02 de março | 2008

Repórter fotográfico Akira Abe vivia entre duas facções políticas

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 Dentre os vários momentos que viveu registrando a história da cidade, o repórter fotográfico aposentado, Akira Abe (foto), de 91 anos de idade, lembrou de contar que vivia em meio a duas facções políticas da cidade e que embora tivesse sua preferência pessoal, convivia em harmonia com as duas partes.

Ele conta que na época haviam dois partidos na cidade. Um deles o grupo político liderado pela família Lopes Ferras, "Ferrazista" (sic), e outro pelas famílias Furquim e Breda. Ele conta que sempre teve mais simpatia por Valdemar Lopes Ferraz, mas que, mesmo assim, o outro grupo tinha que lhe chamar para registrar os eventos políticos que realizava.

"Porque eu sabia tudo sobre a política e ia fazer reportagem deles também. Tanto churrasco de um, quanto churrasco do outro. É igual você que faz reportagem de um e tem que fazer do outro também. Só que eu fazia o que podia para mostrar o melhor, tanto de um quanto do outro. Ali não tinha nada de política. Era profissão", afirmou.

Assim como se verifica atualmente, a alternância do poder já naquela época causa incertezas às pessoas. Abe relatou as idas e vindas por causa desse ,

Os japoneses tinham ganhado o terreno onde atualmente está construído o Clube da Velha Guarda. O terreno inicialmente seria usado para construir um estádio para o Olímpia Futebol Clube, mas na troca de prefeito os planos foram mudados.

"Fez o Thereza Breda e ficou lá (o terreno) e deram para os japoneses tomarem conta do local. Depois, em troca daquele, deram aquele do Jardim Santa Ifigênia", contou.

Filho de Hanzi Abe e Kiy Abe, naturais de Fukushima-ken, Akira chegou em Olímpia em 1.º de outubro de 1936, começando sua vida na cidade tocando um bar e trabalhando com fotografias.

Mas não sabe quantas fotografias chegou a registrar. "Tirei fotografias durante 61 anos, já fiz de tudo quanto é serviço e tinha dia que ia até no cemitério tirar foto. Qualquer horário, acidente, qualquer coisa, a gente tinha que ir porque não tinha outro e eu era obrigado a levantar à noite", explicou. Com saudades das máquinas antigas, Akira diz que não gosta das modernas.

Durante esse período que vive em Olímpia, Akira teve três endereços. O primeiro foi na antiga rua Jorge Tibiriçá, atual David de Oliveira, 89, antigo Foto Cinderela, onde permaneceu por quatro anos. Depois, durante período quase idêntico, esteve na rua São João e, finalmente, na Nove de Julho, 965 em frente ao antigo Cine Olímpia.

Mas o começo da vida foi na lavoura e somente depois de muito insistir contra a vontade do pai, passou a trabalhar, primeiro com o bar Tókio(foto à cima) e logo depois já com as fotografias, que aprendeu estudando em casa.

 

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