12 de março | 2018

A gravidez na adolescência

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É de causar preocupação: cerca de 22% dos partos contabilizados em um ano são de adolescentes, segundo estatísticas do Ministério da Saúde.

Essa realidade preocupa autoridades em Saúde e deveria preocupar também a população em geral. O número apresentado (22%) é muito em tempos que a informação corre em velocidade alarmante, as campanhas preventivas são frequentes e os preservativos podem ser conseguidos gratuitamente nos postos de saúde administrados pelas prefeituras e pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Grávida sem estar física e emocionalmente preparada, o sofrimento da adolescente é grande, a começar pelos riscos à sua saúde. A menina nesta situação pode contrair hipertensão, anemia e infecção urinária; a desproporção entre a cabeça da criança e a pelves da mãe impede o parto normal, e ainda pode ocorrer parto prematuro, aborto, morte no parto, sendo que isto é a sexta causa de morte entre adolescentes, além do suicídio.

Estudos mostram a extrema dificuldade em adaptar-se à nova condição, gerando muita ansiedade, depressão e hostilidade.

E juntamente com isso, existem as outras consequências que marcam a vida da adolescente. Geralmente ela abandona a escola e seus projetos profissionais, afastando-se dos amigos, e ainda terá dificuldades sexuais no futuro. Sem o devido preparo, acaba sendo excluída do mercado de trabalho.

E o bebê que está sendo gerado? Muitas vezes, o exame pré-natal começa a ser feito tardiamente porque a gravidez é escondida da família o máximo possível, quando não chega ao parto sem nunca ter feito qualquer exame.

Devido às condições da mãe, o bebê pode nascer abaixo do peso e com doenças respiratórias, além de muitas vezes sofrer rejeição e até maus tratos. Esta é uma realidade dura e frequente. Infelizmente, a história da maioria das adolescentes que engravidam é essa. Claro, que uma parcela delas pode contar com o apoio da família, não abandona a escola e tenta seguir com seus planos iniciais, mas isso é a minoria.

O pai adolescente, quando assume a sua responsabilidade, também tem a sua vida modificada e o que acontece geralmente é ele abandonar a escola e seus projetos profissionais, uma vez que precisa trabalhar (e muito!) no que for possível, pois tem uma família para sustentar.

Nunca se divulgou tanto como evitar a gravidez não planejada. No entanto, continua alto o índice de gravidez na adolescência. A principal razão, aponta os especialistas, é que é comum o adolescente comportar-se de maneira inconsciente, imprevisível ou irracional. E ainda outros fatores, a cada década a primeira menstruação (menarca) tem vindo quatro meses mais cedo, aumentando o tempo de exposição da adolescente ao risco de gravidez, a irregularidade dos ciclos menstruais dificultam o planejamento; filhas de mães que iniciaram vida sexual precocemente ou engravidaram ainda adolescentes tendem a repetir a experiência; desagregação familiar, permissividade, falta de limites, de diálogo e confiança entre pais e filhos; irmãos mais velhos com vida sexual ativa.

Sem contar os fatores complicadores, como o exagero da erotização pelos meios de comunicação, especialmente a televisão; maior aceitação social do sexo antes do casamento e na adolescência; baixa escolaridade e desinformação de pais e adolescentes sobre reprodução humana e o uso correto dos métodos contraceptivos.

Triste realidade de muitas meninas por este Brasil afora.

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