26 de outubro | 2015

Astúcia e sedução marcam a nova minissérie da Globo

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Patrícia Pillar e Selton Mello são os protagonistas de “Ligações Perigosas”, na pele de Isabel D´Ávila de Alencar e Augusto de Valmont. Ela, uma mulher fina e educada, mas que esconde uma personalidade perversa e calculista, enquanto que ele é um bom vivant que adora o jogo da sedução / Caiuá Franco-RG


Um dos últimos trabalhos de Selton Mello na televisão foi em 2011. Depois se dedicou à direção de produções e ao cinema. Na minissérie “Ligações Perigosas”, ele aparece novamente na telinha interpretando personagem ambientada na década de 1920. / Caiuá Franco-RG

 

 

De olho na concorrência e interessada em ter de volta a antiga supremacia na teledramaturgia, a Globo investe cada vez mais em suas produções, muito embora a ordem da cúpula seja “enxugar” os custos, uma vez que a crise não está poupando ninguém. Enfim, economizando ou não, a minissérie “Ligações Perigosas” promete ser uma megaprodução que tem estreia marcada para janeiro de 2016.

O texto é uma adaptação de Manuela Dias, com supervisão de Duca Rachid, do roteiro do filme “Ligações Perigosas” (“Les Liaisons Dangereuses”), produzido na década de 1980, nos Estados Unidos. Trata-se de num clássico da literatura francesa e marca o início do romance moderno na literatura mundial que também ganhou versões para o teatro e agora será contado na televisão, numa série de dez capítulos. “É a adaptação mais longa já feita até agora. Todas as outras tiveram que condensar um livro de mais de quinhentas páginas em cerca de duas horas. A minissérie vai conseguir mostrar, por conta do formato, mais do que filmes e peças conseguiram até hoje”, afirma o diretor Vinícius Coimbra.
A autora Manuela Dias escolheu trazer a história para o Brasil de 1928. “A década de 1920, com seus ‘anos loucos’, é um grito de liberdade. Pudemos dar aos protagonistas uma personalidade arrojada usando bases históricas – eles são personagens avant garde numa cidade pequena no sudeste do Brasil”. O diretor acrescenta: “É uma cidade portuária próspera, com um grande teatro, que recebe influência da cultura europeia. A gente escolheu um lugar fictício para abarcar esses conceitos de luxo e de vanguarda que a gente tinha pensado”. “Ao mesmo tempo, por ser uma época de ruptura de costumes, o eco dos antigos valores tem espaço para ressoar. Essa espécie de ‘pororoca histórica’ fortalece o conflito entre os personagens mais avançados e os mais retrógrados”, completa a autora Manuela Dias.

Mas, afinal, qual é a trama de “Ligações Perigosas”?

Em um ambiente de luxo e sofisticação, um homem e uma mulher estabelecem jogos de sedução sem qualquer compromisso com os envolvidos. Como passatempo, eles tecem planos e metas para provar que não são manipuláveis e descartáveis como os outros, e que podem controlar os sentimentos.

Entre os personagens mais avançados, está Isabel D´Ávila de Alencar (Patrícia Pillar), uma viúva linda, rica e de ótima reputação. Mas, por trás da imagem ilibada, existe uma mulher dissimulada e manipuladora, que usa as pessoas e as descarta quando convém. “Ela não sente remorso nem culpa, e tem um desejo de vingança sobre o sexo masculino que é fundamental pra personagem – o objetivo da vida dela é sobrepor-se aos homens, é exercitar esse domínio sobre eles”, analisa Vinícius Coimbra.
Isabel é amante de Heitor Damasceno (Leopoldo Pacheco), rico comerciante que nunca se casou. Ela se diverte com a convicção de que logo será pedida em casamento. Mas a empáfia desmorona quando Heitor pede a mão da jovem – e virgem – Cecília (Alice Wegmann), sobrinha de Isabel. Ingênua e curiosa, a menina vira um joguete nas mãos da tia, que a usa para se vingar. 
A viúva conta com a cumplicidade do ex-amante, o bon vivant Augusto de Valmont (Selton Mello). Libertino convicto, ele aceita a missão sem se importar com os sentimentos do amigo Felipe (Jesuíta Barbosa), um romântico professor de Música que se apaixona por Cecília (Alice Wegmann). Mas a “tarefa” não é difícil o suficiente para entreter o conquistador, que impõe a si outro desafio: seduzir Mariana (Marjorie Estiano), uma mulher casada e devota que passa uma temporada na Quinta de Consuêlo (Aracy Balabanian), tia de Augusto. Distante do marido, que viaja a trabalho, e à mercê dos galanteios, Mariana passa a viver entre o dilema de resistir ou se entregar. O tormento aguça o interesse de Augusto, que se empenha cada vez mais na conquista. Tanta dedicação acaba tendo efeito inesperado. Augusto se apaixona profundamente por Mariana e acaba conhecendo o amor verdadeiro. 

“Enquanto os personagens estavam setorizados entre a luxúria e a devoção, todos estavam em segurança. O amor é a força desestabilizadora que corrompe e enfraquece Augusto, Mariana, Cecília, Felipe e até a própria Isabel, incapaz de senti-lo de forma plena”, analisa a autora. As relações entre os personagens despertam sentimentos reprimidos, subvertem valores e desconstroem a imagem burguesa de uma vida guiada pela “moral” e pelos “bons costumes”.

As gravações começaram no fim de julho, no Rio de Janeiro, e terminam este mês, na Argentina. Quase trinta integrantes da equipe, dez atores e mais de 600 quilos de malas e equipamentos desembarcaram no último dia 3 em Puerto Madryn, na Patagônia. Como cenário, paisagens deslumbrantes, praias habitadas por pinguins e leões marinhos, e enormes falésias de onde é possível avistar as baleias que visitam a região nessa época do ano.
No final de semana passado, todos seguiram para Buenos Aires e, de lá, para Concepción del Uruguay, onde fica o Palácio Santa Candida, outra locação da minissérie. Fundada em 1847, a construção do arquiteto italiano Pedro Fossati é considerada monumento histórico nacional. Na trama, o palacete pertence a Consuêlo, personagem de Aracy Balabanian, e fica localizado no litoral do sudeste brasileiro.

Cenários e figurinos maravilhosos e uma história instigante, cheia de malícia e sedução são os ingredientes nos quais a Globo está apostando para garantir o sucesso de “Ligações Perigosas”. É esperar e conferir.

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