15 de maio | 2016

O governo da Temeridade

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Do Conselho Editorial

O que nasceu de uma manifestação acerca do aumento de vinte centavos no preço das passagens de coletivo culminou na deposição da presidente eleita.

O governo realmente não tinha mais condição de governabilidade, e esta não condição foi fabricada por fatores políticos que se associaram com o que pode haver de mais retrógrado no país e foi a partir do dia seguinte as eleições, não permitindo governa­bi­li­da­de até chegar ao ponto de desgaste  total do governo.

Meses e meses de manifestações que tem quem acredite que foram financiadas e pagas pelo exterior, empresários, maçonaria, Fiesp, classe política e o resultado colhido é o que se pode observar como se fora a grande solução para sair da crise construída por eles mesmos.

A solução que se apresenta já tomou assento no Planalto e as indicações não levam a crer que o governo será de austeridade e de combate a desvios de conduta.

Grande parte dos ministros estã sendo investigados pela Operação Lava Jato, o que leva ao caminho inverso do governo que saiu onde quando havia denúncia do envolvimento de ministros com possíveis ilicitudes este era dispensado até comprovação de sua inocência.

O que se percebe dos últimos acontecimentos é que agora ser investigado na Lava Jato é referencial para indicação, sendo o próprio atual presidente alvo de várias citações em delações premiadas em Curitiba, além de ficha suja e inelegível segundo o TSE por oito anos.

As manifestações que solicitavam combate à corrupção veem no governo instalado que suas aspirações agora parecem que seguem caminho contrário às suas solicitações, tanto que uma das primeiras decisões de Temer foi acabar com a Controladoria Geral da União (CGU) que era ferramenta eficaz ao combate à corrupção e fonte de incomodo de muitos políticos corruptos.

A sinalização de que a Lava Jato e as investigações levadas a efeito nos governos que antecederam ao golpe irão acabar, ou diminuir o seu ímpeto já dá mostras do que irá acontecer, e a sensação que o golpe tinha por objetivo exatamente destroçar o combate à corrupção já se delineia no horizonte.

Para senti-lo é só notar que as frequentes e sensacionalistas denúncias semanais acompanhadas de prisões cautelares acompanhadas pelas lentes dos principais canais de televisão de uns tempos para cá, ou de quando se iniciou o processo de impeachment, deixaram de acontecer com a volúpia que ocorriam.

As sinalizações são de que uma grande pizza está sendo confeccionada em Brasília, tanto para beneficiar os ministros investigados pela Lava Jato, que não são poucos, como o próprio presidente interino, ele também investigado e um sem número de deputados e senadores.

Estes detalhes aqui notados já foram alvos de matérias em conceituados periódicos internacionais e pela mídia imparcial nacional, o que coloca o Brasil em uma condição de insegurança jurídica e de republiqueta de bananas golpista pior que no período da ditadura militar.

Neste e noutros aspectos começa bem mal o governo Temer, indicando que há muito que se temer pela frente, levando a crer, pelo número de insurgentes que apoiavam o impeachment até antes da admissibilidade do processo e que já manifestam contrariedade no início do início do que poderá vir a ser a administração que inicia.

O proponente do pedido de impeachment Hélio Bicudo gravou mensagem deixando claro sua contrariedade com o início do governo, e na mesma linha foi o ex-presidente FHC, o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa e várias outras insuspeitas figuras que endossaram o golpe.

Pior que ministérios que excluíram mulheres, negros e pobres, coisa inconcebível em períodos democráticos, foi a divisão do bolo entre partidos que estão digladiando pela parte que entendem que lhes cabe, verdadeiro balcão de negócios do governo de Temer.

É como se a derrota do petismo não tivesse acontecido exatamente pela partilha condenável do poder entre partidos sem exigência de quadros técnicos, e neste governo sem exigência de que não esteja envolvido em investigações como é o caso da maioria dos ministros, esta fosse condição não mais necessária.

Parece que há um grande desprezo pela memória do povo, uma grande noção de impunidade e que tudo mudou para continuar pior do que estava tamanho o cinismo das primeiras decisões tomadas.

Promessa de retaliação aos movimentos sociais e uso da força contra manifestações contrárias ao governo, o que, diga-se de passagem, nunca ocorreu no governo “bolivariano petista” a quem acusavam de truculência.

Vários programas sociais já tiveram cortes profundos, assim como culturais e da área da Educação, publicadas, assim como aumento significativos de prestações de programas como Minha Casa Minha Vida e pente fino no Bolsa Família o que sinaliza para o seu final, assim como o final da Farmácia Popular e Samu, de acordo com noticias veiculadas na mídia.

Tomara que sejam especulações, se bem que alguns já foram publicados na Imprensa Oficial e, sem sombra sem dúvidas, trarão, caso não haja reconsideração por parte do governo, enormes prejuízos aos oprimidos.

E, de acordo com Meirelles haverá também diminuição significativa no Bolsa Empresário, empréstimos subsidiados pelo governo para geração de emprego e modernização do parque industrial, o que pode ser fatal para que a economia ao invés de se recuperar seja conduzida a patamares de desemprego que o empresário voraz nacional aprecia por aumentar a massa de desempregados e consequentemente a procura por postos de trabalho, diminuindo os salários e ampliando a competi­tividade em razão do baixo custo da mão de obra.

Terrível, mas é isto que o neoliberalismo prega e quem acreditou que pior não poderia ficar e foi às ruas pedir mudança, pode ter ganho, ou não, isto de presente, pelo menos é o que a grande mídia com alarde tem anunciado.

Para quem sabe ler nas entrelinhas, o tempo é de Temer ou poderá ser de temer, o tempo poderá ser de temeridade. Tomara que não.

 

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