23 de março | 2014

Professor compara secretária a ditador

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Ao avaliar o resultado de uma reunião que foi realizada após a manifestação da categoria pedindo melhores condições de trabalho, o professor Marcos Zalem Gomes comparou a secretária municipal de Educação, Eliana Antônia Duarte Bertoncello Monteiro, a um ditador fazendo menção ao período no qual o Brasil era dirigido por militares, que ficou conhecido por “Ditadura Militar”.

A comparação foi feita durante uma entrevista que concedeu ao artista plástico e jornalista Willian Antônio Zanolli, na rádio Cidade FM, na terça-feira, dia 18.

“Nós tivemos uma reunião na semana passada com a secretária da educação, nós estávamos em dúvida se a gente estava diante de uma ditadura militar esperando para sermos fuzilados no paredão ou se a gente estava diante de uma secretária de educação que, de educação não tem nada”, comparou.

Antes havia relatado: “Hoje quando estamos lutando por essa causa a dirigente da educação, a Secretaria da Educação, que deveria ser a locomotiva para conduzir essa reestruturação, infelizmente está servindo de bloqueio para a gente. Está servindo de impedimento”. Além disso, afirma que a secretária tenta levar os próprios professores que comanda ao descrédito: “Ela perguntou se realmente o que nós fazemos em sala de aula é digno do salário que a gente ganha”.

“Qualquer pessoa de bom senso está indignada com os acontecimentos recentes. Eu só queria lembrar ao nosso querido prefeito, porque hoje os professores de Olímpia estão lutando pela reestruturação de seu plano de carreira que, na primeira campanha eleitoral dele ele prometeu, disse que se eleito, cumpriria com o plano de carreira”.

Seis anos depois e nada foi feito. O plano de carreira criado em 1996 foi readaptado em 2006. Depois disso nada mais foi feito nesse sentido. “Até hoje não é viável e não existe”, enfatiza.

VICE-PREFEITO

“Como se não bastasse isso, no outro dia fomos repassados para o prefeito em exercício, o vice-prefeito Pimenta, e sabe que ele teve a capacidade de falar para nós? Ele perguntou se o professor quer ganhar igual a um médico. Para a gente se enxergar e ver a diferença que tem entre um médico e um professor. Depois de dizer essa asneira tão grande ele mesmo reconheceu e falou: eu acho que não deveria ter abrido a boca. Acho que estou falando besteira”.

“Como que nós podemos esperar o reconhecimento da população, quando aquele que deveria estar ao nosso lado, nos apoiando em primeiro plano, que é o próprio poder público, nos discrimina, desvaloriza e nos exclui”.

O professor do ensino fundamental tem que ter no mínimo quatro anos de estudos, ou seja, ser formado em pedagogia. Quando tenta lutar pelos seus direitos é desclassificado: “Nós somos perseguidos, julgados de forma errônea. Eles tentam colocar o professor com uma imagem negativa diante da sociedade. A própria Secretaria da Educação tenta passar uma imagem negativa dos professores dentro da sala de aula como pessoas que não exercem a função direito, que não faz por merecer aquilo”.

Diz que trabalha por vocação: “Agora, se eu fosse fazer pelo que eu ganho, as crianças com certeza teriam um prejuízo muito grande na sua formação. Mas cada um antes de falar da questão financeira tem uma vocação, porque outra pessoa não conseguiria. O que a gente mais escuta é a pessoa dizendo: nossa como você tem paciência, como você consegue lidar com 20, 25, 30, 35 crianças gritando na sua cabeça”.

O atual plano de carreira não permite continuar estudando, seja ao menos em um curso de três dias. Se participar marcam faltas injustificadas. Por isso não podem participar da formação continuada ou de curso de especialização.

O professor diz que sempre alegam que a Prefeitura Municipal não tem condições de acrescentar nada. Mas o professor cita, reclamando, da criação de dezenas de cargos comissionados. Contou também que a secretária da Educação não lhe permitiu, embora com um curso do Mec, trabalhar a conscientização da crianças sobre os problemas e perigos das drogas.

PERSEGUIÇÃO E COAÇÃO

Sobre a reunião ele disse: “Fomos perseguidos, coagidos, inibidos. Chegamos a ser chamados de que estamos lutando sem bandeira, que não sabíamos para que lado nós estamos atirando”. O professor entende que a ideologia é a “lei da mordaça”. “Se você for falar alguma coisa prepara que vai ser retaliado”, reforça.

Verdadeira ditadura é outra concepção que tem: “Quando você coloca alguém a frente de uma pasta, no caso da Educação, você espera que ela trabalhe ao lado dos funcionários daquela pasta. Que ela seja um ombro amigo e não um ditador, general, ao ponto das pessoas temerem ela”.

Ainda sobre a reunião afirma que foi tumultuada e que a secretária chegou a gritar com eles: “A reunião não teve produtividade alguma. Não surtiu efeito. Pelo contrário, depois da reunião iniciaram uma campanha de perseguição dentro das escolas, intimidação contra os professores porque o lema dessa Secretaria é perseguir e intimidar ou seja nós ensinamos democracia na sala de aula, ensinamos o livre acesso a divulgação e informação e estamos sendo proibidos de exercer o que nós ensinamos dentro da sala de aula”.

Zalem Gomes não descarta greve dos professores e de acordo com ele, o sistema está atrasado em relação ao desenvolvimento tecno­lógico. Ele reclama de ter de brigar com a lousa e um giz na mão contra a tecnologia que está nas mãos dos alunos: “A escola não está preparada para esse avanço tecnológico”.

Isso, segundo ele, faz com que a criança perca o interesse pela escola. “Como você quer uma escola do futuro se ela ainda está no passado”, questiona.

Contou ainda que as pessoas do primeiro escalão da Prefeitura fazem ameaças de processo administrativo, caso eles continuem fazendo protestos e cobra execução da lei de assédio moral. “Vamos continuar. Não vamos parar”, finaliza.

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