02 de agosto | 2020

A morte de um grande amigo e a chegada do pico da covid-19 em pleno estouro da boiada

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“A pior situação que pode ser vivida quando
se aproxima o caos é saber que este poderia
ser evitado, mas situações alheias
à vontade pessoal levaram a ter que conviver
com o risco iminente e gritante da própria
morte e dos seus e ver toda uma sociedade
apenas tendo como paradigma o
‘salve-se quem puder’”.
Mestre Baba Zen Aranes

 

É A ÚNICA VERDADE …

  absoluta, com certeza nasceu vai morrer. Mas outra interpretação da realidade lógica é de que ninguém está preparado para ela. Mesmo quando o corpo já definha tomado por alguma enfermidade, não dá para aceitar facilmente as célebres desculpas: chegou a hora; foi melhor assim; descansou.

CLARO, SÃO PALAVRAS…

… reconfortantes que até ajudam momentaneamente a amainar o sofrimento que provoca a ausência, a falta, o não estar mais onde sempre esteve, mas não conseguem diminuir o estado de dor que vem da mente e parece que toma conta do coração.

COMO ACREDITAR …

… que, na fase em que o ser consegue adquirir conhecimento suficiente para poder ver o mundo de maneira mais próxima do real e pode alertar principalmente aos que o rodeiam que a maioria não consegue enxergar nem uma ínfima parte do que realmente está a sua volta, muitos nem do que ela mesmo é e pode ser, tenha que partir, abandonar a trincheira, deixar de existir?

E A GENTE SÓ …

… consegue entender e mesmo sentir com intensidade estas situações quando estas ocorrem com pessoas mais próximas de nós. Com aqueles que participaram e ajudaram a construir pontes para a construção de algo positivo para todos que participaram e ajudaram a construir a sua própria história.

NESTAS HORAS …

… conseguimos deixar a roda viva que nos consome e faz com que vivamos dormentes, como zumbis, como robôs, realizando tarefas repetitivas e programadas, na maioria das vezes impostas pelo próprio sistema, sem dar conta dos sentimentos que nos cercam, dos projetos que nos impulsionam e da própria missão a que nos propusemos a cumprir.

ESTA SEMANA, …

… este quixotesco ser que vive a lutar contra os moinhos de vento, ou seja, vive a guerra intensa de tentar acordar sua comunidade deste sono profundo imposto e que é aproveitado sorrateiramente por alguns, perdeu um grande companheiro em centenas de batalhas, cujas histórias estão escritas e um dia poderão ser reavivadas e entendidas pelo menos por alguns poucos que conseguirem despertar desta letargia profunda.

FALECEU NA …

… quarta-feira, o jornalista Luiz Alberto Tófoli, grande parceiro, amigo e confidente de longa data. E, não dá para negar que Sérgio Bittencourt estava coberto de razão ao escrever a música ressaltando a falta que sentia do amigo, no caso o pai, Jacob do Bandolim: “Naquela mesa está faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim”.

E UM DOS MOMENTOS …

… que meu amigo, antes da internação, há mais de 40 dias, mais preocupava, parece que está se aproximando: a chegada do pico da pandemia com a explosão de casos confirmados de covid-19 e, consequen­temente o aumento de casos de óbito, após várias semanas do estouro da boiada, quando grande parte da população começou a não se preocupar com as medidas de contenção e saiu como louca pelas ruas, lotando supermercados, se reunindo sem usar máscara, sem dis­tanciamento, sem lavar ou passar álcool nas mãos em aglomerações insanas, e realizando festas cheias de gente que chegam a durar três dias.

SEGUNDO OS DADOS …

… que estão computados em planilhas feitas pela redação desta Folha, o número de casos confirmados no mês de julho aumentou “simplesmente” mais de 400%. Nos últimos dias foram cinco mortes em menos de seis dias, com uma média próxima de um óbito por dia.

NA QUINTA-FEIRA, …

… foram quase 70 casos confirmados e, embora os leitos de UTI da Santa Casa ainda não estejam totalmente tomados, o número de internações também tem aumentado assustadoramente. Neste dia, 20 pessoas estavam internadas no hospital, 16 de Olímpia e quatro da microrregião.

OS DADOS …

… preocupantes fizeram com que a prefeitura emitisse nota enviada a empresários, empreendedores e ao comércio em geral, apelando para o reforço nas medidas de contenção porque acredita que o período do pico está se aproximando e a situação poderá ser agravada nos próximos 15 dias.

CLARO, TUDO …

… pode acontecer. Meu outro grande irmão falecido recentemente, Nilton Martines, acreditava que conseguiríamos passar pelo pico sem atingir os patamares que outras regiões, por questões geográficas e pelo fato de o prefeito ter tomado as medidas de contenção logo no início da epidemia.

MAS NILTON …

… não viveu para ver o estouro da boiada que começou a ocorrer a partir de primeiro de junho, quando o prefeito regulamentou a fase amarela do Plano do Dória e, ao depois, ao re­gredir, parece que abandonou o barco, pois, in­con­formado com a regressão, deixou até de regulamentar as medidas, deixando a população sem saber ao certo o que deveria cumprir.

ISSO TUDO …

… unido ao fenômeno que faz a boiada ficar impaciente quando confinada por muito tempo e sem a fiscalização efetiva (o choque para se manter no curral) aconteceu o estouro e todo mundo saiu pelas ruas em “desabalada carreira” acreditando que a flexibilização significava que o vírus não chegaria aqui, ou que era uma simples gripezinha (como quer fazer parecer o nosso querido presidente da república das bananas).

PORTANTO, …

… os próximos 15 dias serão decisivos para saber se viveremos o caos que parece se avizinhar, ou teremos a passagem sem muitos estragos que ansiava o grande Niltão.

José Salamargo … torcendo para que todo o esforço realizado nos três primeiros meses de confi­namento do início da pandemia não tenham sido em vão e que o estouro da boiada verificado no início de junho não solidifique situação de desgraça com uma possível onda de milhares de pessoas acometidas pela covid-19 e dezenas de famílias tendo que enterrar os seus mortos sem nem poder tocá-los ou simplesmente dar o último adeus, eis que vitimados por esta terrível doença contagiosa, que pode enganar alguns, mas que ataca indistintamente e é mortal.
 

 

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