01 de julho | 2007

Mecânicos reprovam aumento do álcool na gasolina

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A medida anunciada pelo governo federal, que entra em vigor a partir da segunda-feira, dia primeiro de julho, preocupa não os proprietários de veículos equipados com motores movidos a gasolina, mas também os próprios mecânicos entrevistados nesta semana pela reportagem desta Folha, que reprovam o aumento da quantidade de álcool anidro adicionada à gasolina.

Além da reprovação direta à medida governamental em atendimento à solicitação das usinas, avisam dos problemas que os veículos passarão a apresentar. A medida passa a vigorar a partir da segunda-feira, dia primeiro de julho, quando as distribuidoras de combustíveis estão autorizadas a aumentar de 23% de álcool anidro na gasolina para 25%, dois pontos percentuais a mais do que a que vigorou de novembro de 2006 até agora.

A mudança atende a um pedido das usinas e vai gerar uma demanda adicional de 400 milhões de litros por ano. Com o início da colheita da safra de cana-de-açúcar, a oferta de combustível aumentou, derrubando as cotações do álcool.

Para Julio Donizete Tavares, proprietário da Oficina Mecânica Tavares, o aumento representa, além de mais consumo para os proprietários de veículos movidos a gasolina, também mais corrosão no sistema mecânico e, consequentemente, mais insatisfação do cliente. "Porque ele vai ter muitos problemas com corrosão, falhação, queima de velas. É isso que vai acarretar o consumo de combustível com mais álcool", avisou.

Álcool demais

Tavares avisa também que a realidade pode ser outra bem diferente. De acordo com o que diz, embora haja anuncio da adição de 25% de álcool anidro, muitas vezes o consumidor acaba comprando um produto com um pouco mais de álcool. "Quando a gente faz testes na gasolina sempre apresenta ter um pouco mais", acrescentou.

Entretanto, observa que não há muito que ser feito, principalmente em relação à corrosão do motor. A única medida que indica é procurar estar sempre com o carburador bem regulado, "porque o carro pode começar a afogar, pode começar a mancar, então você vai ter que dosar mais ar junto com o combustível".

Já o proprietário da Oficina Mecânica Menina, Paulo Roberto Campos, que recorda que os carros a gasolina já chegaram a andar com 28% de álcool anidro, adianta que aumentam bastante os problemas com as bombas de combustível, principalmente, as bombas elétricas utilizadas em carros equipados com injeção eletrônica.

Porém, informa que outros problemas podem atingir os carros. "Queimas e desgastes de escapamentos que vão corroer mais depressa porque tem mais água", acrescentou. Os principais cuidados apontados pelo mecânico são totalmente direcionados à limpeza: "troca de filtro de combustível que pode entupir e velas".

Os fatores apontados pelo mecânico Emerson Lucas Ribeiro, funcionário da Oficina RL, estão diretamente ligados ao consumo de combustível: "Vai aumentar o tempo de injeção e queda de regulagem da mistura de oxigênio e combustível e isso aumenta o consumo", avisou.

 

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