24 de agosto | 2021

“Tornar-se Negro” foi pioneiro ao conectar a psicanálise com a questão racial

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Amazing Grace

“Amazing Grace” narra a história de Jack, um rapaz com dificuldade de encontrar a felicidade e de enxergar graça no seu dia a dia. Até que ele conhece Grace, uma garota que finalmente faz seus olhos voltarem a brilhar. Desta vez, Jack acredita que realmente vai conseguir momentos verdadeiramente especiais, e um tipo de amor que ele nunca achou que fosse conhecer.

Mal sabia ele que uma grande tragédia iria bagunçar sua vida de novo – mas, ao mesmo tempo, dando-lhe uma chance de descobrir o que é, de fato, ser feliz. Primeiro romance do escritor e jornalista Rafael Calixto, “Amazing Grace” traz enredo ficcional romântico com a história de Jack e Grace, um casal que vivencia problemas que divergem do amor romântico, dando a ele uma perspectiva verosímil.

Depressão, abuso de drogas e perdas são algumas das temáticas que aparecem ao longo da história. A obra distribuída pela editora Chiado Books na versão impressa e digital apresenta o autor brasileiro de escrita densa, aprofundada e bem construída ao mercado literário nacional. Rafael, que possui especializações e grande bagagem no estudo e produção de técnicas de storytelling acredita no potencial de textos modernos e que fogem do padrão usual para conquistar a atenção dos leitores. Ao entregar tudo o que se espera de um romance, “Amazing Grace” explora a capacidade das personagens de encontrar possibilidades para o amor, mesmo em meio às adversidades.

O título, que aborda o papel da saúde mental, mostra que o potencial de toda história de amor está em sua construção e não no desfecho. “O livro possui um enredo que não se assemelha muito aos recentes romances lançados na categoria e acredito que o resultado final tenha expressado muita personalidade, em um modelo de escrita contemporâneo e que vai prender o leitor. Além disso, acredito no potencial do livro para retratar o amor como ele realmente é, com foco na jornada e não nos finais repletos de clichês”, afirma Calixto. O livro tem 354 páginas.

 

Política é Para Todos

O que é uma democracia e para que serve uma constituição? Quais são as atribuições de cada uma das três esferas de poder e como garantir que elas se mantenham em harmonia? Como funcionam as eleições e qual a importância das fake news nesse cenário?

Em “Política é Para Todos”, a advogada e apresentadora Gabriela Prioli responde a essas e outras questões imprescindíveis para a compreensão do funcionamento da política – sobretudo a brasileira –, mas que muitas pessoas têm receio ou vergonha de perguntar.

Com a linguagem descomplicada que fez dela uma das personalidades mais populares do país, a autora mostra como cada um de nós pode se engajar para construir a sociedade que queremos, debatendo os assuntos relevantes com opiniões próprias e argumentos racionais. Com 272 páginas, o livro é da Editora Companhia das Letras.

 

Injustiçados

O livro “Injustiçados” trata de um assunto tabu que passou as últimas décadas no limbo da história brasileira: as execuções que ocorreram dentro dos grupos de luta armada durante a ditadura militar. Tendo como fio condutor os casos de quatro militantes injustamente considerados traidores do movimento revolucionário, Lucas Ferraz faz um corajoso relato de um tema que até hoje é motivo de disputa e silenciamento.

Com base em documentos, cartas e depoimentos de guerrilheiros, familiares das vítimas e militares, o autor narra os “justiçamentos” cometidos dentro da guerrilha e seu contexto – as infiltrações dos serviços secretos do regime, a disparidade de poder entre a repressão e a guerrilha, e seus personagens-chave.

Mais importante, Ferraz recupera a história e o nome das vítimas: Márcio Toledo, Carlos Alberto Cardoso, Francisco Alvarenga e Salatiel Rolim. Julgados à revelia, condenados à morte e assassinados por seus próprios companheiros, eles ganham aqui finalmente uma memória histórica. Com 256 páginas, o livro é da Companhia das Letras.

 

Tornar-se Negro

Publicado originalmente em 1983, “Tornar-se Negro” foi pioneiro ao conectar a psicanálise com a questão racial. De forma inovadora e potente, a psiquiatra e psicanalista Neusa Santos Souza dedicou um estudo acadêmico à vida emocional de negros e negras, justificado pela absoluta ausência de um discurso nesse nível elaborado pelo negro acerca de si mesmo.

Partindo da própria experiência de ser negra numa sociedade de hegemonia branca, Neusa analisa uma série de depoimentos dados a ela, assinalando neles as consequências brutais do racismo e da introjeção do padrão branco como o único caminho de mobilidade social para o negro.

São histórias de vida de dez personagens que se autodefinem e falam das estratégias para a ascensão, cujo custo emocional é o da sujeição, negação e apagamento de suas identidades, sua cultura e seus corpos. Intelectual brilhante, Neusa Santos Souza deixou imensa contribuição para o movimento negro e a prática psicanalítica.

Reeditar “Tornar-se Negro” é reacender o seu legado, manter viva a sua memória. Com 176 páginas, o livro é da Editora Zahar.

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