10 de novembro | 2019

Prefeitura anuncia a inauguração de um verdadeiro “presídio” sem sombra para abrigar animais de rua

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"Publicaram até foto de dois cachorrinhos
se beijando demonstrando “toda a sua
felicidade” com a nova casa."

 

 

José Antônio Arantes
Tudo começou no final de outubro com as primeiras postagens sobre a proibição de um ex-funcionário terceirizado de visitar os animais e o péssimo estado em que se encontravam os animais de rua recolhidos pela Daemo Ambiental que haviam deixado um antigo abrigo e sido levados para mais uma grande obra que o atual governo teima em não corrigir os problemas e enfiar goela abaixo da população da forma que quer impor. Só que desta vez, as vítimas não conseguem gritar, apenas latir.

Pessoas ligadas a causa animal começaram a postar no Facebook que a construção, embora suntuosa, não teria levado em consideração o seu objetivo principal que é dar conforto para os animais em situação de abandono. A construção do conjunto de “celas” principal está exposto ao sol, de um lado no período da manhã e do outro no período da tarde.

Não existem árvores. O espaço para os animais ficarem soltos é pequeno. Enfim, o local, embora pareça uma grande obra, para os animais pode ser um “presídio do cão” ou “do inferno” mesmo, tamanha a exposição ao calor que já foi atestada por pessoas que estiveram no seu interior, tanto que presenciaram recipientes com água e comida quentes por estarem expostos ao sol e o próprio piso de cimento também em temperaturas elevadas prejudicando os animais.

Após a repercussão negativa na internet, a assessoria do prefeito Fernando Cunha publicou também no Face e em seu site na internet, matéria com montagem mostrando onde os cachorros ficavam anteriormente e onde estão agora, local que aparenta luxo e inclusive tem ares condicionados, mas nas salas da administração e na clínica.

A VERSÃO OFICIAL

Para tentar demonstrar e convencer a população de que os animais estão muito bem mesmo expostos ao calor e chuva, numa construção que não levou em conta o conforto dos animais, publicaram até foto de dois cachorrinhos se beijando demonstrando “toda a sua felicidade” com a nova casa.

Mas nas próprias fotos divulgadas ficaram explícitas a falha do projeto, a falta de sombra, de árvores, ou qualquer dispositivo que protegesse os animais do sol escaldante desta época do ano.

Sob o título “Olímpia ganhará Centro de Acolhimento Animal na próxima semana”, a matéria oficial anuncia como se fosse uma dádiva divina a entrega no novo “Centro de Acolhimento Animal São Francisco de Assis, localizado na Estrada Municipal Vitório Celso Cizotto, co­mo sendo um equipamento planejado para acolher animais abandonados, visando ampliar e melhorar o atendimento à causa animal no município”.

E continua a matéria: “O local é composto por 36 baias com capacidade para abrigar até 100 animais, oferecendo uma estrutura mais adequada, uma vez que o espaço antigo estava abandonado (pelo Daemo e pela prefeitura?) e não era suficiente para atender a atual demanda. As baias têm áreas abertas e cobertas, com disponibilidade de sombra e ambiente para proteger os animais da chuva e do vento (a própria foto mostra o contrário). A obra havia começado em 2013, mas ficou parada por quase cinco anos, tendo sido retomada pela atual gestão no ano passado”.

E vai além a notícia oficial: “O Centro conta ainda com um ambulatório com salas para higienização, atendimento, curativos e anamnese, além de sala cirúrgica para pequenos procedimentos e de repouso para animais debilitados ou em tratamento. Vale ressaltar que toda a estrutura foi construída de acordo com as determinações do Conselho Regional de Medicina Veterinária com investimento de cerca de R$ 600 mil reais em recursos próprios da autarquia”.

Além das declarações com cunho de publicidade, a matéria também assume com todas as letras que não são permitidas visitas ao local (que, então, pode ser considerado como um campo de concentração nazista animal) atendendo orientação do Conselho Regional de Medicina Veterinária.

No entanto, estranhamente a medida foi adotada depois de um ex-funcionário terceirizado que cuidava dos animais no antigo local ter dado a entender pelo Facebook que a nova diretriz da entidade seria a de sacrificar animais, principalmente os que estivessem doentes ou que tivessem sido vítimas de atropelamento. Inclusive, logo após, proibindo o ex-funcionário que se afeiçoou aos animais de visitá-los.

Depois da divulgação do fato pela Rádio Cidade, o funcionário acabou podendo visitar o local, mas após protocolar o pedido na autarquia e se marcado dia para visita.

O que se deduz de tudo isso é que o coronelismo do atual governo chegou a tal ponto que além de ter criado a imagem de não gostar de pobres, agora também pode estar demonstrando não gostar de animais pobres, ou seja, aqueles que são abandonados pelas ruas da cidade.

Isso tudo, quando seria muito mais fácil ter com rapidez corrigido as falhas com mecanismos de maior proteção aos animais e ter facilitado a visitação das pessoas interessadas (ninguém vai querer ir até um local que fica afastado da cidade) possivelmente apenas aqueles que já militam em ONGs ou particularmente pela causa animal.

 

 
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