10 de novembro | 2019

A narrativa sobre um amigo que “setentou”

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“O que é a vida senão o visualizar
de alguns momentos que não dá
para mensurar. Começa sem a
gente saber e quase sempre
termina sem a gente esperar.
É preciso, então, ser feliz todo
o tempo para do todo aproveitar.
Mas qual seria o melhor conceito
de felicidade que se poderia utilizar?”.
                Mestre Baba Zen Aranes.

DESTA VEZ …
… não vamos refletir sobre os coronéis, sobre a falta de transparência, sobre a aparente desumanidade de alguns no trato com os outros, mas sim, vamos tentar entender quão finita, quão frágil e como é rápida esta tal de vida que faz com que tenhamos que parar sempre, pelo menos por alguns instantes, para cultuar os sentimentos que compõem o nosso próprio existir.

RESPIRAMOS …
… bilhões de vezes para manter todo um sistema complexo de fios (nervos), de peças (órgãos) e, principalmente o sistema de processamento de dados (cérebro) oxigenado. Tudo isso abastecido e alimentado por um sistema energético mais complexo ainda mantido através de sistemas de biomassa, complementado pela extração de força da própria água, que transformados em sangue, além de fazer a manutenção constante de todas as nossas peças (órgãos) também geram a eletricidade (impulsos elétricos) que proporcionam o nosso sentir e pensar, refletir e até caminhar.

SOMOS UMA …
… máquina quase perfeita, em razão disso sempre copiada por cientistas e curiosos que inventaram a informática e, atualmente, tentam ir além com a tal da inteligência artificial.

NO ENTANTO, …

… o mais difícil de se imitar é justamente a parte menos explicável e a mais difícil de controlar na nossa máquina que são os pulsões e até as reações, onde utilizamos o recurso único dos animais, o chamado instinto.

ENTENDERAM …

… alguns que dedicaram boa parte deste tempo finito de cada um a estudar o bicho homem, que a capacidade de pensar e refletir, aliada ao acesso a partes de armazenamento profundo quando estamos em estado de arte, nos faz ter a emoção no lugar do instinto e nos transforma em super-homens e supermulheres quando conseguimos entrar no transe maravilhoso em que aflora a criatividade, a natureza de cada um que, para Nietzsche, emana das profundezas do inconsciente.

PARA ALGUNS …

… a felicidade do homem estaria em desenvolver a sua própria natureza, ou seja, aquilo que consegue fazer evoluir dentro de si e para fora de si com mais habilidade emocional e reflexiva, não apenas prática. Aquilo que é a sua finalidade e por derivação, aquilo que consegue desenvolver com prazer, com alegria e atingir o bem supremo, que seria o bem social, o bem de todos.

ESTE PREÂMBULO …

… tem como finalidade a construção de uma tese, uma narrativa, sobre um ser que conseguiu atingir estágio tal que poucos chegaram, ou seja, o da realização desta virtude, de sua própria natureza, ou daquilo que era a sua finalidade humana.

CHEGOU AO PONTO …

… supremo de ser considerado a última instância em toda uma região na sua arte, na sua virtude. Quando a maioria não consegue resolver, ele entra em ação e realiza a finalidade da sua natureza que é restaurar a saúde do outro.

É SIMPLES: …

… é só a gente tentar refletir sobre quais seres de nossa sociedade podem ser considerados os “papas”, os melhores, os que estão num patamar de verdadeiro mestre em sua arte?

SÃO POUCOS …

… num mundo tão corroído pelo egoísmo e mesmo pela falta de amor ao próximo, em que nos transformamos em seres impiedosos e que julgamos o próximo meramente pelo nosso umbigo. “Se não pensam iguais a mim, não merecem nem viver”.

A VIRTUDE, …

… como desenvolvimento de sua natureza, ou seja, aquilo que você “nasceu para ser”, no sentido figurado e sem o condão do místico, embora formadas pelo aprendizado e pela prática, constroem essa diferença.

E A MEDICINA …

… quando desenvolvida como arte, como aptidão, como sacerdócio, leva ao bem supremo que é o bem do próximo, o bem de muitos e não apenas o bem pessoal. Transforma-se muito mais num ato de entender o outro, de ouvi-lo, de ajudá-lo a se libertar de suas próprias muletas, do que simplesmente prescrever este ou aquele medicamento.

O SER A QUEM …

… este colunista dedica esta reflexão, é uma pessoa comum em seu íntimo, mas um super-homem no desenvolver de suas habilidades. Uma criança no seu coração, mas um mestre quando se debruça sobre o outro e tenta restaurar-lhe a alma para preservar a vida. Um ser que tem defeitos, tem mágoas, tem medos, um homem comum que convive com seus próprios sentimentos, mas que consegue sempre superar tudo para realizar a sua missão.

E ESTE SER …

… passou por momentos de pura confrontação de todos os detalhes de sua própria existência. Viveu o choque de estar do lado oposto. De experimentar na prática e não na imaginação as agruras só vistas através do outro.

ESTE SER …

… que está elencado entre aqueles poucos que a gente realmente pode chamar de amigo, teve que fazer um tratamento intensivo de um problema ainda no início, que não carecia ainda nem de ser eliminado via cirurgia, mas que o levou a colocar em xeque toda uma existência, ao se ver como paciente à frente de outro médico, ou seja, ao se postar do outro lado.

E OS QUESTIO­­NA­­MENTOS …

… que surgiram, nos dias que, convalescendo, sem deixar de praticar a sua arte, teve mais tempo para refletir, foi: será que o que fiz, fiz direito? Será que cumpri da melhor maneira possível o desenvolver da minha arte? Será que minha vida valeu a pena ser vivida?

CLARO …

… que cada um só pode entender o que consegue enxergar, mas com certeza, se este teu irmão pudesse entrar na sua mente e ajudar você a construir suas narrativas, certamente, diria: está escrito na história. Você é um cara que pode olhar pra trás e dizer com certeza que cumpriu a maioria dos requisitos que um dos filósofos gregos do passado entendia como necessária para se chegar ao bem supremo.

VOCÊ FOI E É O CARA …

… na sua arte e foi o ser humano, humano até demais, em sua vida de reles mortal.

ESTE SEU AMIGO/IRMÃO …

… neste momento em que você está “setentando” e voltando para sua terra renovado, com novidades e força total para viver por muitas décadas ainda, só destacaria uma coisa: “continue a ser esta criança de coração grande, sem deixar de praticar e desenvolver com o olhar de mestre esta sua arte milenar.

OU SEJA, …

… continue a ser o que você sempre foi: o cara.

PARABÉNS, …

… amigo, não pelo aniversário, pois após sete décadas sua disposição é comparada a de um adolescente, mas por simplesmente existir e ser membro efetivo de uma comunidade em que você faz a diferença, é um de seus maiores ícones e que recebe em troca o amor e o reconhecimento de todos que o conhecem e já foram ouvidos por você em seu confessionário, que ga­rantiu, garante e garantirá o continuar de muitas vidas.

José Salamargo – cumprimentando com afeto, com amor, o seu grande amigo, o grande irmão, Nilton Roberto Martines.

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