16 de setembro | 2019

A dura realidade e a esperança de mãos dadas na escola

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1- O jovem ator José Trassi interpreta Giraia, na série “Segunda Chamada”. Ele procura na escola uma saída para sua vida na ilegalidade / Mauricio Fidalgo-RG

 

2- O time que comanda a fictícia Escola Estadual Carolina Maria de Jesus, interpretado por Paulo Gorgulho (Jaci), Débora Bloch (Lúcia), Hermila Guedes (Sônia), Sílvio Gindane (André) e Thalita Carauta (Eliete) / Mauricio Fidalgo-RG

 

3- As atrizes Nanda Costa e Hermila Guedes em cena na pele de suas personagens Rita e Sônia, respectiva- mente / Mauricio Fidalgo-RG

 

4- Carol Duarte interpreta Solange.  Ela é mãe e vive em conflito com o pai de sua filha, por isso não tem alternativa senão levar sua bebê na escola. A presença da criança causa constran- gimento em alguns alunos / Mauricio Fidalgo-RG

 

5- O ator Felipe Simas retorna à cena em “Segunda Chamada”, na pele do motoboy Maicon Douglas / Mauricio Fidalgo-RG

 

6- Natasha (Linn da Quebrada), uma transexual certa de ser merecedora do direito de estudar e se formar, é uma das alunas de “Segunda Chamada” / Mauricio Fidalgo-RG

 

Em outubro, a Globo pretende estrear mais uma série, “Segunda Chamada”, que mostrará a realidade através da ficção. Numa coprodução com a O2 Filmes, as gravações aconteceram em São Paulo, numa locação que deu vida à fictícia Escola Estadual Carolina Maria de Jesus.

A locação é uma construção histórica e bastante simbólica para a capital paulista, erguida nos anos 50 para acolher a Escola do Jockey Club de São Paulo. Durante décadas, abrigou também outros colégios particulares e, há aproximadamente 10 anos, está desocupada. Sem qualquer sistema hidráulico ou elétrico, a situação é tão precária que, mesmo para uma escola pública em que a infraestrutura é deficiente, o local teve que passar por uma reforma de cerca de quatro semanas, pelas mãos das equipes de arte e cenografia. A escola em si funcionou como um personagem da história, emprestando seus principais valores à série: o realismo latente de sua pintura descascada, de suas infiltrações, de seus vidros estilhaçados, de suas pichações nas paredes – tudo o que ficou de fora da reforma – e a arquitetura vazada e convidativa à entrada do entorno em que está imersa. “Desde o começo, pensei em gravar ‘Segunda Chamada’ em uma escola de verdade. Para mim, foi muito importante deixar a obra o mais próximo possível da realidade, o que uma locação como esta nos garantiu. Apesar do abandono, a construção é linda e quisemos aproveitá-la”, destacou Joana Jabace, diretora artística da série.

“Segunda Chamada” exalta as histórias de superação do ensino noturno para jovens e adultos, na rotina de uma escola pública de São Paulo, em que pessoas entre 17 e 70 anos buscam uma vida melhor por meio dos estudos, depois de um dia duro de trabalho. Na história, além de Lúcia, os professores Eliete (Thalita Carauta), Marco André (Silvio Guindane) e Sônia (Hermila Guedes) e o diretor Jaci (Paulo Gorgulho) mostram que é preciso mais do que vocação para enfrentar as dificuldades da profissão, renovar a fé no que fazem e apoiar alunos, de dramas e vivências diversas, numa luta pela simples crença no poder transformador da Educação.

Para quem não conseguiu terminar os estudos na idade certa e agora, por livre e espontânea vontade, decide voltar à sala de aula, a noite assume um novo significado: uma segunda oportunidade para alcançar um ensino de qualidade. Apoiados pelo exemplo de seus mestres-professores, cada um dos alunos da fictícia Escola Estadual Carolina Maria de Jesus se desdobra em suas rotinas particulares e dramas individuais, sem perder a garra e a imensa força de vontade que os move em direção aos seus objetivos.
Natasha (Linn da Quebrada), uma transexual certa de ser merecedora do direito de estudar e se formar, como qualquer pessoa, é um desses alunos. Ela luta dia após dia para ganhar o respeito das pessoas e poder viver livre das constantes agressões verbais e físicas, inclusive dentro da escola. Dedicada, Natasha trava uma batalha contra a intolerância e a discriminação de outros estudantes.
Na escola, há ainda gente guerreira, como Maicon Douglas (Felipe Simas), pai de família que, apesar de envolver-se com drogas, entende que estudar lhe ajuda a oferecer uma vida de qualidade aos filhos. Para cumprir esse papel, ele se vê obrigado a trabalhar excessivamente, fazendo entregas como motoboy durante o dia e dedicando-se aos estudos no final do expediente.
Pelos corredores, há quem se tornou refém de seus próprios dramas e, por isso, se envolveu na ilegalidade. É o caso de Giraia (José Trassi), que, com seus movimentos suspeitos, aproveita os muros da escola e o aglomerado de pessoas para vender remédios roubados. A vida também não é fácil para Aline (Ingrid Gaigher). A aluna trava pequenas lutas diárias contra as agressões do namorado e se organiza como pode para continuar sobrevivendo, sem que as humilhações afetem seus estudos e atrapalhem seus planos de se formar. Já Rita (Nanda Costa), aluna e mãe de três filhos, descobre uma gravidez indesejada e, por não ter condições financeiras de cuidar de mais uma criança, é obrigada a refletir sobre seus direitos e escolhas.
O cansaço e as responsabilidades não compatíveis com a idade também fazem parte da vida de Solange (Carol Duarte), que assume três papéis ao mesmo tempo: aluna, trabalhadora e mãe. Solange vive uma relação tumultuada com o pai de sua filha e, sem saída, se vê obrigada a encarar os corredores e as carteiras da escola com a bebê nos braços, gerando certo incômodo em seus colegas.
Estes são apenas alguns dos perfis que frequentam as aulas noturnas. Os alunos compartilham da mesma crença: a Educação é a ferramenta fundamental para conquistarem dias mais serenos. Mas, ao mesmo tempo, são também muito diferentes entre si. As salas de aulas da escola, lugar de esperança e de uma nova chance de vida para todos eles, vira palco também de conflitos e questões pessoais.
A previsão de estreia é em outubro e tem tudo para ser sucesso. É esperar e conferir!

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