12 de dezembro | 2006

PF prende advogado olimpiense acusado de corrupção

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Mario Guioto Filho teria ofertado
um milhão de reais para mulher mudar depoimento

O Departamento de Polícia Federal de São José do Rio Preto prendeu na noite da quinta-feira (07) da semana, o advogado Mário Guioto Filho. Ele é acusado de prática de corrupção ativa e envolvimento com uma mega-organização criminosa que envolve empresários, frigoríficos e distribuidora de carnes estabelecidos na região noroeste, desbaratada numa operação que ficou conhecida como "Grandes Lagos".

Sua prisão aconteceu no cumprimento de mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça Federal, depois que policiais federais receberam uma gravação de conversa mantida entre o advogado e a testemunha João Pereira Fraga, numa tentativa de suborno para que mudasse seu depoimento possivelmente em favor do empresário Alfeu Crozato Mazoquatro, acusado de ser um dos mais importantes membros da organização criminosa.

João Pereira Fraga gravou as conversas de um encontro com Guioto e entregou o conteúdo à polícia. Segundo o advogado da testemunha, identificado como O. Honorato pela polícia, o advogado preso o procurou com a finalidade de fazer a proposta. Depois disso, Fraga foi ao encontro, gravou a conversa e entregou o conteúdo a polícia.

O caso vem chamando a atenção na região desde o dia cinco de outubro próximo passado, quando a Polícia Federal desarticulou a mega-organização criminosa. Entre os crimes, os policiais investigam sonegação fiscal e estelionato. As investigações apontam que o esquema ilícito tenha deixado de recolher R$ 1 bilhão em tributos nos últimos anos.

Fazem parte da organização criminosa 159 empresas, incluindo suas filiais. Para se ter uma idéia, apenas cinco delas, segundo a PF, tiveram movimentações financeiras, somadas, de mais de R$ 2,2 bilhões nos últimos cinco anos, sem sequer recolher um centavo de tributos aos cofres públicos.

Ao todo, 173 pessoas já foram identificadas; destas, 109 com prisões decretadas e já presas. Somente no primeiro dia da operação, 91 pessoas foram presas durante a ação, quatro delas em Rio Preto. As funções de cada um no grupo variam entre os "cabeças", os "laranjas", os "gerentes", os servidores públicos, os "facilitadores" e os "taxistas".

A operação, batizada de Grandes Lagos em referência ao apelido dado à região, contou com pelo menos 700 policiais federais distribuídos em diversas cidades, entre elas Rio Preto, Jales, Fernandópolis e Araçatuba.

Início

As investigações tiveram início depois de denúncias de um mega-esquema de sonegação fiscal cometido por um grupo que atuaria na região há pelo menos quinze anos. Foi constatado que nem empresas nem os sócios possuíam qualquer patrimônio em seu nome para honrá-las, indícios de que as pessoas que constavam do quadro societário destas empresas eram apenas "laranjas", e que as empresas fiscalizadas haviam sido constituídas com a única finalidade de sonegar tributos.

Segundo os delegados responsáveis pelo caso, Victor Hugo Alves e Regério Giampaoli, o esquema criminoso contava com cinco núcleos, um deles batizado pela PF como "Núcleo Mozaquatro". O líder apontado pela polícia é o empresário Alfeu Crozato Mazoquatro. Segundo a PF o principal núcleo era voltado em geral à prática de crimes fiscais e contra a organização do trabalho.

Investigações da polícia apontam que o "Núcleo Mozaquatro" constituía empresas em nome de "laranjas" que movimentavam a maior parte do faturamento sem pagar impostos. Entre as empresas do grupo, segundo a PF, se destacam a CM4 Participações Ltda., Frigorífico Boi Rio Ltda. e o Frigorífico Mega Boi. Os outros núcleos identificados pela PF como "Itarumã", "Noteiros", "Taxistas" e "Clientes dos Noteiros", tinham como líderes os empresários João Carlos Altomari, Ari Félix Altomari, Emílio Carlos Altomari, João do Carmo Lisboa Filho e Valder Antônio Alves. Além das cidades do Estado de São Paulo, foram realizadas buscas no Mato Grosso do Sul, Bahia, Minas Gerais e Goiás.

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