03 de março | 2013

As mil e uma faces de uma atriz

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Na melhor versão de Cleópatra, Darlene, a personagem de Marília Pêra em “Pé Na Cova” festeja o Carnaval no bairro do Irajá / Alex Carvalho-RG

 

 

Marília Pêra na pele de Darlene, uma maquiadora desempregada que sobrevive maquiando defuntos. A atriz novamente tem a oportunidade de mostrar a sua versatilidade como atriz, em “Pé na Cova” /Alex Carvalho-RG

 

 

 

A última participação de Marília Pêra nas novelas foi em “Aquele Beijo”. O autor da trama, Miguel Falabella, criou uma personagem especialmente para a atriz, Maruschka, uma mulher de mil faces e capaz de muitas vilanias. Nada a ver com a atriz na vida real. Marília Pêra é totalmente do bem.

Esta espécie de parceria com Miguel Falabella está se repetindo no humorístico “Pé Na Cova”, também de autoria dele e que tem a atriz na pele de Darlene, uma mulher sofrida, um tanto quanto decadente, mas que não se deixa vencer pelas adversidades.

O seriado estreou como uma promessa de sucesso decepcionou um pouco os telespectadores, fato refletido nos índices de audiência, mas a explicação pode estar no horário em que vem sendo exibido. Todas as quintas-feiras, depois do “Big Brother Brasil”, é muito tarde! Precisa ousadia para fazer da morte motivo de chacota e esta é a proposta de Miguel Falabella e seu “Pé Na Cova”: fazer rir.

Darlene, a personagem de Marília Pêra, é a ex-mulher de Ruço (Miguel Falabella), uma maquiadora que já teria tido seus dias de glória e atualmente sobrevive maquiando defuntos. Difícil descrever a performance da atriz em cena, equilibrando-se entre o copo e o cigarro. Nada mais incorreto, diria o telespectador antenado, mas trata-se de uma caricatura e na faixa de horário em que é mostrado, teria a permissão para mostrar tão péssimos hábitos.

Marília Pêra parece ter encarnado a alma da personagem, uma mulher dura, mas que se desmancha em ternura quando o assunto é a filha ou o próprio ex-marido.  

Marília Pêra dispensa apresentação. Talentosa, é um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira. Aos 70 anos de idade, a atriz exibe forma física e fôlego invejáveis. Ela mesma conta que fica atenta para estar sempre magra e por isso não descuida dos exercícios e opta sempre pela alimentação saudável e equilibrada.

Marília Pêra nasceu no Rio de Janeiro, no dia 22 de janeiro de 1943, na casa dos atores Manoel Pêra e Dinorah Marzullo, pertencentes à companhia teatral Henriette Morineau. Marília Pêra pisou no palco aos 4 anos de idade, ao lado de seus pais, e jamais deixou a vida artística. Dos 14 aos 21 anos, dedicou-se a carreira de bailarina e foi em 1965 que estreou na televisão, interpretando a Carolina, na novela “A Moreninha”.

A partir daí, praticamente emendou uma novela à outra, intercalando com trabalhos no teatro e no cinema.

Discreta quanto à sua vida pessoal, a atriz foi casada com Paulo Graça Mello, já falecido e pai de seu primeiro filho Ricardo, que é músico e ator. Depois, ela casou-se com o jornalista Nelson Motta com quem tem duas filhas, Esperança e Nina. Desde 1998 está casada com o economista Bruno Faria.

Considerada pela crítica uma atriz completa, Marília Pêra consegue encarnar diversos tipos de personagens com maestria, dona de um timbre de voz peculiar consegue falas que vão do dramático ao mais profundo escracho, o que faz de seus personagens tipos inesquecíveis.

Além de atriz, Marília Pêra também é produtora e diretora de teatro. Sob sua batuta, a peça "O Mistério de Irma Vap", estrelada por Ney Latorraca e Marcos Nanini ficou em cartaz durante dez anos. Ela também dirigiu um dos shows da cantora Wanessa.

Uma de suas façanhas no teatro foi fazer "Mademoiselle Chanel", no qual ela encarnou a famosa estilista. Vale lembrar que foi sucesso de público aqui no Brasil e na França, terra-natal da personagem real. E depois, magistralmente fez Carmem Miranda também no palco.

Na mesma proporção em que trabalhou no cinema e na televisão, tem sido a sua atuação no teatro. O reconhecimento veio através da conquista de alguns prêmios tais como os prêmios "Associação Paulista de Críticos Teatrais", "Governador do Estado" e "Molière", em 1969, por sua atuação em "Fale Baixo Senão Eu Grito", de Leilah Assumpção, no qual também foi produtora. No ano de 1971 ganha mais um "Molière" por causa de "Apareceu a Margarida", de Roberto Athayde e dirigida por Aderbal Freire. Seis anos depois, recebe o prêmio "Mambembe" pelo desempenho em "O Exercício", de John Lewis. Ganhou ainda o prêmio da crítica americana pelo filme "O Pixote". Em 1983 ganha outro "Mambembe" por "Adorável Júlia" e um ano depois leva mais um "Molière" pela sua atuação e produção de "Brincando Em Cima Daquilo".

Foi ainda premiada com dois Kikitos de Ouro no Festival de Cinema de Gramado por "Bar Esperança" (1982) e "Anjos da Noite" (1986) e ainda no Festival de Havana por causa de sua atuação em "Tieta do Agreste" (1996).

Um de seus últimos trabalhos no cinema foi em “Polaróides Urbanas”, outra parceira com Falabella; trata-se de um filme no qual ela interpreta duas irmãs gêmeas.

Férias é uma palavra que parece não caber no vocabulário de Marília, ela sempre está envolvida em algum projeto artístico, afinal nasceu para brilhar.

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