04 de novembro | 2012

Tony Ramos, um ator de múltiplas faces

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Tony Ramos é um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira. Com mais de 45 anos de carreira, o seu trabalho confunde-se com a história da televisão / Alex Carvalho-RG

 

 

Tony Ramos costuma dizer que não rejeita nenhum trabalho e é digno de nota que todos os seus personagens foram sucesso. Atualmente ele interpreta o empresário Otávio II, na comédia pastelão “Guerra dos Sexos”, personagem que na primeira versão foi do saudoso Paulo Autran / Alex Carvalho-RG

 

O ator Tony Ramos é um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira; ele construiu uma carreira sólida e impõe respeito mesmo que não diga uma só palavra. Analisando o meio artístico, ele figura no rol daqueles que mantém um longo relacionamento com a mesma pessoa, Tony Ramos é casado desde o ano de 1969 com Lidiane Barbosa, o casal tem dois filhos e netos.

Tony Ramos e sua família sempre cultivaram hábitos simples e fizeram questão de manter a vida pessoal bem longe dos holofotes. No ambiente de trabalho, o ator é considerado um colega leal, sempre de bem com a vida e disposto a colaborar com os companheiros de elenco e produção.

Depois de ter feito uma participação especial nos primeiros capítulos de “Avenida Brasil” interpretando o Genésio, personagem que teve final dramático na história de João Emanuel Carneiro, Tony foi convocado para protagonizar o remake de “Guerra dos Sexos” entrando na pele do personagem Otávio de Alcântara Rodrigues e Silva II, o Bimbinho. O mesmo papel foi de Paulo Autran na primeira versão, daí a responsabilidade porque as comparações seriam inevitáveis, mas quando a nova produção entrou no ar, o telespectador que vira a versão anterior entendeu que nada tinha do passado, Tony Ramos deu ao Bimbinho nova personalidade, mostrando a sua versatilidade, ou seja, o ator transita da tragédia para o cômico com naturalidade.

Definitivamente, Tony Ramos é incansável. O ator costuma dizer que não descarta nenhum personagem e que o seu ofício é mesmo representar, deve ser por isso que ele tem praticamente emendado uma novela à outra.

Na novela “Guerra dos Sexos”, Otávio vive às turras com a prima Charlô, papel de Irene Ravache. As brigas camuflam uma enorme paixão que poderá ser concretizada nos capítulos finais da história de Silvio de Abreu. Mas, enquanto isso não acontece, o telespectador se diverte com as trapalhadas de Otávio que tem comportamento dúbio, meio cafajeste e meio gentleman. O bigode fora de moda é a marca registrada de Bimbinho.

O público se delicia com a performance de Tony Ramos na novela. Show de interpretação deste talento comprovado ao longo de mais de 40 anos de carreira.

E o que dizer do filme “Se Eu Fosse Você 1” e “Se Eu Fosse Você 2”, “estouros” de bilheteria e que deverá ganhar uma terceira edição, tamanho é o sucesso que alcançou.  

Nascido Antônio de Carvalho Barbosa, em agosto de 1948, na cidade paranaense de Arapongas, Tony Ramos manifestou seu lado artístico ainda na adolescência, tanto que sua estreia em novelas foi em 1965. Sem dúvida, é um dos mais importantes atores nacionais, alcançando a fama principalmente por seu trabalho em telenovelas. O nome americanizado, Tony, era um costume da época em que estreou na carreira artística, e Ramos é o sobrenome de um parente.

Quando criança, sua família mudou-se para São Paulo e a vontade de ser ator surgiu ainda na infância, quando assistia aos filmes de Oscarito e desejava ser como ele. Aos 14 anos, fez sua estreia na televisão, atuando em esquetes no programa "Novos em Foco", na extinta TV Tupi. Ainda nessa emissora, fez sua primeira novela, "A Outra", de Walter George Durst. Aos 16 anos, participou da dupla musical Tony & Tom, que chegou a se apresentar no programa "Jovem Guarda". Vale lembrar ainda sua atuação em "Vitória Bonelli", uma das últimas novelas exibidas pela TV Tupi.

No ano de 1977, transferiu-se para a Rede Globo, em que consolidou uma carreira de sucesso, tendo estreado em "Espelho Mágico". Passou, então, a morar no Rio de Janeiro. Dentre seus memoráveis personagens, encontram-se: o filho de Dona Santa em "Nino, o Italianinho" (1969); André Cajarana, que lutava para provar a inocência do pai, em "Pai Herói" (1979); Tom, contracenando com Sônia Braga, em "Chega Mais" (1980); os gêmeos João Victor e Quinzinho, de "Baila Comigo" (1981); Riobaldo, o jagunço que se apaixona por Diadorim, interpretada por Bruna Lombardi, em "Grande Sertão: Veredas" (1985), minissérie adaptada da obra de Guimarães Rosa; Tonico, um tipo amoral, em "Bebê a Bordo" (1988); José Clementino, um dos poucos personagens que fogem à linha de bom moço na carreira de Tony, em "Torre de Babel" (1998); Miguel, o livreiro romântico, espetacularmente contracenando com Vera Fischer, em "Laços de Família" (2000); Manolo, outro personagem que fugiu um pouco do seu estilo em "As Filhas da Mãe", protagonizando cenas "calientes" com Cláudia Ohana; o Theo, em "Mulheres Apaixonadas" (2003); o Coronel Boanerges, em "Cabocla" (2004); o mulherengo Antenor Cavalcanti, em “Paraíso Tropical”; o indiano Opash, em “Caminho das Índias”, contracenando memoravelmente com Eliane Giardini, Laura Cardoso e Lima Duarte; e um dos seus últimos trabalhos foi fazer o Antonio “Totó” Mattoli, em “Passione”.

Tony Ramos conquistou o prêmio de Melhor Ator da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) por sua atuação como José Clementino, de "Torre de Babel", personagem polêmico, que iniciou a história preso, por ter assassinado a mulher ao descobrir que ela o traía, e depois se regenerou ao lado de um novo amor, Clara, interpretada por Maitê Proença. Além disso, pelo mesmo papel, foi eleito o Melhor Ator de 1998 segundo a pesquisa InformEstado.

Na Rede Globo, Tony também participou do programa "A Comédia da Vida Privada" e apresentou o "Você Decide". Além das telenovelas, atuou em mais de 80 teleteatros e mais de 20 peças, destacando-se: "Quando as Máquinas Param" (1970), de Plínio Marcos; "Cenas de um Casamento" (1997), de Ingmar Bergman, em que contracenou com Regina Braga; o musical "Meu Refrão Olê Olá", baseado na obra de Chico Buarque, no qual interpretou o travesti, Geni. No cinema, atuou em "Pequeno Dicionário Amoroso" (1997), de Sandra Werneck; "Bufo & Spallanzani" (2000), dirigido por Flávio Tambellini, dentre outros. Conquistou o prêmio de Melhor Ator no Festival de Gramado por seu trabalho em "Bufo & Spallanzani" e no “Se Eu Fosse Você” e “Se Eu Fosse Você 2”.

Esta é a trajetória de um ator de sucesso, um homem bem sucedido na vida pessoal também. Dias atrás, Tony Ramos ganhou espaço na mídia ao ser surpreendido em sua casa em Búzios, litoral do Rio de Janeiro. Ele descansava no local com a mulher e os netos quando foi “descoberto” pelos fãs que não se acanharam e o assediaram no portão da residência. Como já é do seu comportamento, Tony atendeu a todos, sem exceção, tirou fotos e deu autógrafos, com calma e educação. Esse é o verdadeiro artista, aquele que reconhece que sem o público, ele não seria nada.

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