De acordo com a psicóloga Roberta Patrícia Marreto (foto), há vários fatores que podem desencadear na tentativa de suicídio. No entanto, ressalta que a falta de um atendimento adequado, como, por exemplo, o acompanhamento psicológico logo após o atendimento clínico, pode levar a pessoa a tentar a morte pela segunda vez.

"Pessoas que já tentaram o suicídio podem tentar novamente durante os três primeiros meses que sucedem a primeira tentativa. A porcentagem de ocorrer uma segunda é muito alta. Por isso a família tem que ficar muito atenta", observa. Patrícia reforça que não há "aquela velha história de quem fala não faz. Dentro da ciência psicológica quem fala faz, porque quem fala está pedindo socorro na verdade".

A psicóloga lamenta, inclusive, a falta do PSF (Programa de Saúde da Família) no município de Olímpia. O programa prevê profissionais como psiquiatras e psicólogos que vão até os bairros e podem detectar possíveis tentativas de suicídios. "Isso ajuda muito, porque, de repente, a pessoa está precisando de alguém que a motive a procurar ajuda", justifica.

Às vezes a pessoa desconhece que há tratamento específico e a ação do PSF age na prevenção e caso seja necessário, pode encaminhar a pessoa ao ambulatório de saúde mental. Ela lamenta também que as próprias Unidades Básicas de Saúde (UBS) não estão dotadas de profissionais que atuem na área.

Além disso, destaca a necessidade de um atendimento de um psicólogo ou psiquiatra que permaneçam no sistema de emergência ou mesmo na Santa Casa. "A pessoa que tentou suicídio chega lá, é medicada ou faz uma lavagem estomacal, e é mandada de volta pra casa e não é encaminhada a um tratamento", justifica. Essa é uma maneira de, pelo menos, tentar evitar a segunda tentativa. "Porque a chance de tentar a segunda é muito grande", repete.

A paciência da família e amigos também é importante. "A pessoa não quer saber de falatório (sic) na cabeça dela ou de conselho. Pelo contrário, quer alguém que tenha paciência e que goste dela realmente e esteja disposto a ouvi-la. Ela quer falar que está pedindo socorro, porque não está bem e não está dando conta do sofrimento dela", avisa.