23 de junho | 2019

Um governo da elite ou apenas a falta de um projeto que integre turismo e sociedade

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“Nem tudo que se vislumbra no horizonte pode ser imaginado por nossa cognição. Assim como nem tudo que imaginamos que seja, se configure naquilo que pensamos. Tudo é fruto da imaginação que, transformado em linguagem pode ser comparado, checado, conferido e entendido. Mas como descrição através de símbolos, sempre carecem de interpretação. Como acreditar, então que exista algo realmente comprovado pelo simples palpar, se tudo é imaginado e transformado em dados, em símbolos, em logaritmos, hoje, também em algoritmos?”.

Mestre Baba Zen Aranes.

NÃO DÁ …

… para qualquer ser, mesmo os que se considerem ungidos, ou abençoados, ou mesmo “donos do conhecimento”, descrever a realidade, principalmente a política, com tudo o que passa na cabeça dos governantes e mesmo de quem está do outro lado, a população, como sendo a fiel imagem da realidade, ou a tal da verdade absoluta, incontestável, imutável.

O MÁXIMO …

… que se entende ser possível chegar, seriam as narrativas próximas da realidade, baseadas justamente na reflexão apurada, no estabelecimento de várias premissas que, após filtradas, se transformem em conclusões, em teses, em teorias. A chamada boa teoria (ciência), no entanto, necessitaria de comprovação de outras reflexões que chegassem às mesmas conclusões.

MAIS OU MENOS …

… como os chamados ditos populares, que nada mais são, do que construções de frases de efeito baseadas na observação descrevendo fatos que se repetem ao longo dos tempos e que, ao serem re­lembrados, adquirem o ar de veracidade por parte da maioria que já presenciou acontecimento parecido.

ENFIM, …

… estabelecidas várias premissas, ou seja, várias hipóteses para se explicar esta ou aquela teoria, lembrando que o ser humano é único, cada um tem sua própria percepção das coisas, vamos tentar chegar a alguma teoria para explicar este fenômeno que deveria preocupar, mas parece não estar sendo percebido por aqueles que comandam os destinos desta cidade: o estigma de que o turismo beneficia apenas os ricos.

A PROVA DE …

… que existe este pensamento incutido no inconsciente coletivo grassa pelas manifestações da população há vários anos, talvez décadas. Atualmente, já existe até o conceito de que existem duas Olímpias. Uma, turística, situada da rua Boiadeira indo para o Thermas, onde está se formando o chamado “Vale do Turismo”, visualizado há décadas por este colunista e o presidente do Thermas, onde, inclusive, que antes era apenas uma favela, em poucos anos, principalmente após a entrega dos títulos de propriedade para os posseiros de uma área do Estado invadida por nossos pobres, os nossos favelados, deixará de existir, para dar lugar a novos investimentos, cujas construções abrigam os deserdados da cana.

POUCOS …

… resistirão ao poder do dinheiro. Hoje já é uma área valorizada do município.

A OUTRA …

… Olímpia, a dos pobres e dos outros, os que de­mo­nizam o turismo, situar-se ia, daquela região para todos os outros lados. Mas fica mais clara utilizando como exemplo a avenida Aurora Forti Neves. Da Boiadeira (Benjamin Constant) para a An­drade Silva, a sua maior extensão, ampliando para os dois lados, inclusive, abrigando a maior parte da população, estaria jogada às traças, às escuras, descuidada, como se fosse o lado pobre da cidade.

TUDO ISSO …

… não é fruto da mente possivelmente fértil deste colunista, mas, sim, das próprias afirmações de populares, pela imprensa e pelas redes sociais.

E O QUE É PIOR, …

… a exemplo de outras regiões onde o fenômeno acontece, os pobres, os segregados, vão sendo jogados para uma região distante, escondida dos visitantes e que hoje está se transformando realmente em uma outra cidade.

O PROBLEMA …

… existe. Está aí. Não dá para ser descartado. O turismo para sair do estado amadorístico em que foi relegado ao longo dos últimos anos por parte dos dirigentes e dos investidores de Olímpia, que não souberam ou não acreditaram que os sonhos de Benito Benatti poderiam se transformar em realidade, precisa integrar não só o governo municipal e os ren­tistas, mas, também e principalmente a própria população.

ESTE, TALVEZ, …

… tenha sido um dos fatores que deram o start para a criação deste sentimento negativo da população em relação ao turismo.

COM A FALTA …

… de crença de gover­nantes e setores importantes de nossa economia no projeto turístico do empresário que fez surgir o Thermas, a cidade não acompanhou o desenvolvimento e nem aproveitou o que poderia ter aproveitado durante todo este tempo de caminhada para a construção de um dos maiores e mais belos parques aquáticos do mundo.

BENATTI …

… para provar que seu sonho era possível e pensando em deixar para a cidade um mola propulsora para o seu desenvolvimento, além de ter que dotar o parque de tudo aquilo que a cidade não oferecia, até para poder fazer crescer o próprio Thermas, teve que fazê-lo à revelia de uma cidade cujos poderes político e econômico não conseguiam enxergar o que poderia ser o futuro, que é hoje.

O PARQUE …

… pelo fato de a cidade não ter leitos para hospedar visitantes, teve que trabalhar o chamado turismo de um dia só e trazer turistas num raio, no início de até 100 quilômetros de distancia e, ao depois, ampliando este perímetro.

MAS, BENITO …

… nunca se conformou com esta situação e acabou tendo que fazer as vezes de embaixador da cidade e sair à cata de investidores que pudessem suprir a falta de vocação do município para aproveitar a oportunidade que se avizinhava logo à frente.

AÍ QUE FORAM …

… surgindo os investimentos no setor hoteleiro. Hoje, a cidade já estaria chegando a casa dos 20 mil leitos.

MAS O ESTRAGO …

… desta apatia de governantes e investidores olimpienses foi gigante. A cidade não conseguiu respirar ainda o turismo. O turista que aqui aporta em épocas de temporada ou de feriados prolongados, não tem uma cidade que os comporte. Esta não evoluiu e nem foi educada para viver este momento sonhado por um olimpiense de coração lá atrás, e que poderá fazer com que se enfrente com menos traumas uma situação econômica (principalmente em razão da tecnologia) que deverá mudar por completo aquilo que o capitalismo tem como forma de fazer sobreviver as populações de todo o mundo: o trabalho.

A REALIDADE …

… pelo menos, aquilo que se chega próximo dela está estampada aí e é repetidamente destacada pela maioria da população. Só não enxerga quem não quer ver.

NÃO DÁ MAIS …

… para tapar o sol com a peneira e nem expulsar a maioria da população de sua própria cidade. É preciso integrar. E para isso está faltando planejamento. Falta um grande projeto para Olímpia que seja oriundo da discussão exaustiva de todas as situações com os próprios interessados e que abarque as várias frentes de ataque para que a cidade passe a respirar o turismo, a viver o turismo, assim como acontece nos municípios onde se tornou a verdadeira vocação.

NÃO DÁ PARA …

… calar a boca de dezenas de milhares de desiludidos olimpienses que vivem um sistema de saúde caótico que não consegue conter as doenças que já eram para ter sido banidas, e são obrigados a morar em regiões escuras, com ruas esburacadas e que nem placas com seus nomes têm e saber que no “Vale do Turismo” as coisas são belas, bem cuidadas e de primeiro mundo.

NÃO DÁ PARA …

… expulsar a maioria de nossas famílias de classe média baixa para as regiões sul, sudeste e leste em que ficaria escondida dos visitantes que, ao apenas passarem pelos caminhos suntuosos não teriam o dissabor de ver que existe a Olímpia miserável, abandonada e bem escondida daqueles que usufruem da Olímpia turística.

SAÍDA …

… existe para tudo. A que este colunista vislumbra é a de se discutir as causas e se tentar encontrar soluções para promover a integração de todos no “Destino da Olímpia Turística” que pode se consolidar ou ser comida pelos seus próprios erros.

O QUE PARECE …

… faltar é a tal da vontade política e o grande dilema acaba sendo entender se o atual governante governa para si e para a elite que representa, ou verdadeiramente pretende ser o gestor de um desenvolvimento que abarque a grande maioria da população e não apenas os poucos integrantes das classes conservadoras descendentes de nossos coronéis, que governavam ao som do estalar suas chibatas e do estampido de suas balas.

José Salamargo, ainda acreditando que uma luz possa surgir no fundo do túnel e que o rumo possa ser corrigido e se converter no futuro que todos nós olimpienses sempre almejamos para nossa Menina Moça, que cresceu e virou capital do folclore e hoje almeja viver do turismo.

 

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