26 de outubro | 2014

Olímpia recebe R$ 3,5 mi a mais e não atinge meta do Ideb 2013

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De acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), mesmo recebendo R$ 3.496.730,52 a mais que em 2011 – o equivalente a 23,33% – o município de Olímpia não conseguiu atingir a meta estipulada para 2013. Na avaliação do ano passado, a cidade atingiu a média de 4,8 e ficou abaixo da meta que estava sendo exi­gida pelo Ministério da Edu­cação (MEC), que era de 5,1.

Mais dinheiro e resultado abaixo do estabelecido é a situação de 69 cidades da região de São José do Rio Preto que, embora tenham recebido mais dinheiro – no total R$ 107 milhões a mais em 2013 que em 2011 – pioraram ou estacionaram na educação.

De acordo com a informação publicada pelo jornal Diário da Região, de Rio Preto, os dados mostram que 22 delas tiveram índice menor do que na avaliação anterior, feita em 2011.

Em contrapartida, tiveram, na média, aumento de 26% na verba vinda do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Os números enfraquecem a tese de que mais investimento significa melhoria na qualidade de ensino. Em algumas cidades, o dinheiro repassado pelo Fundeb quase dobrou, e mesmo assim os alunos tiveram fraco desempenho na avaliação do MEC.

ALGO ESTÁ ERRADO

“É óbvio que se o município recebeu mais e regrediu nas notas, algo está errado. A rede pública precisa de uma revisão para saber quais as principais dificuldades enfrentadas. Caso contrário, de nada adianta investir”, disse ao jornal o professor José Marcelino de Rezende Pinto, da Universidade de São Paulo (USP).

Para o professor, que é especialista em políticas educacionais, mesmo com a revisão, é preciso investir mais, porém de maneira correta. “O aumento é pouco se olharmos ano a ano. Por isso a educação não tem um salto de qualidade e as notas oscilam muito. Com um investimento maior, seria possível ter melhores professores”, explica.

DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR

“No meu tempo, lecionava com giz, lousa e apagador e o ensino tinha qualidade. Hoje, com tantos recursos, não tem”. A frase é da coordenadora regional da Apeoesp, Alaíde Nicoletti Pinheiro. Na opinião dela, o recurso da educação é gasto de maneira errada.

A educadora afirma que o ensino público não tem bons índices porque o governo investe em equipamentos, mas desvaloriza os professores. “Eles ficam maquiando essa situação com bônus, mas isso não adianta. Hoje, os bons profissionais não querem trabalhar na rede pública”, disse.

A coordenadora da Apeo­esp ainda diz que é preciso mudança no sistema de progressão continuada. Para ela, o método faz com que o aluno não se esforce e com que os professores fiquem des­mo­­tivados.

OUTRO LADO

Embora a legislação do Fundeb preveja que pelo menos 60% do valor do recurso deve ser utilizado para pagamento de salário de professores e o restante pode ser gasto com despesas gerais do ensino fundamental, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informa que o repasse é empregado para a folha de pagamento de professores e demais servidores, exclusivamente.

Também de acordo com o Diário, a pasta informa ainda, por meio da assessoria de imprensa, que o Estado investe 30% de seu orçamento na Educação, seguindo as orientações do Fundeb.

Quanto ao aumento de repasse por município, os valores são calculados pelo Ministério da Educação com base no Censo Escolar, com o número de alunos de todos os níveis de ensino. A Educação de São Paulo disse ainda que, das 69 cidades que tiveram o Ideb analisado pela reportagem, com exceção dos 12 municípios em que o ensino é municipal, em mais de 75% das cidades a rede estadual garantiu índice considerado “bom”.

A secretaria acrescenta que possui um “currículo oficial unificado em todas as escolas estaduais, que os alunos recebem o caderno do aluno – material de apoio pedagógico bimestralmente –, assim como os docentes contam com o caderno do professor”.

Além disso, os estudantes da rede estadual de ensino são constantemente avaliados, recebem boletins escolares bimestralmente e contam com duas modalidades de recuperação.

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