04 de fevereiro | 2018

O foco no abstrato desvia a discussão do necessário

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Do Conselho Editorial

Os governantes geralmente no meio de uma crise que implique desgaste no seu governo buscam algo ou alguma discussão que possa servir de alimento a polêmica para desviar a atenção do assunto principal.

Quando algo que vai ser extremamente prejudicial à população está prestes a ser aprovado por deputados, senadores ou vereadores se tira da cartola uma discussão outra que envolva a população em debate paralelo e se aprova o que se pretende sem que a maioria dê conta.

Outra forma é a aprovação de assuntos desgastantes em períodos festivos como carnaval, fim de ano, quando as pessoas envolvidas pelo clima festivo não se dão conta de novas medidas prejudiciais ao seu dia a dia foram votadas e passarão a vigorar sem que tenha havido manifestações contrárias.

Maioria das vezes é assim e o povo só se dá conta de que foi ludibriado pelo poder quando observa aumentos abusivos e escorchantes na gasolina, luz, água, tarifa de ônibus, imposto de renda ou criação de novos impostos, quando já não há mais tempo de se mobilizar e reverter a intenção governamental.

Quando não, o governo, seja qual for, federal, estadual, ou municipal investe altas somas nas mídias para convencer o cidadão que determinado bem público dá enormes prejuízos havendo a necessidade de privatizá-lo.

E assim, convencidas as pessoas que determinada empresa pública é um cabidão de emprego, que só dá prejuízo, a mesma, geralmente é praticamente doada à iniciativa privada, e algum tempo depois aparecem no ranking de empresas extremamente lucrativas, como se pode, a título de ilustração mencionar o caso da Valle e da Petrobrás.

O da Petrobrás chega a ser escandaloso o tempo em que ela deixou o limbo para ser viável depois de entregue para os interesses estrangeiros.

O povo por sua vez foi presenteado com o aumento de gás e combustível em paga a sua submissão.

O mesmo ocorreu e está ocorrendo com a reforma trabalhista, enquanto a população orbitava em torno de menoridade penal, se impeachment era golpe, desvios em setores do governo, corrupção, a reforma trabalhista foi enfiada goela abaixo da população com a promessa de modernização das relações do trabalho e criação de novos empregos.

A mídia que trabalhou a cabeça das pessoas no sentido de que com a reforma trabalhista o Brasil entraria na modernidade no que se refere à relação capital trabalho e a criação de novos postos já começa a discutir a precarização do trabalho o crescimento do trabalho escravo e a não criação de novos postos de trabalho.

Hoje, a mídia que rotulava de esquerdista ou oposição quem ponderava sobre as possibilidades do que começa a ocorrer no mundo do trabalho, repercute exatamente o que se discutia como desfavorável ao trabalhador, ao mercado e a justiça no referente a retirada de direitos à época.

Com a reforma da previdência a mesma fórmula está sendo utilizada. O presidente tem gasto milhões com a mídia tradicional e paralela e cinicamente convocado empresários para “convencimento” de deputados a que votem as reformas, que será, tendo votos suficientes a aprovação, neste mês de fevereiro.

Enquanto isto, o povo marcha na discussão de outras pautas nada significativas na sua vida e disperso não se atenta, que a mesma mídia que os convence de grandes benefícios no futuro é a mesma que faz mea culpa depois, como no caso da trabalhista, como se não fora culpada pela tragédia que o povo enfrentará.

Direitos se defendem indo às ruas, protestando como fez o Movimento Passe Livre e impediu o aumento das tarifas de ônibus no governo passado na capital paulista.

Ou é isto ou se conformar com o aumento de luz, água, tarifa de ônibus, gasolina, impostos, perda de postos de trabalho, direitos e precarização e diminuição de salários, sem contar, no final, se aprovada a reforma da previdência a perda para a maioria dos assalariados do direito à aposentadoria.

Ou sai da área de conforto, deixa de discutir o vazio e vai as ruas, ou assume as perdas, ou, vai chorar na cama que é lugar quente.

 

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