A família de Tamires Perpétua de Lima (foto à direita), de 26 anos de idade, que recebeu um fígado novo na segunda-feira, dia 4, iniciou uma campanha com a finalidade de conseguir doadores para repor o sangue utilizado durante a cirurgia realizada no Hospital de Base (HB), de São José do Rio Preto. Ela é moradora de Olímpia e recebeu o órgão de um doador de Diadema, que teve morte cerebral constatada no mesmo dia.

O pedido está sendo feito pela irmã dela, Queli Perpétua de Lima (foto à esquerda). Segundo ela, Tamires usou as 100 bolsas durante o transplante e até nesta quinta-feira havia reposto pouco mais de 10 bolsas.

“Você pode fazer uma campanha pra Tamiris receber sangue? Para todos que lerem em Olímpia virem para doar em Rio Preto. Não pode (a doação) ser ai (Olím­pia). Tem que dar o nome dela completo”, pediu a diretora desta Folha da Região, Bruna Arantes.

O local para doação é na Avenida Jamil Feres Kfouri, nº 80 – Jardim Panorama, Rio Preto. “Esse o endereço. Estamos rezando com toda fé”, afirmou. Queli contou que a irmão está melhorando aos poucos, mas ainda está na UTI (Uni­dade de Terapia Intensiva) do HB.

De acordo com o médico Renato Silva, ela permanece na UTI, mas já respirava sem a ajuda de aparelhos e está se recuperando normalmente da cirurgia.

Comemorando a recuperação de Tamiris, Queli fez um pedido. “Graças a Deus minha irmã está muito bem, mas gostaria de pedir que as pessoas viessem ao hemo­cen­tro doar sangue. É a melhor forma de colaborar para salvar a vida de outras pessoas”, afirma a jovem.

PEDINDO COMIDA

Queli contou ainda que assim que a irmã foi desentubada, a primeira coisa que fez foi beijar a mãe e o marido e fazer sinal com a mão dando a entender que estava com fome. “Isso nos deixou muito aliviados. Mostrou que ela está mesmo bem”, afirmou.

O fígado transplantado em Tamiris foi doado por um jovem de 24 anos, morador de Diadema, que teve paralisia cerebral e morreu na madrugada de domingo, dia 4. Segundo a família, foram 10 anos a espera de um órgão novo. Desde os 16, ela vive uma doença degenerativa no fígado.

“A minha fé move moinhos. A gente sempre esperou esse momento”, diz a irmã Queli Perpétua de Lima, que passou a segunda-feira vestida em camiseta branca, com uma enorme imagem de Nossa Senhora Aparecida bordada na frente do peito.

Queli tem certeza de que a santa trouxe o fígado de tão longe para sua irmã. “Há sete anos fiz a promessa em Apa­recida e, no final de semana passado eu vol­tei lá. O presente chegou rápido. Só tenho a agradecer essa família”, afirma.

Na manhã da segunda-feira, às 7 horas a equipe médica do Hospital de Base telefonou avisando Tamires. “Ela manteve o jejum da noite e veio correndo”, conta a irmã, moradora de Rio Preto. O órgão foi encaminhado pela Central de Transplantes, que funciona em São Paulo.

O fígado foi captado por uma equipe médica do Hospital Bandeirantes, em São Paulo, saiu da Capital por volta das 13h30, em um avião turbo hélice, e chegou em Rio Preto por volta das 14h45, na base aérea da Polícia Militar. Por lá, um motorista do HB aguardava para levar o órgão até o hospital.

Tamiris é portadora da Doença de Wilson, que acumula em órgãos e tecidos, principalmente fígado e cérebro. Desde os 16 anos, a jovem não sabe o que é comer aquilo que tem vontade e passear longe de casa.

“A primeira coisa que eu quero fazer é levá-la para o Rio de Janeiro, para conhecer a praia. Ela também vai poder comer tudo o que quiser. Hoje, tudo o que ela pode de sal é uma tampinha de caneta. Não pode comer o que as pessoas da mesma idade comem”, relata Queli.

Nesses 10 anos de espera Tamiris foi internada e teve altas de se perder as contas. Chegou a abandonar o tratamento. “Ela ficava muito revoltada”. Parou os estudos e não trabalha, pelo corpo debilitado. Há dois anos, retornou para o acompanhamento no HB.