25 de maio | 2008

Falta de arquitetura adequada compromete período integral

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 O professor, escritor e historiador Ivair Augusto Ribeiro (foto) é de opinião que a falta de uma arquitetura mais adequada que dê mais conforto aos alunos, pode comprometer os resultados finais do período integral, adotado a partir do início do atual ano letivo, na rede municipal de ensino de Olímpia.

Aliás, a opinião vai de encontro ao que vem sendo questionado por muitos pais, alguns que, inclusive, embora não tenham obtido sucesso já buscaram na justiça tentar acabar com a obrigatoriedade.

"A questão da obrigatoriedade é bastante polêmica, mas uma vez que a freqüência do aluno na escola é determinada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja, o aluno tem que obrigatoriamente freqüentar a escola, ele sem dúvida tem que obrigatoriamente freqüentar o período integral", observa.

O que ocorre, segundo ele, é que o período integral onde foi implantado, inclusive em Olímpia, não acompanhou os padrões que se pode esperar que venha a obter resultados realmente satisfatórios.

"Foi algo implantado ‘a toque de caixa’ (sic) e sem discussão com a comunidade, sem uma preparação prévia e adequação arquitetônica que realmente contemplasse o conforto dos alunos para permanecer o período todo na escola. Portanto, nesse aspecto, pesa a negatividade do período integral, não só em Olímpia, como em outros lugares onde eu tenho conhecimento da implantação desse período integral", comentou.

Porém, afirma que o período integral nas escolas é essencial para que o Brasil comece a sonhar em ser uma nação mais justa e "menos desigual e estar entre as nações mais desenvolvidas do planeta. Não existe nenhuma nação desenvolvida na face da terra que não adote o período integral, portanto, é fundamental que o Brasil passe a discutir com mais seriedade essa questão do período integral, pois só assim poderemos começar a ter alguma probabilidade de ingressarmos no mundo das nações desenvolvidas".

SEM BENEFÍCIO

Ribeiro diz que é difícil avaliar, pelo curto período de tempo que está em prática em Olímpia, se surtirá os efeitos desejados. "Pelo que tenho escutado e observado pela maneira que foi implantado em Olímpia, não vai contemplar e transformar os alunos, ou seja, não vai dar o melhor preparo para os alunos enfrentarem a continuidade dos estudos e a disputa no mercado de trabalho", avalia.

Ribeiro conta que está trabalhando com alunos que deixaram a escola onde estudavam por ter período integral e que não vê diferença quando comparado aos que têm apenas o período parcial na escola onde leciona.

Por outro lado, diz que a alfabetização tem deixado a desejar: "Posso avaliar partindo dos alunos que eu tenho do ensino fundamental II (de 5.ª a 8.ª série) e ensino médio: nós temos muitos alunos cuja alfabetização deixa muito a desejar, em decorrência da herança que tem do ensino fundamental I que é da pré-escola a quarta série".

Para ele, no ensino fundamental I, atualmente com cinco anos – vai da pré-escola à quarta série, este período deveria ser dedicado quase que exclusivamente à alfabetização do aluno, porque este passaria a concorrer em pé de igualdade com os demais.

"E a questão de ensinar história, geografia e outras disciplinas, poder-se-ia muito bem legar ao professor especialista que o aluno encontrará a partir da quinta série. Se o aluno sai semi-alfabetizado da escola de 1.ª a 4.ª série que freqüenta, está condenado ao fracasso no restante da sua vida escolar", avisa.

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