06 de junho | 2021

Internos denunciam Clínica por tortura e cárcere privado

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Engenheiro disse que foi torturado com golpes de mata-leão, chegando a perder a consciência; que foi humilhado e ofendido; teve os cabelos cortados contra a sua vontade e muita pressão psicológica. Internos disseram que passaram por intenso sofrimento físico e mental durante o período de internação.


Foi instaurado inquérito policial na delegacia de polícia de Olímpia, por determinação do delegado Rodrigo Souza Ferreira, para apurar denúncia de eventuais crimes de sequestro, cárcere privado e tortura, que estariam sendo praticados contra internos de uma clínica de tratamento de dependentes químicos, instalada no município de Olímpia.

A denúncia foi feita na segunda-feira, 01, por quatro internos da clínica que prestaram depoimentos na delegacia de Olímpia. A polícia civil também já ouviu o proprietário da clínica PHRA, que nega todas as acusações.

De acordo como que consta no registro policial, inicialmente, uma moça de nome Carla, moradora na cidade de Paranatiga/MT, denunciou o caso na Polícia Civil, relatando o que estaria acontecendo com seu companheiro em Olímpia.

Ela contou que recebeu uma carta manuscrita, escrita pelo seu companheiro, denunciando os maus tratos que estaria acontecendo na clínica em Olímpia.

Ela contratou dois advogados que estiveram em Olímpia e comunicaram ao delegado Rodrigo Souza Ferreira sobre as denúncias. Após vistoria na clínica, quatro internos confirmaram as denúncias na delegacia de Olímpia.

TOMAR “DANONE”

Na delegacia um interno, engenheiro eletricista, contou que durante o período de internação ele foi submetido a trabalhos forçados, como lavar banheiros, cavar fossa, capinar e rastelar matos, carregar toras de madeira, entre outros.

O engenheiro disse que foi torturado com golpes de mata-leão, chegando a perder a consciência; que foi humilhado e ofendido; teve os cabelos cortados contra a sua vontade e muita pressão psicológica.

Afirmou ainda na delegacia o engenheiro, que era obrigado a tomar remédios para dormir, misturados em uma solução liquida chamada de “danone”, que os internos eram obrigados a tomar, por bem, ou forçada por, no mínimo, quatro pessoas.

UMA LIGAÇÃO

O mesmo interno (engenheiro eletricista) declarou que os internos tinham direito apenas a uma ligação por mês, de cinco minutos, que era para falar apenas o básico, sendo que a ligação era acompanhada por funcionários da clínica.

Também informou que, durante o período de internação, teve três atendimentos com uma psicóloga e um com uma psiquiatra e que elas tinham conhecimento do que acontecia na clínica. Segunda a polícia, os outros três internos confirmaram o depoimento do engenheiro.

TRANCAS NAS PORTAS

De acordo com a polícia civil de Olímpia, a vigilância sanitária teria constatado a existência de trancas nas portas dos quartos da clínica, que posteriormente teria sido confirmado pela perícia do IC – Instituto de Criminalística de Barretos. O laudo apenas estará concluído em 30 dias.

Por outro lado, o proprietário da clínica nega todas as acusações feitas e apresentou a documentação do estabelecimento de tratamento de dependentes químicos.

Outras duas testemunhas, um vigilante e um interno, ouvidos na delegacia, confirmaram a negativa do proprietário.

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