10 de outubro | 2021

Vereadora diz que ganha pouco mas gasta muito?

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“Fica patente que a mesma pode ter um salário de R$ 4.600,00,
mas este não é o custo real de seu mandato. É bem maior, se
adicionados todos os custos do funcionamento do próprio
legislativo com assessores gerais e pessoais,
além de outras mordomias”.

 

Do Conselho Editorial   

A vereadora Alessandra Bueno fez um desabafo em rede social que foi disponibilizado pela Rádio Cidade e esta semana ganhou espaço em jornais e sites regionais, não pelo seu desabafo, mas em razão de ter exemplificado que, pelo que faz, seu salário é pequeno.

Em seu desabafo a vereadora diz estar cansada de atender as pessoas naquilo que não é função do vereador.

Em suma, a vereadora adotou, no seu início de mandato, uma pauta fisiológica e oportunista, populista, mesmo que não tenha feito por estratégia, ou conscientemente, politicamente foi isto o que fez, indo atender as pessoas e instituições como se favores fossem função de vereador.

Como entre parte da população “cavalo não anda a pé”, como esclarece o ditado, fez um benefício pra alguém, este alguém alertou outro alguém e outro alguém e a pauta da vereadora, ao que tudo indica, passou a ser atender questões de ordem pessoal e não política.

E aí tem duas questões que geralmente ferem de morte o populismo; a primeira é que favor feito por autoridade, na mente de alguns favorecidos, passa a ser dever, obrigação e quando se nega um novo favor ganha-se um inimigo.

A segunda questão é que a vereadora em questão, antes de ser eleita, era intransigente, intolerante e radical oposição à administração e seus pares, que hoje ainda se opõem ao Executivo, não se conformam com sua mudança radical de postura.

Em suma, se decepcionaram, pois esperavam uma vereadora mais atuante na fiscalização e na autoria de projetos o que não ocorreu.

Não dá para agradar a Deus e ao Diabo ao mesmo tempo, o que a vereadora colhe é fruto do que plantou.

Mudou de rota e de discurso, mesmo que mantendo indignação e palavrões nas suas falas em “lives”, isto não motiva quem esperava oposição cerrada contra o prefeito, ao se alinhar a ele.

Dai a animosidade com a qual a vereadora não concorda, mas com a qual terá de conviver.

Na sua falação a vereadora alerta que ganha menos que uma cabeleireira ou manicure para ser vereadora, entendendo ser o salário de um vereador muito baixo pelo tanto que diz fazer em prol das pessoas.

Não é necessário afirmar que há dois equívocos na fala.

Uma manicure e uma cabeleireira ganham o que ganham para trabalhar de segunda a segunda sem descanso para cumprir suas obrigações.

Vereadores participam de três sessões no mês e se dedicar algumas horas para criar projetos e fiscalizar a aplicação dos impostos do município, sobraria então tempo para ser manicure ou cabeleireira, ou qualquer outra profissão.

Está claro na lei qual a função do vereador (a) e se o mesmo (a) opta por ajudar o próximo, por solidariedade ou pra conseguir votos em uma tentativa de reeleição (o tal do populismo), que fique bem claro, isto não está incluso no seu salário que é pago para criar leis e fiscalizar o Executivo.

O que faz por vontade própria nada tem a ver com o cargo a que foi eleito.

Além do mais a vereadora eleita e todos os vereadores eleitos sabiam de antemão quanto iriam ganhar (o salário é fixado no orçamento anterior), e presume-se deveriam saber quais as funções exercidas por lei.

Em vídeo gravado pela vereadora a mesma diz estar cansada de cobranças de eleitores para resolver questões pessoais e reclama do salário de $4.600,00 (quatro mil e seiscentos reais) e que até mesmo uma cabeleireira ou manicure recebe mais que ela.

Não bastasse a fala preconceituosa contra cabeleireira e manicure (embora essa se sabe não tenha sido a sua intenção) ela acrescentou: “E ‘neguinho’ ainda joga na cara. Não aguento”, diz a vereadora de Olímpia.

As falas da vereadora são geralmente politicamente incorretas e há quem naturalize e interprete como verdadeiras, naturais, própria de quem não é falso, quando o que falta é polidez, empatia e sobra excesso de autoritarismo e preconceito, muitas vezes.

Quatro mil e seiscentos reais é um ótimo salário pra se comparecer duas ou três vezes às sessões da Câmara em um país em que o salário mínimo é mil e cem reais.

Esqueceu a vereadora e ai se inicia a discussão mais profunda que esta, que rolou nas redes sociais de um opositor à sua pessoa, porque o caso parece mais pessoal que político, que a mesma (vereadora) gastou R$ 250,00 em um almoço.

Se é verdade ou Fake News o espaço está aberto para que a vereadora possa esclarecer.

Em uma “live” a vereadora destrava a língua à sua maneira bastante irritada e atribui esta denúncia a um possível complô que está havendo entre políticos e deve estar havendo, no sentido de desgastar o seu mandato.

Insinua ao final, que outro, ou outros vereadores, praticam o mesmo ato do gasto excessivo com alimentação e promete dar nome ao boi, ou aos bois.

Até onde se sabe não o fez.

Fica patente que a mesma pode ter um salário de R$ 4.600,00, mas este não é o custo real de seu mandato. É bem maior, se adicionados todos os custos do funcionamento do próprio legislativo com assessores gerais e pessoais, além de outras mordomias.

O almoço foi caro ou foi barato?

Pela reação da envolvida não deve ser considerado barato e muito menos deve ser considerado baixo o salário de um vereador (a) que faz tudo que não está descrito na lei, enquanto função legislativa, e ainda se acha no direito de se queixar pelo baixo salário que recebe em função do que executou por que desejou e não porque foi obrigada.

Vereadora, menos casos e mais dever de casa cumprido por favor.

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