, remédios, distância longa para marcação de consultas e exames, o secretário envereda por equipamentos e reformas como se fora do departamento de manutenção e de modernização de máquinas e não salvador de vidas humanas, como deveria ser.

Tudo bem que nos tempos atuais se faz necessário e é elogiável que se modernize o sistema de saúde para que os profissionais de saúde possam contar com o que há de mais moderno e preciso no atendimento dos pacientes.

No entanto é inconcebível e desagradável que, quando se discute com seriedade a possibilidade de falhas gritantes que se tornam lugar comum na saúde e que levam a óbito seres humanos, as justificativas não sejam as que necessitam os familiares dos que se foram e a comunidade e se louve o aparato técnico que se está disponibilizando à população.

Soa como se estivesse falando as pessoas para serem pacientes e tolerantes com a perda dos parentes e que aguardem com serenidade até que sejam disponibilizados todos os equipamentos tão necessários à modernização do setor.

Nenhum ser humano, por mais capota e distante do planeta, por mais lunático e desatento, vai conseguir entender que um equipamento possa substituir a figura do médico e do enfermeiro e do atendimento preciso que evite tragédia.

Estas justificativas toscas e desprovidas de bom senso, acompanhadas de versões de tragédias familiares como comprovação de sentimento de dor, não comovem e nem convencem ninguém que espera detalhamento técnico e proposições para mudar o quadro existente, o que não houve.

O pior, o trágico, é que este jornal vem advertindo desde algum tempo que inevitavelmente se chegaria a esta situação como advertiu no governo de Eugênio e como naquele governo se chegou a isto pelo mesmo motivo, querer a força maquiar a realidade.

Como nos tempos de Eugênio este jornal continuará exercendo sua função de informar e, goste ou não o Secretário de Saúde, o que tem que mudar não é o fato do jornal noticiar, pois esta é sua função; o que tem de mudar e urgente é o caos na Saúde que não é a proposta do setor que as pessoas venham a óbito por razões duvidosas.

Observasse a manifestação popular nas redes sociais, observaria o secretário e o prefeito a que ele serve que algo está errado e muito errado no setor e insistir no erro é desejar publicidade negativa.

Não adianta espernear, dar “xilique”, intimidar, querer forçar pauta, pois isso jamais resolveu a situação. A culpa não é de quem divulga e critica, pois este observa, não tem e nem pode fazer, mas os omissos, embora sempre pareçam ajudar, na verdade são covardes querendo se locupletar.

Aqui, como o compromisso é com a imparcialidade e com a notícia, gostando ou odiando, aconteceu virou manchete.

 

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